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[ 16 de outubro, quarta-feira ]




Apesar de tudo o que Castiel disse mais cedo, ele não está se esforçando nem um pouquinho para não fazer isso parecer um encontro. Eu nunca estive em um encontro antes e não sei como essas coisas funcionam, mas tenho quase certeza de que uma saída casual não inclui comida caseira. Quer dizer, desde quando Castiel Chase sabe cozinhar? É só o que consigo me perguntar enquanto observo o ruivo, sentada à mesa com meio copo do mesmo vinho barato da última vez.

— Quando me convidou para jantar, imaginei que comeríamos uma pizza ou sei lá — expresso meus pensamentos em voz alta. — Estou surpresa por você preparar a comida. 

— Um homem não pode viver só de deliverys — Castiel dá uma olhada rápida por cima do ombro. — É por isso que compro comida congelada também. Tire da embalagem, coloque no forno por vinte minutos e pronto. É mágico.

Solto uma risada mais alta que o esperado. Acho que não devia ter aceitado uma segunda dose de vinho. 

— Se vamos comer comida congelada, o que está fazendo aí exatamente? 

— Preparando um belo molho de tomate. Está nas instruções da caixa do nhoque — ele se vira com uma faca na mão. Na pia, atrás dele, há alho e cebola picados numa tábua de madeira. — E fique você sabendo que meu molho de tomate é o melhor que você vai comer na vida. 

— Eu duvido muito, mas não vou julgar antes de provar. 

— Vai pagar a língua, garotinha. Pode ralar um pouco de queijo?

— É claro.

Castiel pega um ralador, uma tigela e um pedaço de mussarela, e deposita tudo na minha frente. Ficamos uns minutos em silêncio, cada um concentrado em sua própria tarefa, até que minha mente começa a se encher de questionamentos em relação ao garoto parado na frente do fogão. Dou uma olhada discreta em sua direção. Ele está mexendo o molho com calma enquanto cantarola alguma coisa baixinho.

— Posso perguntar uma coisa? — pego algumas lascas de queijo que caíram na mesa e enfio na boca. Castiel olha para mim. — Você pegou o carro do seu amigo emprestado só para me ajudar? 

— Sim — ele confirma suavemente, voltando a atenção para a panela. Fico um pouco surpresa por obter uma resposta sincera tão facilmente. 

— E por que isso? 

— Porque, Greene, como eu já disse antes, eu gosto de você e isso me faz agir como um maldito cachorrinho. E da última vez que você não conseguiu dirigir, aquele mané do Lysandre te deu caronas. Eu quis passar na frente dessa vez. 

Um sorriso involuntário se forma em meu rosto. Sou obrigada a admitir que isso é fofo. 

— Pra falar a verdade, Lysandre se ofereceu para me ajudar. Só que eu recusei. 

— Recusou? — suas íris escuras me miram novamente. — Por que? 

Dou de ombros. Não voltamos a conversar até o nhoque ir para o forno. Enquanto esperamos os vinte minutos, Castiel pega uma bolsa de gelo e coloca sobre meu tornozelo, que está apoiado em sua coxa. Tento dizer que não é necessário, que já fiz isso de manhã, mas não adianta. Apesar de ficar um pouco tímida, é legal ser o alvo da preocupação de uma pessoa que não seja da minha família. Saber que ele se importa faz meu estômago se agitar.

— Qual filme vamos assistir? — pergunto, tentando não pensar na massagem gentil que seus dedos compridos estão fazendo na minha panturrilha.

— Você quem decide. Tem algum preferido? 

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