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[ 11 de dezembro, sábado ]

Respiro fundo ao fechar a porta do carro, carregando alguns cartazes com ideias que tive para as fotografias. Não sei por que estou tão nervosa, é só um ensaio para propaganda de roupas em uma loja local; não é como se eu tivesse sido contratada para registrar o desfile da Louis Vuitton. Por outro lado, é meu trabalho de verdade como fotógrafa e Leigh é um cara muito legal, eu não quero decepcioná-lo. Ele está confiando em mim. Fecho os olhos e respiro fundo outra vez, tomando coragem para adentrar o prédio.

Meu plano é tirar as fotos ao ar livre — na pista de skate, mais especificamente. Lá tem várias artes maneiras nos muros que servirão como um ótimo cenário. Mas isso é só para começar. São muitas roupas, então também planejei usar o fliperama e o Hummingbird, pela vibe retrô maneira. Espero que as imagens fiquem tão boas na vida real quanto ficaram na minha cabeça. 

O estúdio fotográfico onde combinamos de nos encontrar não é muito grande, mas acomoda toda a equipe de maquiadores, estilistas e modelos. É mais gente do que eu esperava, e fico parada na porta por um instante. Uau! É como estar em um evento de moda. Ariana ia adorar. Engulo em seco, nervosa. Todo mundo aqui é tão alto e bonito e mais velho, e eu sou só uma baixinha de dezessete anos e aparência comum. Me sinto mais deslocada que o habitual. 

— Ariane! — a voz de Leigh chama minha atenção antes que eu decida fugir. — Bom dia! 

Leigh não está super produzido como todos os outros, o que é um alívio. Ele se aproxima com seu típico sorriso amigável e ao seu lado está uma garota que nunca vi antes. Ela não é tão alta quanto algumas das outras garotas, embora seja maior que eu. Seu cabelo é de um tom castanho claro, seus olhos são grandes e azuis, seu sorriso é digno de um comercial de creme dental e seu corpo tem proporções perfeitas. Ela faria a Barbie chorar. 

— Que bom que chegou, espero que não tenha sido difícil encontrar o endereço. Quero que conheça nossa nova modelo, ela tem a sua idade.

— É um prazer te conhecer — a garota diz, aproveitando a deixa. Até sua voz é bonita. — Meu nome é Debrah. Leigh falou muito bem sobre seu trabalho. É bom ter mais uma adolescente aqui, eu já estava começando a me sentir meio intimidada. 

— Digo o mesmo — sorrio. — Eu sou a Ariane. Vai ser legal trabalhar com você. 

Leigh nos deixa sozinhas quando um dos estilistas o chama, então nós nos acomodamos em duas cadeiras vazias. Debrah me conta que já morou nessa cidade, mas sua família se mudou para a Flórida há poucos anos. Ela trabalha como modelo profissionalmente e ficará na cidade por algumas semanas porque tem mais campanhas para fazer, além dessa. Debrah é muito simpática, e nós conversamos até ela ser chamada para fazer a maquiagem.

— Muito bem — Leigh diz ao retornar. — Quer dar uma olhada no equipamento?

Eu poderia chorar. Não literalmente, mas enfim. Há várias coisas na sala onde Leigh me leva — tipo luzes, baterias e um tripé —, mas só uma coisa chama minha atenção: a câmera. Uma câmera fotográfica profissional com três tipos de lentes diferentes. Tenho certeza que meus olhos brilham enquanto acaricio os objetos com cuidado. Eu nunca tive a oportunidade de usar uma câmera DSLR e estou muito feliz por poder fazer isso. Pesco o celular do bolso traseiro da calça e tiro uma foto dos equipamentos.

“ Quanto tempo de cadeia eu pegaria se roubasse essas coisas? ”

É o que mando para Castiel junto com a foto. Sua resposta não demora muito a chegar.

“ Não sei, mas eu apareceria toda semana para uma visita íntima. Como estão as coisas por aí? ”

“ Tudo bem, por enquanto. O pessoal ainda está se preparando. Estou um pouco nervosa. É um trabalho importante, estão contando comigo... E se eu estragar tudo? ”

“ Impossível, você manda muito bem. Respira fundo e mostra pra essa gente do que é capaz, garotinha ”

Essa mensagem me faz sorrir, mas a que vem em seguida me faz gargalhar.

“ E faça amizades. Modelos são ricos, e o papai aqui está de olho numa guitarra de edição limitada ”

                                       •

Nós nos dirigimos à pista de skate às dez da manhã, fazemos uma pausa para o almoço ao meio dia e continuamos com o trabalho até às cinco da tarde. Tudo corre melhor que o esperado. Acho que alguns modelos não ficaram muito contentes por terem de seguir ordens de uma adolescente, mas todos colaboraram da melhor forma que podiam — principalmente a Debrah. As fotos também ficaram ótimas. Não tão boas quanto as de um fotógrafo profissional, mas excelentes mesmo assim. 

— Eu disse que você faria um ótimo trabalho — Leigh declara quando termino de lhe mostrar as imagens. 

— Obrigada — sorrio. — Confesso que estou surpresa. Não esperava que as fotos ficariam tão boas.

— Tem que confiar mais no seu talento, Ane. Posso te chamar assim? 

— Claro, tudo bem. Você é a primeira pessoa a me chamar assim, normalmente me chamam de “ Ari ”. 

— É mesmo? Gostei disso — ele sorri. — Tenho que ir, agora. Nos vemos amanhã de manhã.

Estou prestes a entrar no carro quando ouço meu nome ser chamado, e me viro a tempo de ver a Debrah correr até mim. Ela diz que acabou a bateria do seu celular, o que a impossibilita de chamar um uber ou um táxi, e o próximo ônibus só passará daqui a uma hora, então pergunta se posso lhe dar uma carona. Sua casa não fica no caminho para a minha, mas aceito ajudá-la mesmo assim. A Debrah tem que estar em casa antes das seis da tarde porque tem mais um trabalho para fazer, mas eu lhe ajudaria mesmo se ela não tivesse nenhum compromisso porque a achei muito legal. 

— Foi seu primeiro trabalho como fotógrafa, não é? — ela puxa assunto quando nos colocamos na estrada. — O que achou? 

— Eu adorei! Fiquei um pouco nervosa no início, mas as coisas fluíram tão bem que o nervosismo passou. Foi mais cansativo do que eu esperava, estou exausta. 

— Então estamos no mesmo barco. Meus pés estão me matando! Se eu não tivesse outro trabalho, iria direto para a hidromassagem.
 
Hidromassagem. Castiel tem razão, essa galera tem dinheiro. Nós passamos a viagem toda conversando; não temos muitas coisas em comum, mas Debrah é do tipo de pessoa que pode falar sobre qualquer coisa. Fico agradavelmente surpresa por nos darmos tão bem logo de primeira — a essa altura do campeonato, nem preciso dizer que não costumo fazer amigos com facilidade. É uma pena que ela só passará um mês na cidade. 

— Foi legal te conhecer, Ariane — ela diz quando estaciono na frente da sua casa. — Nós poderíamos sair juntas depois que o trabalho acabar, se você quiser. Seria divertido.
 
— Seria ótimo. Eu trabalho a tarde toda durante a semana, mas podemos combinar alguma coisa.
 
— Legal. Até amanhã. 

DInheiro e uma possível nova amizade. Esse trabalho está saindo melhor que a encomenda.

Levanta a mão quem achou que era o Leigh quem causaria confusão \o/