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[ 17 de janeiro, segunda-feira ]



  Minha irmã sumiu o domingo todo e não tive nenhuma oportunidade de falar com Lysandre até o momento, então o procuro na hora do almoço e o encontro comendo sozinho no refeitório. Todo mundo gosta dele na escola, e é um pouco estranho não ver nem uma única alma pendurada em seu pescoço. Ignoro os protestos do meu estômago e me dirijo à sua mesa sem entrar na fila da comida primeiro. Lysandre leva um pequeno susto quando me sento. 

  — Oi — sorrio. — Como foi tudo sábado? 

  — Castiel não te contou? — nego com a cabeça. — Eu amarelei. Cancelei tudo com a banda e levei a Ana para comer pizza. 

  — Não acredito. Por que fez isso? 

  — Fiquei muito nervoso. Além do mais, se desse errado eu não teria ninguém pra me consolar, já que você e Leigh estavam fora. Falando nisso, meu irmão me contou o que aconteceu. Que droga. 

  — Tudo bem, vão me dar outra chance — faço um gesto com a mão para que ele deixe esse assunto de lado. — Você precisa contar pra Ana o que sente. 

  — E se ela não sentir o mesmo?

  — Pelo menos você vai saber. 

  Castiel tem razão, eu sou uma hipócrita. Não deixei Lysandre saber o que eu sentia por ele, e agora estou o aconselhando a fazer exatamente o contrário. No entanto, era dolorosamente óbvio que minha paixonite não era recíproca; com Ariana não há como ter certeza. Seria estupidez deixar alguém como Lysandre escapar. 

  — E acho que é você quem deveria cantar. Aposto que minha irmã acharia bem mais significativo. 

  — Eu não sei não, Ari — ele cutuca o purê de batatas com o garfo, mas não come. — Eu repensei toda essa história de declaração e não sei se vale a pena. Se a Ana não gostar de mim também nossa amizade pode ficar estranha. Eu prefiro ter ela como melhor amiga do que não tê-la de jeito nenhum. 

  Lysandre é tão adorável que solto um barulhinho involuntário vindo direto do meu coração aquecido. 

  — Acho que as coisas acontecem como tem que acontecer. Às vezes é melhor se arrepender de algo que fez do que de algo que não fez. 

  — Diz isso por experiência própria? 

  — Vi na internet — ele ri. — Mas não deixa de ser verdade. Acho que se não se abrir, vai passar o resto da vida se perguntando o que teria acontecido se tivesse se declarado — me aproximo para tocar seu ombro. — Não precisa me ouvir, Lys, eu não sou dona da razão nem nada. Mas se decidir abrir seu coração, pode contar comigo. 

  — Valeu, Ari.
 
  Lysandre sorri, acariciando minha mão. Sorrio de volta e aperto seu ombro antes de ir para a fila do almoço. 

                                          °

  — Cinco horas?! — os olhos de Keith se arregalam. — Caramba, Arianinha, que merda. 

  — Poderia ter sido pior. Eu e Leigh conversamos bastante, até dormimos um pouco. Acordamos com as portas abrindo — decoro cuidadosamente o copo de frapuccino com a lata de chantilly. — Mas foi ruim ter ficado sem rede, não consegui falar com o Castiel o dia todo. 

  — Ele parecia bem mal humorado quando nos falamos. 

  — É, a gente brigou. Já conversamos, mas sei lá, ainda está estranho. 

  — O que aconteceu? 

  — Leigh. E Debrah. 

  — Estou ciente do ciúme do Castiel, mas o que sua amiga super gata tem a ver com essa história? — coloco o frapuccino e o chá na bandeja e Keith a pega. — Espera. Vou levar isso e depois você me conta tudo. 

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