42

1.1K 140 206
                                    

[ 13 de dezembro, segunda-feira ]


Apesar de termos combinado de fazer alguma coisa quando as sessões de foto acabassem, fico surpresa quando Debrah aparece no Hummingbird. Sei que ela não veio especificamente para me ver porque está acompanhada de três amigas, mas ela acena e se aproxima para me cumprimentar. Ela se curva para me dar um beijinho na bochecha, como minha irmã costuma fazer com as pessoas, me pegando desprevenida. Fico um pouco sem jeito; tirando meu namorado, não costumo cumprimentar ninguém com beijos. 

— Eu não acredito que passei anos morando aqui e nunca tinha visto esse lugar — ela diz, dando uma olhada ao redor. — Obrigada por ter nos trazido aqui, ontem. Gostei tanto, que trouxe algumas amigas para conhecer. A vibe retrô é tão legal! 

— É, eu…

— Boa tarde, ma chérie — Keith me interrompe, se aproximando repentinamente. Ele pega a mão da Debrah e a beija, olhando-a nos olhos. — Meu nome é Keith. Será um prazer servir uma dama tão bela.

Reviro os olhos. Keith usa o mesmo pedaço de papel toalha para assoar o nariz várias e várias vezes quando está com a alergia atacada, mas é só aparecer uma garota bonita que ele vira um conquistador classudo. 

— Que ótimo. Comece atendendo as amigas dela.
Aponto para a mesa onde as três garotas estão esperando, e Keth faz uma careta para mim antes de sair. 

— Ele parece legal — Debrah solta um risinho. — Posso fazer meu pedido pra você?

— Claro — puxo meu bloquinho e a caneta do bolso do avental. — O que vai querer?

Antes que ela possa responder, a voz de Castiel chama nossa atenção vinda do corredor dos sanitários. 

— Aí, Greene, acabou o sabonete do banheiro masculino. 

— Cassy? — Debrah pergunta, surpresa. Castiel interrompe os passos e seus olhos se arregalam ao avistar a modelo. De repente, ela corre até o ruivo e o abraça. — Caramba, não acredito que está aqui! Não nos vemos há um tempão. 

Franzo o cenho diante da cena. Como eles se conhecem? E por que ela o chamou de “ Cassy ”? Desde quando Castiel tem apelidinhos? Ele não retribui o abraço. 

— Debrah. O que faz aqui? 

— Ela é a garota legal de quem te falei — esclareço. — De onde vocês se conhecem?

— Nós saímos por um tempo, um amigo nos apresentou. Você não mudou nada, sabia? Continua um gatinho. 

Forço um sorriso, sentindo o sangue esquentar. Não sou possessiva, mas não posso não me sentir incomodada quando uma garota super linda fica elogiando e tocando meu namorado dessa forma, principalmente porque eles têm um passado. A reação do Castiel não colabora muito para que eu fique tranquila. Ele não parece feliz com a presença da Debrah, contudo, parece meio abalado. Não sei o que aconteceu entre os dois, mas acho que teve alguma importância.

— Você estava dizendo algo sobre o sabonete do banheiro — mudo de assunto, chegando mais perto do ruivo. 

Castiel pisca e olha para mim, como se estivesse saindo de um transe. Isso não está me agradando nem um pouco. Talvez eu devesse ter deixado o Keith prosseguir com suas cantadas baratas. Debrah continua sorrindo, como se não tivesse notado nada de estranho no ar.

— É-é, eu tenho que ir. Nos vemos depois. 

Castiel me dá um beijo rápido e caminha rapidamente até a saída. Eu e Debrah o acompanhamos com o olhar.
 
— Vocês estão ficando? — ela pergunta, voltando-se para mim. 

— Namorando. 

— Que ótimo! Você tem sorte, Castiel é incrível. E as coisas que ele faz na cama... Nossa. Fico quente só de lembrar. 

Torço a boca, desgostosa. Então eles tiveram esse tipo de relação. Claro. Debrah continua sorrindo angelicalmente, como se fosse totalmente ok falar essas coisas sobre o namorado de alguém na frente da pessoa. Um princípio de raiva borbulha na boca do meu estômago, mas me controlo. Algumas pessoas falam o que dá na telha, sem qualquer intenção de provocar ou ser inconveniente. Talvez ela seja desse tipo. Espero que seja, pelo menos, ou essa amizade pode acabar virando um pesadelo. 

YouOnde histórias criam vida. Descubra agora