[ 14 de dezembro, terça-feira ]
Tudo bem, eu admito: não consigo parar de pensar naquela ceninha que aconteceu no Hummingbird ontem. Juro que tentei deixar para lá, mas não consigo. A ex-namorada super linda e simpática do Castiel aparece, e ele fica todo esquisito. Como eu deveria interpretar isso? Será que vê-la despertou algum sentimento adormecido? É óbvio que ele ficou abalado; ele sequer deu notícias pelo resto do dia depois de ter ido embora. Sei que posso estar exagerando, mas estou preocupada. Gosto do Castiel mais do que já gostei de qualquer outro garoto na vida e estou feliz com ele, mesmo que façamos todo às escondidas. E se ele decidir me trocar pela Debrah? Nós não estamos juntos há tanto tempo, e ela é legal, bonita e ganha muito mais dinheiro do que eu.
— Se continuar batendo na mesa desse jeito vai acabar abrindo um buraco.
Levo um pequeno susto. Castiel coloca um copo de café a minha frente antes de ocupar o banco ao lado. Ele parece bem normal, como se nada tivesse acontecido.
— Parece nervosa — ele diz, após dar uma golada no próprio café. — Está tudo bem?
— Não totalmente. O que houve com você ontem?
— Como assim?
— Você ficou todo estranho depois que viu a Debrah e, então, sumiu.
— Eu tinha algumas coisas para fazer.
— Conta outra, Castiel. Ou será que devo te chamar de Cassy?
Minha voz soa um tanto quanto ácida, da mesma forma que costumava soar antigamente, quando discutíamos. Não é proposital. Talvez eu esteja mais incomodada e irritada do que gostaria. Castiel franze o cenho.
— Não sei por que está irritada comigo. Até onde sei, não fiz nada de errado.
— Não estou irritada com você, só preocupada. Por que ficou daquele jeito? Por acaso, você… ainda gosta dela?
— O que? Claro que não, Greene, pelo amor de Deus!
— Então, por que?
Castiel dá uma olhada ao redor, me impelindo a fazer o mesmo. Acho que estávamos falando alto demais, porque várias pessoas estão nos encarando. O ruivo solta o ar pelo nariz com força, então agarra meu pulso e me arrasta atrás dele até sei lá onde. Tento protestar, mas não adianta; ele só para quando chegamos ao vestiário masculino, que está vazio. Antes que eu possa perguntar o porquê de tudo isso, ele me encurrala contra uma fileira de armários e me beija com ferocidade. Retribuo no mesmo entusiasmo.
— Não pense que isso me fará esquecer tudo — digo, ofegante, quando nos separamos. Sua testa está colada na minha, e minhas mãos estão apoiadas em seu tórax. — Ainda quero uma explicação.
— Eu não quero nada com ela, Greene. Nós nunca devíamos ter tido nada, para começo de conversa.
— Por que não?
Castiel suspira e se senta no chão com as costas escoradas nos armários. Não sei o que pensar; ele parece triste e com raiva. Me sento ao seu lado em silêncio, esperando que ele se sinta à vontade para continuar. Castiel não olha para mim enquanto fala.
— A gente costumava ter um amigo em comum, então, às vezes, ela saía com a gente. Eu já curtia a Debrah antes de sermos apresentados, de fato, porque ela era linda e legal e é fácil gostar dela. Você mesma pode confirmar. Nós saímos todas as noites por seis dias; na sétima, ela disse que queria dormir comigo. Eu nunca tinha transado de verdade, mas, porra, uma garota legal e super gata queria fazer sexo comigo, então é óbvio que eu aceitei — um nó se forma em minha garganta e fica maior a cada elogio, mas eu o engulo. — Ela não estava ao meu lado quando acordei e não atendeu nenhuma das vezes em que telefonei, nem respondeu as mensagens. Depois eu descobri que ela havia apostado com as amigas que dormiria comigo em uma semana. Me senti o maior idiota da face da Terra. Nossas conversas eram legais e nos divertíamos juntos, então realmente achei que ela estivesse afim de mim também.
— Mas que vaca — digo sem pensar.
Castiel me olha com uma sobrancelha arqueada, parecendo agradavelmente surpreso, e um sorrisinho surge em seus lábios.
— Essa é a primeira vez que te ouço xingar assim.
— Bom, é merecido. Como alguém pode brincar com os sentimentos de outra pessoa dessa forma e depois agir como se nada tivesse acontecido? Tem que ser muito cara de pau.
— Não seja tão gentil, Greene, pode dizer “ filha da puta ”.
— Tem que ser muito filha da puta.
Castiel solta uma gargalha, então se inclina e me beija gentilmente, segurando a lateral da minha cabeça. Ele não se afasta quando o beijo termina, deixando nossos narizes encaixados. Sinto cócegas no estômago.
— Sei que não falo muito isso, mas eu te adoro pra cacete — declara, acariciando meu cabelo com o polegar.
Sorrio, beijando-o outra vez.
— Eu sei.

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Fiksi PenggemarNOTA: ESSA HISTÓRIA CONTÉM ERROS DE DATA QUE SERÃO CONSERTADOS POSTERIORMENTE - Você me ignorou a semana inteira - reviro os olhos. - Sua amiga deve estar te esperando. Vai embora. Tento fechar a porta, mas meus movimentos estão lentos demais, ent...