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[ 18 de dezembro, sábado ]


— Por que eu deixo você me convencer dessas coisas? — Castiel resmunga, bufando, enquanto caminhamos em direção ao pequeno restaurante.

— Porque você gosta de mim — constato, entrelaçando nossos dedos. — Ou, talvez, porque eu seja filha de Afrodite e tenha o poder da persuasão.

— Se foi uma referência, não entendi.

— Qual é, Heróis do Olimpo. Piper McLean — Castiel dá de ombros. — Sabe quem é Percy Jackson, pelo menos?

— Aquele cara da aula de química?

— Eu quero divórcio.

— Depois de tudo o que eu fiz por você e pelas crianças? Eu devia ter escutado a mamãe.

Estamos rindo quando entramos no estabelecimento, mas paramos quando avistamos a Debrah. Ela também não demora para nos notar, e acena animadamente. Aperto a mão de Castiel, esperando sentir alguma tensão, mas não há nada além de indiferença. É verdade, o ruivo não dá a mínima; o que aconteceu no passado não o afeta mais. Fico aliviada.

— Vamos acabar logo com isso.

Apesar da visível empolgação, Debrah não tenta nos cumprimentar fisicamente. Nós nos acomodamos lado a lado e de frente para a modelo.

— Que bom que estão aqui — ela sorri. — Fiquei com medo de levar um bolo.

— Nós não faríamos isso.

— Eu faria — Castiel retruca. — Estou aqui pela Ariane, não por você. Que fique registrado que estou dando duas fodas pelas suas desculpas esfarrapadas.

Debrah baixa os olhos, e eu suspiro. Já estava esperando uma reação como essa, mas a situação ainda é meio chata. Enfim, a Debrah pediu por isso.

— Sei que ainda está zangado comigo, e você tem toda a razão. O que eu fiz foi muito errado. Se alguém tivesse feito a mesma coisa comigo, eu ficaria arrasada.

— Tá, vamos direto ao ponto. Você está perdoada. Era só isso? Vamos embora.

— Espera! É um restaurante, não vão nem comer?

— Vamos, sim. Em outro lugar.

Castiel não espera uma resposta, apenas se levanta e sai do restaurante. Lanço um olhar de piedade para a Debrah. Se alguém falasse assim comigo, é bem provável que eu acabasse chorando. Mas ela não parece triste, só um pouco decepcionada.

— Desculpe por isso — digo, ficando em pé.

— Tudo bem, acho que mereci esse tratamento.

— Bom, então... A gente se vê.

Encontro Castiel sentado do lado de fora do restaurante, numa pequena amurada; há um cigarro aceso entre seus dedos. Me sento ao seu lado.

— Para alguém que não dá a mínima, você pareceu bem aborrecido.

— Essas coisas me irritam — declara, dando uma tragada. — Algumas pessoas sacaneiam outras propositalmente e acham que podem resolver tudo com um pedido de desculpas. Fala sério.

— Tudo bem, deixa pra lá. Você não tem mais que vê-la — acaricio seu braço em uma tentativa de melhorar os ânimos. Sorrio — Não acredito que me chamou pelo primeiro nome.

— O que? Quando?

— Lá dentro. Eu vim pela Ariane, não por você — faço uma imitação péssima da sua voz.

— Impossível. Eu falei " Greene ", tenho certeza.

— Não dessa vez, Chase — me levanto, estendendo as mãos para ajudá-lo a ficar em pé também. Ele joga o cigarro no chão e pisa em cima, depois aceita minha ajuda. — Venha, vamos comer alguma coisa. Você me chamou de Ariane pela primeira vez em sete anos, é um marco histórico, temos que comemorar. Eu pago a sobremesa.

— Sobremesa, é? Alguém está querendo me ver pelado.

Estapeio seu braço, rindo, e vamos em direção ao carro. Dou a partida enquanto Castiel procura uma estação de rádio boa. Quando o fluxo de veículos diminui e nós finalmente conseguimos sair do lugar, o ruivo diz:

— Acho que nunca te disse isso, mas fiquei feliz quando seu tornozelo ficou bom e você pôde voltar a dirigir.

— É, eu gosto de estar atrás do volante.

— Não só por causa disso. Eu detesto dirigir.

— É mesmo? Então, por que resolveu me dar aquelas caronas?

— Porque você eu não detesto.

Sorrio. Castiel aumenta o volume quando Kiwi começa a tocar. E é assim, ao som de Harry Styles, que nos afastamos cada vez mais do pequeno restaurante.


Feliz Sábado, galerinha! Esperem pelo dia 22 ( na história, não na vida real ) :)

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