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[ 22 de novembro, sexta-feira ]






Um mês. Hoje faz um mês que Castiel e eu temos nos pegado em segredo pelos cantos; no apartamento dele, nos fundos do Hummingbird e em salas vazias na escola. A sensação de fazer algo proíbido ainda é bem excitante, mas me sinto muito culpada ao mesmo tempo. Ver a confiança nos olhos dos meus pais — principalmente do papai — sempre que invento uma história sobre onde estou indo e o que farei lá faz meu coração ficar apertado. A pior parte é que não só eu tenho mentido, mas Ariana e Lysandre têm mentido também para me ajudar. Não que eles pareçam muito incomodados.

Já pensei em contar a verdade várias vezes durante esse tempo, mas não tive coragem. Começo a suar só de imaginar a cara de decepção e raiva que meu pai faria; ele me deixaria de castigo pelo resto do ano letivo e, pior, provavelmente me proibiria de ver o Castiel. É tão estranho… Antes eu não poderia me importar menos se o ruivo sairia da minha vida, mas, agora, não gosto nem de pensar nessa possibilidade.

Foi o sentimento de culpa que me fez optar por ficar em casa hoje, apesar de o resto da família ter saído e do convite de Castiel para irmos ao cinema. O céu está limpo e estrelado, e o aplicativo de clima diz que não há chances de chover essa noite, então ficarei bem.

Depois de preparar uma tigela de pipoca e pegar uma barra de chocolate, vou para o quarto e me acomodo na cama com meus lanchinhos e o notebook. Estou no terceiro episódio de The Big Bang Theory quando ouço batidas na janela, como se um pássaro estivesse bicando o vidro. Franzindo o cenho, coloco o notebook de lado e vou conferir o que está acontecendo. 

— Rapunzel, Rapunzel, jogue suas tranças para mim! — Castiel grita quando coloco a cabeça para fora. 

É disso que estou falando. Como eu poderia ficar longe disso? Nunca fui muito ligada a romantismo, mas é difícil não derreter um pouco toda vez que Castiel faz coisas desse tipo. Observo-o parado lá embaixo, coberto pela luz prateada da lua e com os cabelos vermelhos esvoaçando com o vento, e solto um suspiro involuntário. Ele é tão bonito quanto um elfo do universo do Tolkien, e não entendo como pude nunca ter notado isso antes. 

— O que está fazendo aqui? 

— Você parecia um pouco triste nas mensagens, então vim te animar. Trouxe mistura de chocolate quente e mini marshmallows — ele levanta a sacola que está segurando. — Pode me deixar entrar, antes que eu congele aqui fora?
Corro escada abaixo com um sorriso bobo no rosto, que fica maior ainda quando abro a porta e encontro o ruivo já esperando. 

— Não consegue ficar longe de mim, não é? — provoco, apoiando os braços ao redor de seu pescoço. 

— Eu só vim porque você ficou morrendo de medo da última vez em que ficou sozinha em casa, e um bom cavalheiro não deixa uma dama em apuros. 

— O que seria de mim sem você? — pergunto baixinho contra seus lábios, o beijando em seguida.

Nós preparamos o chocolate quente em meio a conversas leves e banais e algumas provocações. Castiel deixa para perguntar o motivo do meu desânimo depois de nos acomodarmos na cama. 

— Sinto muito que esteja se sentindo assim — ele tenta me consolar, acariciando meu cabelo. — Tem algo que eu possa fazer pra ajudar? 

— Não — suspiro. — Mas gostei que tenha vindo. Estar com você é um problema, mas eu gosto tanto! 

— Valeu, eu acho. Quer continuar com o que estava assistindo? 

Quarenta minutos e dois episódios depois, nossas canecas vazias estão no chão ao lado da cama, junto com a tigela de pipoca. Ainda é bem cedo, mas o calor que emana do corpo de Castiel em conjunto com seus batimentos cardíacos tranquilos me deixam sonolenta. Acho que nunca estive tão confortável na minha própria cama. Ainda assim, a sensação ruim que estava sentindo antes não vai totalmente embora. 

— Essa Penny é bem gata, né? — o ruivo comenta. — Eu não costumo sentir muita atração por loiras, mas caramba! 

— Ei! — protesto, me desencostando dele. — Qual é? 

— Desculpa, Greene — apesar de suas palavras, sua expressão é divertida. — Eu estou na cama com você, não deveria falar de outra mulher. Foi antiético. 

— Fica quieto, seu mala — volto para a posição anterior. — Ela é muito bonita mesmo. E talentosa. Algumas pessoas têm mesmo muita sorte. 

— Olha quem fala. A morena bonita que sabe tirar ótimas fotos e cantar. 

Reviro os olhos, sorrindo, e ajeito a posição para poder beijá-lo. No início o beijo não passa de um leve encostar de lábios, mas Castiel logo trata de aprofundá-lo. Em poucos segundos nos transformamos em uma bagunça de línguas, mordiscadas e suspiros, enquanto a mão do ruivo desliza pela lateral do meu corpo. 

— Espera, espera — ele interrompe. — É melhor colocar o notebook em outro lugar antes que caia no chão. 

E é o que ele faz, antes de voltarmos de onde paramos. Quando dou por mim, estou deitada com Castiel em cima de mim. Seus lábios viajam por meu pescoço deixando um rastro quente e molhado e fazendo meu corpo todo arrepiar, enquanto uma de suas mãos segura minha cintura firmemente por debaixo da blusa do pijama. Sei o que pode acontecer se continuarmos com isso, mas a sensação é tão boa que não consigo dar um basta. 

— Sua pele tem gosto de morango — ele diz entre beijos.

— É meu hidratante corporal — informo, um pouco sem fôlego. 

Minha mente está nublada de excitação. Apesar de nada de mais estar acontecendo de fato, esse é o mais longe que Castiel e eu já chegamos. Quer dizer, ele já beijou meu pescoço antes, mas nunca desse jeito. Seus dentes dão uma leve mordiscada na pele sensível da minha garganta, enviando pulsações entre as minhas pernas. Solto um gemido involuntário.

— Não faz isso — o ruivo pede, interrompendo os beijos. Sua voz está mais rouca que o normal. 

— O quê? 

— Esse som. Se fizer isso, não vou conseguir parar. 

Talvez eu não queira que você pare. É o que fica na ponta da minha língua, mas não digo nada — são meus hormônios falando. Estou no meu período fértil, e aposto que isso está me enviando impulsos para procriar. Não vai acontecer. 

— Foi mal — digo por fim. — Quer continuar assistindo a série? 

— Tudo bem — ele sai da cama. — Só vou ao banheiro primeiro. Já volto.

Assim que ele sai do quarto, aproveito para me olhar no espelho. Estou toda desgrenhada, vermelha e minhas pupilas estão dilatadas. Agora que paramos, estou dividida entre sentir constrangimento e querer que voltemos ao que estávamos fazendo. Eu não tenho planos concretos de perder a virgindade só depois do casamento, tampouco pretendo dormir com qualquer um, mas Castiel e eu estamos juntos há pouco tempo e nem temos nada sério ainda. Não é hora de termos esse tipo de intimidade. 

— A que horas seus pais chegam? — o ruivo pergunta quando volta para o quarto.

— Daqui a umas duas horas, provavelmente. Eles foram jantar com um casal de amigos. Por quê? 

— Por nada. 

Ele volta para a cama comigo e, dessa vez, tento não ficar muito perto. 

Eu disse que ia atualizar mais 2 capítulos da outra história, mas aqui estamos!

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