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[ 24 de maio, sábado ]

 

  — Não é doido como meus pais vão ter outro filho?

  — Ainda está pensando nisso? — Castiel questiona, interrompendo o ataque ao meu pescoço. — Eles foram embora há horas.

  — Claro que estou pensando nisso, eu vou ter um irmão!

  — Ou irmãos.

  — Não está ajudando. Nessa idade, vai ser quase como ter um filho.

  — Não, não vai. Talvez para a sua irmã, mas você não mora mais com eles — ele retoma os beijos. — A coisa mais perturbadora nessa história é seus pais ainda transarem, isso sim.

  — Eles não têm noventa anos — reviro os olhos. — Não acha que seus pais continuam com a vida sexual ativa?

  — Na boa, Greene, a única vida sexual que me interessa no momento é a minha. Ou melhor, a nossa — ele interrompe os beijos outra vez para me olhar nos olhos. — Não está a fim? Tudo bem se não estiver, mas vou ter que pedir licença e ir bater uma no banheiro.

  — Pedir licença para se masturbar não é um pouco ridículo?

  — Desculpe, mas meus pais criaram um lorde.

  Castiel sempre consegue tirar uma risada de mim com essas piadinhas idiotas, e agora não é diferente. Sei que ele não está brincando sobre bater uma porque posso senti-lo duro através da calça de moletom, como se não estivesse usando cueca — o que eu sei que está, pois o elástico ficou de fora o dia todo. Meu pai lançou vários olhares atravessados, embora não tenha feito nenhum comentário.

  Meus pais e Ariana não ficaram muito depois que a notícia foi dada. Castiel e eu comemos nossos waffles depois de eles irem embora, depois demos uma boa limpada na casa e tomamos um banho. Agora estamos matando o tempo até a hora do jantar e, depois de uma semana sem toques íntimos por conta do cansaço, estou tão a fim quanto ele. Na verdade, foi bem difícil me segurar o dia todo com Castiel desfilando por aí com as tatuagens expostas e o cabelo escuro sexy.

  — Então, amor? Sim ou não?

  Sua voz rouca, carregada de desejo, envia um arrepio que desce pela minha espinha e vai parar direto entre minhas pernas. Em vez de uma resposta verbal, enlaço meus braços ao redor de seu pescoço e o puxo para um beijo caloroso. Castiel desliza uma mão por baixo da minha camiseta e segura minha cintura. Isso basta para fazer minha pele esquentar, mas gostaria que seus dedos se aventurassem mais para cima ou mais para baixo. Como se lesse meus pensamentos, ele enfia a mão sob o short e agarra minha nádega esquerda. Emito uma espécie de ganido.

  — Preciso conferir se temos preservativos.

  — Jura? Não podia ter feito isso antes de tomar a iniciativa? — reclamo enquanto Castiel se levanta e se dirige ao guarda-roupas.

  — Se você não estivesse no clima eu não precisaria de um preservativo — ele se justifica, abrindo a gaveta de cuecas. Decido agilizar o processo e tiro a camiseta, jogando-a no chão. — Quer de quê?

  — Como assim?

  — Tem normal, de uva, de morango...

  — Desde quando compra preservativo saborizado?

  — Levo o que tem disponível, Greene.

  — Tá, tanto faz. Pega qualquer uma, não importa, só anda logo.

  Ele solta um risinho grave, fecha a gaveta e se vira com uma embalagem preta em mãos. Suponho que tenha escolhido o normal. Me apóio nos cotovelos; seus lábios se abrem em um sorriso predatório enquanto ele se aproxima devagar, como se fosse uma fera faminta e eu, a presa encurralada. Isso envia outro arrepio pelo meu corpo.

  — Esperei por esse momento o dia todo — Castiel confessa, jogando o preservativo na cama, depois segura o cós do meu short com ambas as mãos e o desliza pelas minhas pernas até tirá-lo de vez. — Eu te faria implorar, garotinha, se não estivesse tão igualmente desesperado.

  Sorrio lentamente com a boca fechada. Seus olhos viajam por meu corpo como se eu fosse a mulher mais sensual do mundo, apesar de estar usando uma calcinha grande com um desenho do Snoopy e um sutiã velho. Talvez eu deva começar a usar, de fato, os conjuntos de lingerie que comprei. Castiel avança sobre mim para iniciar outro beijo. Deslizo as mãos por suas costas até chegar ao cós da calça, e estou pronta para tirá-la quando alguém bate na porta.

  — Só pode ser brincadeira — Castiel resmunga.

  — Vamos ignorar. Seja lá quem for, talvez vá embora.

  — Hm, eu adoro suas ideias — ele sorri e retoma o beijo.

  Mais batidas. Continuamos a ignorar, então a pessoa começa a bater freneticamente. Castiel bufa e se levanta.

  — Eu vou matar o Keith.

  — Você nem sabe se é ele.

  — Só pode ser. Quem mais é inconveniente a esse ponto?

  — Deixa que eu atendo. Fique aqui.

  Visto a camiseta, que chega até quase a metade das coxas, e saio do quarto. Keith está com o punho no ar quando abro a porta, pronto para continuar batendo. É, Castiel tinha razão. Ele me analisa de cima a baixo.

  — Por que está toda descabelada? Não me diga que já estavam dormindo.

  — Não exatamente. Por que está aqui?

  — Ui, quanta agressividade. É sábado à noite, Arianinha, vamos sair!

  — Dá licença, você não tem um namorado pra te entreter? — Castiel pergunta irritadamente, vindo até nós.

  Keith o analisa também.

  — Ah, saquei. Interrompi alguma coisa.

  — Sim! Só pra variar.

  — Podia pelo menos ter se livrado dessa ereção antes de vir gritar comigo.

  — Vou me livrar é de você, seu pé no saco.

  — Qual é, pessoal! Mark e Jake já toparam. Está quente pra cacete, vamos beber alguma coisa — ele nos empurra para dentro do apartamento e segura a maçaneta da porta. — Vão lá, terminem o que estavam fazendo. Vou ver o Leigh e mando uma mensagem pra dizer onde vamos nos encontrar.

  — Ô, seu merda, por que não mandou a porra da mensagem em vez de vir aqui?

  — Vou ignorar seus xingamentos porque sei que está irritadinho por conta de blue balls.

  — Blue balls é o meu...

  Antes que Castiel termine a frase, Keith fecha a porta e o ouvimos correr para o elevador.

  — Esse cara é a versão ainda mais irritante do Mestre dos Magos — Castiel declara antes de me prender contra a porta. — Onde foi que nós paramos, meu bem?

  Mordo o lábio, sorrindo, e o puxo para mais perto pelas cordinhas da calça.

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