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[ 22 de outubro, terça-feira ]





— Você não é o entregador de pizza — Castiel diz ao abrir a porta, sorrindo de lado. 

— Não, mas eu trouxe sorvete — sorrio, levantando a sacola que estou segurando. — Chocolate e chocomenta, para agradar seu gosto nojento. 

— Eu gosto de você, então...

— Muito engraçado. Posso entrar? 

— Sim, senhorita. 

Ele abre espaço, fazendo um gesto cavalheiresco para que eu adentre o apartamento. O lugar está como sempre, exceto por um par de tênis ao lado da porta e uma peça de roupa preta jogada no encosto do sofá. É meio humilhante Castiel ser mais organizado que eu — não que isso me deixe mais motivada a arrumar meu quarto. O ruivo pega duas colheres na cozinha, depois ambos nos acomodamos no tapete da sala.

— Vamos comer doce antes da janta. Como somos rebeldes — ele zomba, abrindo o pote de chocomenta. — Posso saber a que devo a honra da sua visita? Sentiu saudade porque não fui ao Hummingbird hoje? 

— Seu pedido sem graça e comentários espirituosos são sempre o ponto alto do meu dia — sorrio. — Eu vim até aqui porque temos um assunto pendente.

— Verdade, nós temos. Sou todo ouvidos.

— Muito bem — limpo a garganta, colocando uma colherada de sorvete na boca para disfarçar um pouco da timidez que estou sentindo. — Como eu disse ontem, eu pensei e resolvi aceitar sua proposta. Nós podemos ser amigos com benefícios ou sei lá e, se der tudo certo, podemos evoluir para algo mais sér...

Meu raciocínio é interrompido por um par de lábios gelados contra os meus, com gosto de pasta de dente. Eu detesto chocomenta, mas servido dessa forma o sabor não fica tão ruim. Castiel para o beijo breves segundos depois de tê-lo iniciado.

—... sério — completo a frase, rindo. — Acho que você gostou da notícia. 

— É claro que sim. Por que resolveu aceitar? E quanto a tudo o que me disse? — explico meus motivos, e quando termino há um sorrisinho convencido no rosto do ruivo. — Quer dizer que está caidinha por mim, huh? 

— Tenho certeza de que essas palavras nunca saíram da minha boca, seu metido. 

— Mas você disse que há algum sentimento. Disso para estar totalmente apaixonada é um pulo. 

— É, sei. Temos que manter isso em segredo, está bem? Se meu pai descobrir, ficarei de castigo até a próxima encarnação! 

— Ah, que pena. Meu grupo de fofoca ficará decepcionado — reviro os olhos diante do sarcasmo em seu tom. — Não vai contar nem para a sua irmã? 

— Vou — suspiro. Posso até ouvir o grito empolgado que Ariana dará. — Ela pode nos ajudar a esconder tudo. Lysandre também.

— Ei, esse nome não pode ser dito nesse recinto. É como blasfemar na igreja.

— Oh, mil perdões! Como posso me redimir? 

Nesse momento o interfone toca.

— Pode começar sua jornada em busca do perdão indo buscar a pizza. Darei novas instruções depois de comermos.

— Otário — murmuro, lhe dando um empurrão antes de me levantar e sair do apartamento. 

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