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[ 02 de maio, sábado ]




  Estou na cama, encarando o teto com um braço sob a cabeça, quando Leigh sai do banho. O cheiro de sabonete que vem dele é bem forte e gostoso, e o pijama de cetim cheira a amaciante enquanto ele entra debaixo das cobertas com um livro em mãos.

  Ainda ficamos um bom tempo conversando — ele, Rosalya e eu — depois de todos irem embora e Lysandre ir para a cama. São quase três da manhã agora. Nós três ficamos tomando vinho e mais ouvi do que falei enquanto eles relembravam histórias antigas. Rosalya é gente fina pra cacete e estava uma deusa naquela camisola de cetim roxo. Cetim. Eles usam o mesmo tecido pra dormir. Agora ela está no quarto de hóspedes; o mesmo que utilizo de vez em quando.

  Na boa, não sei porque estou incomodado. Não é exatamente ciúmes o que sinto. Talvez seja insegurança. Rosalya é super gata, simpática e bem sucedida em sua área, que também envolve roupas. Os dois parecem perfeitos juntos. Porra, acho que estou gostando pra valer desse cara. Não costumo me sentir inseguro e estou odiando isso.

  — Você está quieto — Leigh diz de repente. — Algum problema?

  — Não — respondo olhando para ele, que está lendo. — É o sono chegando.

  — Mesmo?

  — É. Acho que não aguento mais o batidão.

  Ele ri.

  — Como vai ser um astro da música desse jeito?

  — Vou ser um astro que vai pra cama às 23:00.

  Leigh sorri e balança a cabeça. Ficamos em silêncio por vários minutos, mas minha mente está barulhenta. Que porcaria. Francamente, eu não me lembrava que a paixão vem acompanhada de neuroses. Minha cabeça cria cenários sem permissão. Por que? Leigh está na cama comigo agora, não com a Rosa. Ela nem demonstrou nenhum tipo de segunda intenção durante toda a noite, e tenho certeza de que é uma pessoa decente, então por que essa palhaçada? Talvez eu precise de uma confirmação para aquietar. Preciso ouvir da boca do Leigh que não há nenhum resquício de interesse entre os dois, aí vou poder dormir em paz.

  — Acha que ainda há chances de acontecer alguma coisa entre você e a Rosa?

  Olhos cinzentos me encaram com espanto e o livro se fecha.

  — Perdão?

  — Você e a Rosa — repito. — Ainda rola um sentimento?

  — Claro que não, Keith. Por que está me perguntando isso?

  — Porque ela é uma gostosa bem sucedida que tem uma história contigo, e eu sou um magrelo baixinho no início da carreira que te conhece há menos de um ano. O lado dela pesa mais na balança, né?

  — Rosalya e eu somos amigos. Nosso relacionamento foi breve e aconteceu há muito tempo. Eu a amo, é claro, mas não dessa forma. Acredite, Keith, eu não estaria com você se estivesse minimamente interessado em outra pessoa.

  — Jura de dedinho?

  — Você é muito fofo — ele sorri, enganchando o mindinho no meu. — Juro de dedinho. Satisfeito?

  — Super.

  — Que bom.

  Leigh afasta algumas mechas de cabelo do meu rosto e se inclina para me beijar. Agora que minhas inseguranças se acalmaram, retribuo o beijo de bom grado. Ele desliza para mais perto, enfiando a língua na minha boca, e faz uma leve pressão para que eu me deite. Seu corpo fica parcialmente por cima do meu.

  — Parece que alguém bebeu vinho demais — provoco.

  — De jeito nenhum — ele responde, beijando o ponto logo abaixo do meu maxilar. Sua mão segura meu rosto com firmeza. — Só quero sanar qualquer dúvida que possa ter sobre o quanto quero estar contigo.

  — Ah, é mesmo? Jeito interessante de fazer isso.

  — Estou indo longe demais?

  — Nem um pouco.

  Ele volta a beijar minha boca, e a mão que estava em meu rosto desce e se enfia sob a minha camiseta. Meu abdômen se encolhe brevemente ao sentir as pontas de seus dedos, e passo meus braços ao redor de seu pescoço. Já posso sentir meu pau endurecendo. Arqueio as costas e levanto a cabeça para que Leigh tire a minha camisa. Seus beijos descem para o meu peito e continuam até chegar no cós da calça de elástico. Estou em chamas. O acompanho com os olhos e posso ver minha pele ficando vermelha.

  Leigh abaixa minha calça e cueca até os joelhos, fazendo meu pênis vergonhosamente ereto saltar para fora. Ele me lança um sorrisinho, arqueando as sobrancelhas. É, eu não transo há um tempo, e daí? Solto um gemido constrangedor assim que sua língua quente e úmida entra em contato com a pele sensível. Leigh não faz joguinhos ou provocações. Ele me chupa habilidosamente e usa a mão para terminar o trabalho quando anúncio que estou prestes a gozar. Me contorço de satisfação o tempo todo — hora agarrando os lençóis, hora bagunçando seus cabelos — e solto um ruído rouco quando chego ao orgasmo.

  Leigh beija meu quadril e limpa minha barriga com um lenço umedecido que pega na gaveta da mesa de cabeceira, antes de colocar minhas calças de volta no lugar. Ainda estou recuperando o fôlego enquanto ele se senta ao meu lado.

  — Então?

  — Onde você esteve durante toda a minha vida? — pergunto, fazendo-o rir. — Sério, o que foi isso? Como você pode ser tão bom com a língua, senhor Inocente?

  — Não sou inocente.

  — Realmente — concordo, me sentando também. — Sinto que te devo uma agora.

  — Não me deve nada. Não tem que fazer nada que não queria ou que não se sinta pronto para fazer.

  — Não, eu quero tentar. Não sei se mando tão bem quanto você porque nunca fiz um oral em outro cara, mas talvez eu tenha um dom natural. Nenhuma mulher nunca reclamou.

  — Tem certeza disso? Não se sinta pressionado.

  — Você parece fofo demais para um homem que estava com a boca no meu pênis há dois minutos — brinco, e suas bochechas ficam rosadas. — Ah, não, me diz que você não está corando depois de me fazer um boquete! Leigh Frey, você é uma figura.

  — Pode parar de falar assim? Sei o que fiz, mas está me deixando constrangido.

  — Desculpa, meu linguajar é muito chulo para vossa senhoria? — forço um tom rebuscado. — Devo usar palavras como " falo " em vez de " pênis ", e " trabalho oral " em vez de...

  Leigh cobre minha boca com a mão.

  — Está bem, já chega, vamos dormir.

  — Espera — peço, me livrando de sua mão. — Tenho uma coisa pra fazer, lembra?

  — Não, suas piadinhas me fizeram brochar.

  — Não existe uma palavra chique pra isso?

  — Boa noite, Keith.

  Rio alto enquanto apagamos as luzes, e me sinto muito mais leve enquanto ele se acomoda em meus braços.


  Era pra Ariana e o Lysandre serem o casal secundário dessa história, mas percebi que o Keith e o Leigh é que são kkkk

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