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[ 03 de junho, terça-feira ]






  — Vire a cabeça — peço, olhando para o Castiel através da lente da câmera. — Coloque as mãos nos bolsos.

  Ele obedece e eu tiro a foto. O resultado é plenamente satisfatório; ele parece saído de um livro de fantasia — embora pareça mais um vampiro do que um elfo. Não estava em meus planos sair de casa essa noite, mas a lua está bonita demais para desperdiçar. Por isso pedi que Castiel colocasse sua fantasia elfica e nos trouxe ao morro, onde não vínhamos há muito tempo. É um excelente cenário.

  — Você é etéreo — digo.

  — Hétero? — ele levanta uma sobrancelha em confusão.

  — Etéreo. Celestial, sublime, divino.

  — Ah, tá. Concordo.

  Estreito os olhos com desdém diante de seu sorrisinho convencido e peço que ele se sente sobre o lençol branco. Preparei uma cesta de piquenique com algumas coisas que tínhamos em casa porque está tarde demais para preparativos elaborados. Não ficou nada digno das imagens encontradas no Pinterest, mas é bom o bastante. Dá um ar rústico.

  — Coloque um pouco de vinho na taça e finja tomar.

  — Não posso beber de verdade?

  — Não. Vire a cabeça levemente na minha direção — a câmera emite um ruído baixo ao capturar a imagem. — Mal posso esperar para aprender a editar.

  — Suas fotos são ótimas — Castiel declara antes de beber o conteúdo da taça em um único gole.

  — Mas podem ficar melhores, como quando suas músicas passam pelos produtores.

  — Isso, me pisa. Tire vantagem da minha vulnerabilidade de homem apaixonado  — ele leva uma mão ao peito, me fazendo rir. — Já tirou umas dez fotos. Quando vai me deixar ver?

  — Quando eu acabar.

  — Isso não é nada justo, Greene. Te mostro minhas composições mesmo quando estão inacabadas.

  — Isso é porque você é um ser humano de mente fraca, que não resiste a um olhar pidão. E olha que nem sou boa em ser fofa.

  Castiel abre um sorriso indignado, mirando a copa das árvores, e aproveito para tirar outra foto.

  — Eu te amo profundamente, Greene. E te odeio também.

  — Não seja dramático, vou te mostrar as fotos. Estou quase acabando. Desabotoe os primeiros botões da camisa, feche os olhos e se incline para trás.

  — Pretende postar essas imagens em algum lugar? — ele pergunta enquanto segue minhas instruções.

  — Essa não. Essa é só minha.

  — Ah, já sei — um sorriso lento e convencido surge em seu rosto. — Vai usar pra se masturbar quando eu não estiver por perto?

  Meu rosto fica quente.

  — Eu não faço isso — resmungo.

  — Jura? — ele me lança um olhar chocado. — Você nunca se toca? Tipo, nunquinha? Por que não?

  — Porque eu não preciso — bufo. — Faça a pose, por favor.

  Tiro mais duas fotos antes de me dar por satisfeita e me juntar ao Castiel no lençol.

  — Não acredito que nunca tenha se masturbado — ele diz enquanto lhe mostro as fotografias.

  — Por que ainda estamos falando disso? Não é nada de mais. Por que me masturbaria se você está sempre super disposto a transar a qualquer hora?

  — Sou como um cavalo jovem e vigoroso.

  — Se está dizendo.

  Estalo a língua, deixo a câmera de lado e me sirvo um pouco de vinho.

  — Sou o único que já tocou em você, então?

  — Sabe que sim.

  Nossas costas estão escoradas na pedra grande, e a cidade parece um mar de estrelas brilhantes lá embaixo. Não sei por que paramos de vir aqui; é tão bonito. Castiel passa um braço por meus ombros e me puxa para mais perto suavemente, beijando o topo da minha cabeça em seguida.

  — O que está fazendo? — pergunto com um risinho.

  — Sei lá. Esse papo me deixou emotivo por alguma razão.

  — Homens são estranhos.

  — Desculpe por você não ter sido a primeira com quem estive, Greene.

  — Isso não... — começo, levantando a cabeça de seu ombro.

  — Mas quero que seja a última — ele interrompe, olhando em meus olhos. — Eu te amo.

  Sorrio e lhe dou um beijo rápido.

  — Também te amo — declaro e acrescento em um tom de provocação: — Mas se soubesse que ia começar a chorar, teria confirmado que vou usar suas fotos para me masturbar — dou tapinhas carinhosos em sua cabeça, fazendo um biquinho. — Prontinho, neném, já passou. Se sente melhor?

  Castiel joga a cabeça para trás.

  — Não ria de mim, estou abrindo meu coração.

  — Não estou rindo. Também espero que sejamos os últimos um do outro, mas... mesmo que não sejamos, você sempre será o meu primeiro. E nunca me esquecerei de você.

  Ele vira a cabeça em minha direção, sorrindo suavemente, e me puxa para o seu peito. Ficamos assim por muito tempo em um silêncio agradável e aconchegante.

  — Esse é um daqueles momentos em que me sinto vivo — Castiel confessa baixinho. — Entende o que quero dizer? Deitado sob as estrelas com uma brisa fresca no rosto, grilos cantando e o amor da minha vida em meus braços. A vida é boa demais, não é?

  — É — suspiro, me aconchegando mais a ele. — É sim. É fantástica.

  E é mesmo. Tenho um ótimo relacionamento, uma ótima família, uma ótima moradia e estou prestes a ingressar no curso universitário que queria. O que mais eu poderia querer?

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