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[ 26 de janeiro, quarta-feira ]





  Após quatro dias de pura euforia por conta da revista, resolvo acalmar um pouco os ânimos e me concentrar na ajuda que darei ao Lysandre em sua declaração de amor. Ele estava presente enquanto os garotos melhoravam a letra e acertavam a melodia, mas não aprendeu realmente a cantá-la, por isso faremos isso juntos. Castiel também se junta a nós; ele tocará o violão enquanto ensaiamos e nos dará auxílio, visto que a música não era originalmente um dueto. Antes de começarmos, porém, resolvemos fazer uns sanduíches. 

  — Leigh vai trabalhar até mais tarde hoje — Lysandre informa. — Ele não nos deixaria comer sanduíche agora se estivesse aqui, nos obrigaria a comer comida de verdade. 

  — Não seria nada mau — dou de ombros. — Ele cozinha bem. 

   Nós ficamos em silêncio por um instante enquanto montamos nossos lanches. Me ofereci para preparar um para Castiel também, primeiro porque não é nenhum inconveniente, e segundo porque é bom mantê-lo afastado de Lysandre um pouco. Sei que quando o trabalho começar haverão várias provocações.

  — Sabe, estou começando a ficar nervoso de novo. 
  
  — Mesmo? Nós nem começamos ainda. 

  — Só estou com medo de dar tudo errado. Sei que devo arriscar, mas não quero perdê-la. 

  Suspiro, despejando uma quantidade boa de ketchup no sanduíche do Castiel. 

  — Acho que as chances de dar errado são pequenas. Não sei se deveria contar isso, mas a Ana sentiu ciúmes da Rosalya e ficou toda feliz quando ela foi embora. 

  Lysandre parece genuinamente surpreso. 

  — Ciúmes da Rosa? Por que isso aconteceria? 

  — Porque é óbvio que você adora a minha irmã, e ouvi-lo falar tão carinhosamente sobre outra garota deve tê-la feito se sentir ameaçada ou sei lá. Seja lá qual for a explicação, uma coisa é certa: onde tem ciúme, tem sentimento. 

  Vejo suas íris coloridas brilharem, então ele volta a se concentrar na comida e dá de ombros com indiferença, como se não quisesse se permitir sentir esperança. Não o julgo; talvez seja melhor não criar expectativas. É melhor se surpreender do que se decepcionar, afinal. 

  — Sentir ciúme de amigos é uma coisa bem comum, não quer dizer necessariamente que ela me veja de outra forma. 

  — Talvez sim, talvez não. A questão é que é corajoso da sua parte se declarar. Eu provavelmente não teria coragem de fazer isso se não tivesse certeza de como a outra pessoa se sente. 

  — Obrigado, Ari — ele sorri. — É bom poder contar com seu apoio. 

  Sorrio levemente e aperto seu ombro. Castiel está dedilhando as cordas do violão quando voltamos para a sala, e pisca um olho quando lhe entrego um dos pratos. Não conversamos muito enquanto comemos. Lysandre se mantém perdido em pensamentos durante a maior parte do tempo, provavelmente criando vários cenários diferentes de como toda essa história vai acabar.
 
  — Eu posso dar uma olhada na letra? — peço quando termino de comer. 

  Lysandre assente, pega o bloco de anotações ao seu lado e me entrega, já aberto na página certa. Leio cada verso com cuidado. O título é Give Love a Try e a música é muito bonita. Acho que reflete bem a situação dos dois. Externo esse pensamento e Castiel, que está sentado com as pernas ao meu redor, diz: 

  — Não se esqueça de que eu e Keith ajudamos a melhorar a letra. Ela já estava boa antes, mas acho que merecemos créditos pelas mudanças que fizemos. 

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