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[ 04 de dezembro, sábado ]



— Sabe, não era assim que eu esperava passar minha tarde de sábado. 

— Consegue pensar em algo mais divertido que ajudar seu namorado a retocar as raízes? 

Não consigo ver seu rosto, mas sei que ele está sorrindo. Sorrio também, como sempre faço quando ele usa a palavra “ namorado ”. Nós estamos no espaço entre a cozinha e a sala de estar, e Castiel está sentado em uma cadeira enquanto banho seu cabelo em tinta vermelha com luvas descartáveis. Essa é a primeira vez que lido com tinta de cabelo e estou fazendo um bom trabalho em evitar manchas na pele dele; meus braços, por outro lado, parecem ter sido esfaqueados.

— Eu disse pra minha mãe que Keith me convidou para ver o ensaio da banda — informo, espremendo o último resquício de tinta para fora da bisnaga. — E dessa vez não tive que mentir, para variar.

— Nós vamos ao ensaio, mas precisava fazer isso primeiro. Não posso ser uma estrela do rock com o cabelo todo zoneado. Ser ruivo é minha marca.
 
— Vou ter que tomar um banho. Parece até que menstruei pelo sovaco. 

Vou até o banheiro para me livrar do frasco vazio e das luvas. Castiel já botou a cadeira no lugar quando volto, e também colocou a touca plástica lilás que havia deixado no sofá. Solto uma gargalhada; essa é uma coisa que jamais pensei que veria. O ruivo finge coçar o olho para me mostrar o dedo do meio, mas não parece nem um pouco incomodado com a risada. 

— Por que comprou uma touca lilás? — chego mais perto, ainda rindo. — Ela é alegre, não combina nem um pouco com a escuridão da sua alma. 

— Foi o que eu disse pra vendedora, mas era a única cor disponível. 

— Ficou fofo — aperto sua bochecha, recebendo uma piscadinha forçadamente adorável como resposta. — Tudo bem se eu for tomar um banho? Tenho medo que a tinta não saia se eu demorar demais. 

— Claro. Mas se esperar quarenta minutos eu posso te fazer companhia. 

— Não, tudo bem — recuso sua oferta, dando leves tapinhas em seu ombro.
 
— Tem umas duas calcinhas suas na minha gaveta de cueca — ele diz enquanto me afasto. 

Mostro o polegar, sinalizando que entendi e que agradeço. Sou obrigada a esfregar meus braços com tanta força que a tinta sai e quase leva minha pele junto com ela. Castiel assobia da sala quando passo em direção ao seu quarto, enrolada na toalha. Volto já devidamente vestida. 

— Porra, Greene, seus braços estão mais vermelhos agora do que antes do banho. 

— Eu tive que me esfolar, muito obrigada.
Antes que ele possa dizer qualquer coisa meu celular vibra na mesa de centro. Uma notificação de mensagem, e não consigo esconder a surpresa ao ver de quem é. 

“ Boa tarde, Ariane. Quem fala é o Leigh. Estou mandando uma mensagem para te convidar para almoçar comigo amanhã. Eu gostaria de falar sobre suas fotos :) ”

— O que foi? — Castiel pergunta, se aproximando para ler a mensagem por cima do meu ombro. — Leigh, irmão do Lysandre? Puta que pariu! Por que é sempre um Frey? Ele sabe que você namora, por acaso?

Bloqueio o celular, deixando-o sobre a mesinha de centro novamente.

— Não, ele não sabe. Só nos encontramos uma vez e foi por pouco tempo, o assunto não surgiu. Mas não importa, tenho certeza de que esse convite não é para um encontro romântico.

— Como pode saber?

— Leigh é um adulto, ele não ia querer nada com uma colegial.

— E se quiser?

— Não vai conseguir. Ariane Greene é mulher de um homem só, e esse homem é Richard Armitage — abro um sorriso grande e brilhante.

Castiel fecha a cara, fazendo um bico emburrado e cruzando os braços. Envolvo seu torso com os braços e cruzo as mãos em suas costas, depois distribuo beijinhos em seu maxilar e bochechas. 

— Não fique assim, vai — peço, beijando sua boca. — Não tem que sentir ciúme. Acha que eu ficaria com outro cara menos de duas semanas depois de aceitar seu pedido de namoro deixar que me deflorasse? 

— Nossa, que palavra terrível. 

— Certo, então, deixar que me desvirginasse.

— É, não melhorou — ele retribui o abraço, sorrindo um pouco. — Mas eu entendi seu ponto. Foi mal. É que você gostava do Lysandre, não tem como não me sentir ameaçado pelo irmão dele. Eles têm o mesmo sangue, afinal. 

— Ah, o que é isso. Eu seria louca de trocar meu namorado rockstar de touquinha lilás por qualquer outro homem. A menos que o homem fosse Kim Taehyung, aí você estaria fora da jogada rapidinho.

— Será que estou no top dez da sua lista de paixonites? — ele brinca, me beijando em seguida.

Vinte minutos depois acabo debaixo do chuveiro novamente, mas dessa vez com companhia. 






Boa noite, galerinha, como vocês estão? Eu só queria atentar vocês em relação as datas dos capítulos. Às vezes os personagens falam sobre coisas que não escrevi em nenhum capítulo com detalhes, mas lembrem-se que às vezes tem diferença de vários dias entre um cap e outro e coisas acontecem nesses dias. Não escrevo tudo em detalhes porque algumas coisas não têm necessidade de serem descritas, ok?

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