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[ 16 de dezembro, quinta-feira ]




Depois de pensar por algumas horas, decidi que Debrah e eu não podemos ser amigas. Sei que ela não fez nada que me afetasse diretamente, mas acho que não seria legal depois do que Castiel me contou ontem à noite. E por mais idiota que seja, ficar perto da Debrah sabendo que ela tirou a virgindade do meu namorado me deixa um pouco amargurada. Estou pensando na conversa que terei com ela enquanto orgazino os sacos de café, quando Keith enfia a cabeça na porta do depósito.

— Sua amiga super gata está de volta — ele informa, depois se retira.

Respiro fundo. Estou um pouco nervosa, nunca tive que dispensar uma pessoa antes e não gosto de chatear ninguém. Quando saio do depósito, para o interior da cafeteria, Debrah está parada ao lado da mesa onde Ariana e Lysandre estavam comendo um sanduíche. Eu contei algumas coisas para a minha irmã, e agora ela está de braços cruzados, cara a cara com a garota de olhos azuis, com uma expressão de poucos amigos.

— Não, eu não sou a Ariane, fofa — ouço ela dizer. — Diferente dela, eu não hesitaria em dar uns tabefes na sua cara de cobra. 

— Ana, relaxa — peço, me aproximando. — Aqui não é lugar para isso. Vem comigo, Debrah. 

Vejo Lysandre segurar o braço da minha irmã, fazendo-a se sentar novamente. É legal que ela goste de Castiel a ponto de ficar tão zangada por alguém tê-lo sacaneado, mas sair no tapa não resolveria nada. Levo a Debrah para uma mesa mais distante, e ela parece um bocado assustada quando nos sentamos. 

— O que foi aquilo? 

— Nada, deixa pra lá. Eu queria falar com você... 

— Eu também — ela sorri. — Soube que tem um parque de diversões na cidade e pensei que poderíamos ir juntas. Que tal? Faz um tempão que não vou em um. 

— Eu adoraria, mas... não dá, me desculpe. Eu conversei com o Castiel ontem e ele me contou o que houve entre vocês. Acho que não seria legal sermos amigas. 

— Ele ainda está chateado, não é? — Debrah morde o lábio, desviando o olhar para as mãos. — Olha, Ariane, eu sei que fui uma completa imbecil com ele. Não sei por que fiz aquilo. Eu pensei em pedir desculpas depois, mas tive medo de como ele reagiria e, mais tarde, acabei indo embora. Eu juro que não sou mais daquele jeito. Vou entender se realmente não quiser mais me ver, mas quero que saiba que eu me arrependo e gostaria de poder me desculpar com o Castiel. Isso é, se ele quiser falar comigo. 

Fico sem palavras. Debrah me pegou de surpresa. Não sei exatamente como eu esperava que ela fosse reagir, mas com certeza não era dessa forma. Ficamos em silêncio enquanto tento encontrar qualquer sinal de falsidade, mas não vejo nenhum. Além de ótima modelo, talvez ela também seja uma atriz muito boa. Ou, talvez, esteja sendo sincera. Faz um tempo desde aquela história e as pessoas mudam, não é? A mamãe diz que é importante dar uma segunda chance às pessoas, para que elas provem que estão mudadas. 

— Talvez você pudesse me ajudar a pedir desculpas — Debrah quebra o silêncio. — Aposto que o Castiel será mais flexível se você falar com ele. Nós poderíamos sair para comer alguma coisa e conversar. 

— Eu não sei, não... 

— Se está preocupada porque nós ficamos no passado, pode ficar tranquila. Não fico com homens comprometidos. Além do mais, estou interessada em um garoto da minha cidade. 

Fico em silêncio novamente. Essa é uma decisão um bocado difícil de se tomar, mas, de certa forma, saber que não existe nenhuma segunda intenção de ambas as partes me deixa mais relaxada. Talvez eu deva ajudá-la. Quer dizer, pode ser bom pro Castiel receber um pedido de desculpas. Não é bom saber que uma pessoa se arrependeu depois de fazer uma coisa ruim para nós? É pensando nisso que digo:

— Tudo bem. Vou falar com o Castiel. 

— Sério? Que ótimo! — Debrah abre um sorriso grande e animado. — Muito obrigada, Ariane. Você não tem ideia de como vai ser bom tirar o peso da culpa dos meus ombros! Eu tenho que ir agora. Me mande uma mensagem, caso ele aceite, está bem? 

Assim que a Debrah vai embora, Ariana e Lysandre se mudam para a minha mesa. Minha irmã pergunta o que aconteceu, e eu conto. 

— Não sei se isso foi uma boa ideia — ela declara, torcendo o nariz. — Algo não cheira bem. 

— Algumas pessoas merecem o benefício da dúvida — Lysandre opina. — Se ela realmente se arrependeu, um pedido de desculpas não fará mal. Isso é, se o Castiel quiser ouvi-la. Nós sabemos como ele pode ser difícil. 

— É, que seja. Fique de olhos abertos, Ari. Tudo o que sabemos sobre ela é o que o Castiel contou; não confie demais. 

                                        •

— Não.

— Qual é, você nem pensou no assunto.

— Não tem o que pensar, Greene. Estou me lixando se ela se arrependeu, acabou. Não preciso de um pedido de desculpas para seguir com a minha vida. 

— Você não, mas talvez a Debrah precise. Ela parecia estar se sentindo bem culpada quando conversamos.

— Foda-se. Caguei pra isso. 

Respiro fundo. Realmente, muito flexível. Me ajeito na cama para que meu rosto se enquadre melhor na tela. 

— Não quer ter essa conversa porque ainda se sente muito chateado? Se for um assunto delicado, tudo bem. Não vou insistir. 

— Francamente, Greene, não foi nada tão profundo. Eu superei, só isso. Eu nem pensava mais nesse assunto, até a Debrah aparecer. 

— Bom, então apenas escute o pedido de desculpas dela — peço outra vez. — Vocês não precisam virar amigos nem nada. Prometo que te deixarei em paz se aceitar conversar com ela. 

Castiel suspira e resmunga:

— Não quero que me deixe em paz. Tá, tá legal, Greene. Eu topo. Mas, agora, vamos falar sobre uma coisa mais importante.

— O que? 

— O dia vinte e dois. Faremos três meses de namoro. Vai querer comemorar? 

— Ah, eu pensei nisso — sorrio. — Vai ter uma festa de Natal na empresa onde meu pai trabalha, então ele e a minha mãe ficarão fora até tarde. Minha irmã vai com eles. Pensei em você vir pra cá para fazermos nossa própria festinha. O que acha?

— Uh, perfetto — ele usa um sotaque italiano que me faz sorrir ainda mais. Às vezes Castiel deixa escapar alguma palavra em italiano, embora seja uma coisa rara. Adoro quando isso acontece. — Uma das coisas que eu mais gosto em você é que você gosta de ficar em casa. 

— Pois é. Provavelmente estará frio, então nós podemos acender a lareira, tomar chocolate quente, pedir comida e, sei lá, o resto a gente combina depois. 

— Mal posso esperar, garotinha. Nos vemos amanhã. Boa noite.

Assim que a chamada é encerrada, mando uma mensagem para a Debrah. Sua resposta chega poucos minutos depois.

“ Que maravilha! Muito obrigada, Ariane :) ” 


Eita, que tá chegando a hora de algumas coisas serem reveladas...

Vocês conhecem alguma outra plataforma parecida com o Wattpad? Eu queria tentar postar minhas outras histórias em outros lugares 🙃

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