[ 17 de janeiro, segunda-feira ]
A primeira coisa que fiz ao chegar em casa no sábado foi me fechar no quarto com a desculpa de que estava muito cansada. No domingo contei aos meus pais sobre como terei que voltar a São Francisco no fim de semana, deixando de fora toda a confusão com Castiel. Eu mal dormi durante duas noites; estava chateada e irritada, e chorei tanto que meus olhos estão ardendo.
Chego na escola decidida a encontrar Castiel e conversar. Se não resolvermos essa história rápido, tudo pode ficar cada vez pior. Eu o encontro atrás do ginásio. Está fumando um cigarro, meio desgrenhado e seus olhos estão vermelhos e inchados. Parece estar tão arrasado quanto eu, o que é reconfortante. Seu olhar me acompanha conforme me aproximo com passos determinados.
— Podemos conversar? E com conversar eu quero dizer ter uma conversa, não uma briga — ele não responde, então prossigo: — Primeiramente, acho que devo explicar a história do celular. Faltou energia no prédio da i-D e eu e Leigh ficamos presos no elevador por cinco horas. O celular não tinha rede lá dentro e depois minha bateria acabou. Vi as notificações das suas ligações e mensagens quando cheguei em casa.
— Cinco horas?!
— Não comece — ameaço. — Se insinuar qualquer coisa sobre o Leigh, eu juro que dou meia volta e vou embora.
— Eu não ia insinuar nada, só fiquei preocupado.
— Bom. Eu errei ao te acusar de traição, é verdade, porém você também errou, Castiel. Disse que duvidei dos seus sentimentos, mas você não fez o mesmo comigo? Insinuou que eu estava aprontando alguma porque não atendi o telefone. E ainda me chamou de hipócrita! — respiro fundo para controlar o nível de irritação. Isso não é uma briga. — Analise bem a situação: eu te encontrei praticamente pelado com uma garota seminua. Garota essa com quem você já dormiu. Não acha que isso me dá o direito de perder a cabeça por alguns minutos? — Castiel faz menção de falar alguma coisa, mas eu o impeço. — Sua acusação, por outro lado, é infundada. Meu telefone estava desligado; e daí? Eu nunca tive nenhum tipo de envolvimento com o Leigh, nós não temos um passado. Nós até conversamos sobre isso e ele garantiu que nunca tentaria ficar entre nós.
Cruzo os braços para esperar sua resposta, preparada para uma discussão, mas ela não vem. A expressão de Castiel é calma; não há raiva nem nada do tipo em seus olhos.
— Você tem razão — ele diz por fim, apagando o cigarro na parede.
— Sério? Simples assim?
— Eu passei o fim de semana inteiro pensando no que aconteceu. A cena que viu foi, sim, suspeita. Eu disse que acreditaria na sua explicação, mas provavelmente ficaria louco se te visse daquele jeito com outro cara — Castiel passa a mão pelos cabelos e alguns nós se prendem em seus dedos. — Foi imbecil da minha parte ter te acusado de ter feito algo errado. Eu estava de cabeça quente. Estava preocupado por você ter sumido o dia todo, estava puto com a Debrah e fiquei incrivelmente magoado por você pensar tão pouco de mim.
— Pensar pouco de você?— É. Não me diga que não, Greene. Você achou mesmo que eu dormiria com outra garota por causa de um desentendimento. Foi como se tivéssemos voltado meses, anos atrás, quando você não me via como nada além de um idiota. Eu errei, eu sei, e peço desculpas, mas também estou chateado. Sinto como se você não confiasse em mim — ele solta um suspiro cansado. — Eu te chamei pra morar comigo, eu disse mais de uma vez que nunca senti por ninguém o que sinto por você e ainda assim… Eu não sou esse tipo de cara. Não sou um traidor. Eu nunca fui nada além de sincero com você, mesmo quando só brigávamos o tempo todo.
— Eu sei — afirmo calmamente. — Sinto muito por ter te magoado. Eu não te acho um mau caráter, só estava de cabeça quente também. Me desculpe.
— É claro que sim. Também peço perdão.
Assinto.
— O que exatamente aconteceu sábado? Por que a Debrah agiu como se estivesse sendo agarrada à força?
— Porque ela é uma víbora! Já falei várias vezes que você não devia confiar nela. Debrah não é sua amiga, só está se fazendo de boa moça.
— Por que ela faria isso?
— Eu não sei porque ela age como age. Quer saber o que aconteceu? Ela se aproveitou da sua ausência e tirou a máscara. Apareceu lá em casa dizendo que tinha ido cobrar as duas fodas que eu disse que dava para as desculpas dela.
Sinto um gosto amargo na boca. Não acredito que a Debrah fez isso comigo. Agora todo o seu papo sobre Castiel me trocar por uma supermodelo faz mais sentido.— Foi a primeira vez que ela fez isso?
— Com essa cara de pau fodida, sim.
— Mas que… — passos as mãos pelo cabelo, sentindo o rosto esquentar de raiva. — É verdade que vocês se viram na festa do réveillon?
— É.
— Por que não me contou?
— Porque não aconteceu nada de mais. Vamos esquecer a Debrah por ora. Me fala mais sobre São Francisco.
Antes que eu possa responder o sinal toca. Nós desviamos o olhar na direção do som por um segundo antes de nos focarmos um no outro novamente. Apesar de termos nos entendido, algo no ar continua estranho e pesado. Acho que dessa vez demorará um pouco mais para a chateação sumir. Esboço um leve sorriso e começo a me afastar.
— Greene.
Interrompo os passos e me viro. Castiel vem até mim e me abraça. Retribuo com toda a força que consigo reunir em meu corpo cansado.
— Eu te amo — ele diz, depositando um beijo longo no topo da minha cabeça. — Pra caralho. Só você.
E por cansaço e alívio — e um tanto de raiva — começo a chorar.
Pergunta: O que vocês mais gostam sobre relacionamento do Castiel e da Ari?
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You
FanfictionNOTA: ESSA HISTÓRIA CONTÉM ERROS DE DATA QUE SERÃO CONSERTADOS POSTERIORMENTE - Você me ignorou a semana inteira - reviro os olhos. - Sua amiga deve estar te esperando. Vai embora. Tento fechar a porta, mas meus movimentos estão lentos demais, ent...