[ 07 de janeiro, sexta-feira ]
— Você sabe que não precisa sentir ciúmes do Leigh, não é? — sussurro, acariciando o queixo de Castiel com o indicador. — Nem do Lysandre, para efeito de conversa.
Castiel mantém os olhos fechados. Agora é pouco mais de nove horas, mas entendo o cansaço; depois do que fizemos, também me sinto exaurida. Estamos aconchegados na cama, e a única iluminação vem dos outros cômodos através da fresta da porta encostada. Me esforço para manter os olhos abertos, já que só posso ficar até às dez e meia. O ruivo chega um pouco mais perto, a mão acariciando meu quadril por cima da camiseta que ele me emprestou.
— Não consigo evitar — ele confessa baixinho. Estamos sozinhos no apartamento, mas é como se falar alto fosse estourar a bolha de conforto e intimidade em que estamos. — Por mais que eu odeie admitir, eles são opções melhores que eu. Leigh é, pelo menos.
Franzo o cenho, virando-me totalmente em sua direção.
— Por que acha isso?
— Porque — ele abre os olhos — é verdade. Ele é verdadeiramente independente e é empresário e, num conceito geral, eu sei que é exatamente o tipo de cara com quem seus pais gostariam de te ver. Um almofadinha endinheirado. Se Lysandre se sair bem nessa, pode apostar que eles ficarão mais felizes pela sua irmã do que por você.
Meu coração aperta porque ele provavelmente está certo. Não faz a menor diferença, entretanto. Estou plenamente feliz com Castiel e é isso o que importa.
— Está se comparando injustamente. Sua vida vai começar agora; quem garante que não terá tanto sucesso quanto Leigh? Você pode se tornar um grande músico. E mesmo que não se torne, mesmo que tenha um emprego normal ou sei lá, eu ainda vou preferir você a qualquer outro homem — asseguro com a voz firme e suave ao mesmo tempo. — Por favor, eu quero que acredite quando digo que Leigh é só um amigo. E eu também sou só uma amiga para ele. Confie em mim.
— Eu confio, mas também tenho medo de te perder. Deixei que minhas inseguranças falassem mais alto.
Levo minha mão ao seu rosto para acariciá-lo, mas Castiel a segura e beija minha palma. Sorrio.
— Sabe, é até legal saber que eu não sou a única com inseguranças nesse relacionamento.
— O que posso fazer? — Castiel pisca preguiçosamente. — Pareço um deus grego, mas sou apenas humano. — rio, fazendo com que ele sorria. — Pode parecer clichê, mas eu nunca me senti assim antes, Greene. Já me apaixonei, claro, mas nunca desse jeito. Às vezes sinto que posso entrar em combustão só por ver seu sorriso. Acho que estou enlouquecendo.
— Talvez nos coloquem na mesma camisa de força — brinco, porque não sei mais o que dizer diante de tanta honestidade, de palavras tão bonitas. Eu passei a vida toda consumindo livros e filmes de romance e talvez essa declaração não seja digna de um best-seller, mas eu não a trocaria por nenhuma outra. Castiel solta um risinho. — Eu tomei uma decisão depois de falar com Leigh. Ainda precisaremos conversar direito sobre isso, mas se tudo estiver bem entre nós até junho, então, sim, eu quero morar com você.
— Isso é sério?
— Uhum. Pensar nisso me dá medo, mas eu quero fazer isso. Quero segurar sua mão e embarcar em uma nova fase de nossas vidas. Quero que passemos juntos pelas mudanças.
— Tudo bem, Greene, já entendi — seu tom é provocador, assim como o sorriso. — Se continuar falando eu vou acabar te pedindo em casamento, com aliança e tudo.
— Como se você tivesse uma aliança — zombo.
— Duvida de mim? — Castiel se levanta com um impulso e vai até o guarda-roupas. Ele fuça no móvel por um instante, depois se vira com um pequeno embrulho em mãos. Meus batimentos cardíacos aceleram por meio segundo antes de eu perceber que não é uma caixinha onde alianças costumam vir. — Eu fui ao centro da cidade hoje à tarde pra comprar algumas palhetas. Vi isso quando passei por uma loja e lembrei de você.
Me sento na cama para abrir o pequeno embrulho, e Castiel se acomoda ao meu lado depois de acender o abajur. Meus dedos trabalham na fita adesiva rapidamente, movidos pela curiosidade, e viro o conteúdo do pacote na minha mão quando finalmente consigo abri-lo. Meu coração dá um salto. Seguro a corrente dourada e a levanto até o anel, também dourado e com palavras na língua proibida de Mordor gravadas na superfície, ficar diante de meus olhos.
— O Um anel — digo em um sopro.
— Para a minha garotinha nerd fã de Tolkien — sorri. — Provavelmente não vai durar muito, mas não pude deixar de comprar.
Coloco o colar — que é grande o suficiente para que eu o passe pela cabeça sem precisar abrir o fecho — com empolgação. Eu já assisti O Senhor dos Anéis mais vezes do que posso contar, mas não costumo falar muito sobre isso com Castiel. Saber que ele se lembrou desse pequeno detalhe sobre mim faz com que eu me apaixone ainda mais.
— Eu amei demais! Com um anel desse, eu com certeza me caso com você. Mas fique sabendo que com ele eu terei o poder de te controlar eternamente.
Castiel solta um riso debochado.
— Eu estou ajudando o Lysandre, você já me controla.
Mostro a língua.
— Esse foi um presente incrível. Quero retribuir.
— Não precisa, Greene, foi espontâneo.
— Mesmo assim, deve ter alguma coisa que você queira — insisto. — É só pedir e eu te dou.
O ruivo assume uma expressão pensativa, então olha para mim com um sorriso malicioso enquanto balança as sobrancelhas pra cima e pra baixo. Empurro seu ombro.
— Otário.
Castiel solta uma gargalhada. Fico feliz por estarmos bem.
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ФанфикNOTA: ESSA HISTÓRIA CONTÉM ERROS DE DATA QUE SERÃO CONSERTADOS POSTERIORMENTE - Você me ignorou a semana inteira - reviro os olhos. - Sua amiga deve estar te esperando. Vai embora. Tento fechar a porta, mas meus movimentos estão lentos demais, ent...