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[ 1 de outubro, terça-feira ]

Com a chegada de outubro, tudo do que se fala em toda parte é sobre o halloween. Também pudera; depois das festas de fim de ano, e talvez da páscoa, esse é o feriado mais esperado do ano. Seja por causa dos doces gratuitos ou das festas à fantasia, todos adoram o dia das bruxas — inclusive eu. É claro que sou velha demais para sair de casa em casa pedindo doces, e as travessuras não me atraem muito, mas adoro ver as abóboras nas varandas e as ruas cheias de pessoas felizes. E, admito, também gosto de me fantasiar. Às vezes, é legal poder ser uma pessoa diferente.

Esse é o primeiro ano que passarei essa data estando empregada, então fico empolgada quando o senhor Jhonson anuncia que teremos uma festa aberta ao público. Os outros empregados já estão acostumados com isso, mas é meu primeiro “ evento no trabalho ” e isso faz eu me sentir adulta. Além do mais, nenhum de nós terá que trabalhar hoje porque usaremos o tempo para discutir ideias sobre a festa, então só temos pontos positivos até agora.

Eu, Keith, Jenny, Josh, Alisson e Derek nos acomodamos em uma das mesas, três de cada lado, e nosso chefe puxa uma cadeira para se sentar na ponta mesa; como se estivessemos em uma legítima sala de reuniões. O senhor Jhonson trouxe um caderninho e um lápis para anotar todas as boas ideias que surgirem, o que significa que a coisa é séria mesmo. Não fico surpresa; festas, principalmente em datas como essa, são uma ótima forma de atrair novos fregueses.

— Muito bem, vamos começar — o homem grisalho diz, limpando a garganta. — Todo ano eu tento fazer algo… diferente no Hummingbird para o dia das bruxas, e quem costuma me dar ideias é minha família, mas dessa vez eu quero que vocês me dêem sugestões. Vocês todos têm menos de vinte e cinco anos, então devem saber do que os jovens gostam. Eventos como esse são excelentes para atrair fregueses, por isso quero que pensem em coisas bem, como é que vocês dizem?, iradas! 

— Iradas — Derek caçoa com sutileza, provocando risadinhas discretas no resto de nós. — Quer dizer que podemos fazer o que quisermos?

— Se a ideia for boa e não pesar muito no bolso, sim.

— Pois eu sei exatamente o que podemos fazer — Keith declara com um sorrisinho levemente arrogante. — Vamos montar um palco improvisado no estacionamento e colocar música ao vivo para tocar. Toda festa boa de verdade tem música ao vivo, isso é fato, e lá fora tem muito mais espaço. 

— Sim! — Jenny exclama, empolgada. — Usamos o estacionamento como uma espécie de pista de dança e, caso queiram se sentar ou comer alguma coisa, as pessoas podem usar a parte de dentro da lanchonete. É perfeito! 

— Então a gente vai ter que trabalhar? — Alisson questiona. — Não me parece justo. 

— Depois acertaremos isso. Quanto a ideia da música, quem vai tocar? 

— Tenho a solução para isso também. Minha banda! A gente manda bem e cobra barato. 

— Mas isso é perfeito! — o senhor Jhonson sorri de orelha a orelha. — Então, acho que já temos tudo. Conversaremos acerca dos detalhes depois; por ora, quero que imprimam alguns panfletos e distribuam por aí. É bom anunciarmos a festa com bastante antecedência para que todos tenham tempo de arranjar fantasias. Quanto a vocês, quero que tragam pelo menos três convidados cada um.

— Sem problemas.

— Excelente! A carga horária de vocês será diminuída durante esses dias para que possamos aprontar tudo com tempo de sobra. Quero que todos colaborem de alguma forma, entendido? Estão dispensados, por hoje.

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— Uma festa no Hummingbird? — Ariana arregala os olhos enquanto abre um sorriso enorme, bem no estilo gato de Cheshire.

— É. Vocês topam, não é? Preciso levar pelo menos três convidados. 

— Pode contar comigo — Lysandre passa um braço por meus ombros, e meu coração começa a bater tão rápido que temo sofrer algum tipo de pane e morrer. — Só que eu não tenho a menor ideia do que me fantasiar.

— Tudo bem, há tempo de sobra para pensar em alguma coisa.

— Principalmente porque vamos começar a procurar agora mesmo. 

— Agora? Não pode ser no fim de semana? 

— De jeito nenhum! Quanto antes começarmos, mais chances teremos de encontrar algo legal! 

E é assim que Lysandre e eu somos arrastados para o shopping, onde se localiza a maior loja de fantasias da cidade. O preço não é dos melhores, mas eles têm qualquer fantasia que se pode imaginar. Nós perambulamos pelo lugar durante uns quarenta minutos, vasculhando cada cabide, mas desisto de tentar encontrar alguma coisa depois de vinte minutos. 

— Qual é, Ari, como pode não ter achado nada? Tem tanta coisa bonita. Como isso, por exemplo — Ana mostra a fantasia de vampiro que está segurando. 

— É lindo, mas os preços subiram. Me recuso a pagar duzentos dólares numa roupa que só vou usar uma vez. 

— Mas vale totalmente a pena! O halloween é a ocasião perfeita para ficarmos super fabulosas, mesmo que seja só por uma noite. 

— Mas duzentos dólares? É muita grana, Ana.

— Concordo — Lysandre diz enquanto se aproxima, carregando uma espada. — É por isso que vou levar isso aqui, que só custa cinquenta pratas, e usar a fantasia de mosqueteiro que meu irmão tem guardada. 

— Vocês são chatos — minha irmã faz um biquinho. 

— Faça o que quiser, maninha, mas eu trabalho trinta horas por semana e prefiro usar meu dinheiro de jeitos melhores. É por isso que vou dar uma olhada em outra loja. Tenho certeza que posso montar uma fantasia maneira com roupas normais e baratas.

Lysandre sorri e estende a mão, me convidando para um high-five. Sei que isso é uma coisa boba, mas ele sempre concorda com tudo o que minha irmã diz, então vê-lo ficar do meu lado dessa vez me deixa especialmente contente. Ariana mostra a língua para nós e sai para olhar mais fantasias, então combino com Lysandre de nós três nos encontrarmos na praça de alimentação em uma hora, no máximo, e saio para vasculhar outras lojas. 

Esse foi curtinho, galerê. Foi mais pra anunciar que vai rolar festinha de halloween e que TALVEZ aconteça uma coisa interessante nela ;)