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[ 05 de dezembro, sexta-feira ]


O início de dezembro traz uma onda de frio com ele, deixando claro que o inverno está logo virando a esquina. Eu costumava adorar o frio quando era criança, mas agora que tenho responsabilidades a cumprir prefiro o calor. Não o calor do verão, que te faz suar parado; o calor da primavera, que vem acompanhado de uma brisa fresca. Ainda assim, é legal quando neva. As decorações natalinas ficam ainda mais  bonitas acompanhadas de uma camada de gelo branco e fofinho. 

Devido ao ar gelado o uniforme feminino do Hummingbird passou de vestido para calça e camisa, como o dos rapazes — o que não nos mantém muito aquecidos, mas é melhor que nada. É bom dar um tempo dos saltos e da meia calça. O frio também diminuiu um pouco a quantidade de fregueses que aparecem por dia, então Keith e eu temos mais tempo para sentar e aproveitar uma caneca de chocolate-quente. 

À noite, quando chego em casa, passo o máximo de tempo possível no chuveiro quente antes de um dos meus pais reclamar, e depois vou direto para debaixo das cobertas. Fiz disso uma rotina durante a semana e hoje não é diferente. Enquanto visto meu pijama, após um bom banho, recebo uma vídeo chamada de Castiel.

— Oi — atendo.

— Uh, olá, meninas — ele diz olhando para um lugar onde meus olhos definitivamente não ficam. Envergonhada, me dou conta de que ainda estou só de calça e sutiã. Visto a blusa rapidamente. — Por que fez isso? Você sabe que eu adoro uma boa vista. 

— Não enche. Por que ligou? 

— Estou indo ao mercado, só queria saber se quer que eu compre algo específico.

— Por que está me perguntando? 

— E por que não? Você passa uma quantidade de tempo razoável aqui em casa, então pensei que talvez seja bom comprar algumas coisas que goste para deixar na despensa. 

— Ah, que gracinha — sorrio, sentindo meu interior se agitar um pouquinho.

— Eu sou mesmo adorável. Então, algum pedido? 
— Não consigo pensar em nada específico no momento, você me pegou desprevenida.

— Percebi. Manda mensagem se lembrar de alguma coisa, tá bom? 

— Você quem manda. 

— Boa noite, Greene. Para você e suas amiguinhas — ele provoca antes de encerrar a chamada.

                                        °

Por volta das onze e meia, quando todos já estão dormindo, acordo com pequenas batidas na janela. Com o cenho franzido e sonolenta abro o vidro. Castiel está parado lá embaixo, usando uma calça xadrez de pijama e uma blusa de moletom. Sem dizer nada, volto a fechar a janela e desço para abrir a porta. Quando nos encontramos na segurança do meu quarto, o ruivo me puxa para si e inicia um beijo meio desesperado. Acompanho seu ritmo com certa dificuldade.

— Por que tudo isso? — pergunto com uma risadinha rouca quando nos separamos, esfregando os olhos para tentar espantar o sono. — O que faz aqui? 

— Nós mal nos vimos a semana toda por conta dos ensaios da banda. Senti saudade — ele explica, me beijando outra vez. — Esperei até seus pais dormirem, então não brigue comigo.

— Nós nos vimos na escola todos os dias, inclusive hoje. Também nos vimos no Hummingbird, já que você passou para buscar o Keith.

— É, mas não é a mesma coisa. Além do mais, está tão frio... — sua voz assume um tom dramático. — Você não vai me deixar dormir sozinho naquela cama gelada, vai? 

— Não pode dormir aqui, é muito arriscado. Como vai sair sem ser pego? 

— Damos um jeito nisso depois. Vamos lá, garotinha — Castiel se curva para depositar alguns beijos no meu pescoço. — Por favor. Eu vou ficar quieto.

Fecho os olhos por segundo, suspirando diante da sensação de seus lábios mornos contra minha pele. Dividir uma cama seria uma coisa nova para nós, mesmo que não façamos nada além de dormir, e isso me deixa um pouco nervosa. Sem contar meus pais; uma coisa é mentir para eles fora de casa, outra bem diferente é fazer isso debaixo do teto deles. Mas só seria mentira se eles me perguntassem se alguém dormiu aqui e eu dissesse que não... Pensando nisso, me desvencilho do toque de Castiel e vou até a porta, trancando-a. 

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