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[ 26 de dezembro, sexta-feira ]




Tá legal, eu admito: estou meio obcecada. Passo quase o tempo todo pensando nas mãos de Castiel passeando pelo meu corpo, em como elas sempre pressionam os lugares certos. Também penso em como sua língua faz coisas magníficas, e em como sinto que vou ao paraíso por alguns minutos sempre que alcanço o clímax. Penso na forma como cada músculo de seu rosto se contorce lindamente de prazer quando lhe retribuo o favor, no jeito que suas mãos agarram meu cabelo. 

Imagens desses momentos surgem na minha mente nas horas mais inconvenientes — como quando você está mostrando algo para seus pais e um anúncio pornográfico aparece na tela. Não é muito legal quando estou comendo com minha família, atendendo algum cliente ou no meio de uma aula e um slow motion de um gemido rouco escapando dos lábios entreabertos de Castiel invade meus pensamentos. Acho que isso acontece porque tudo ainda é muito novo para mim; só preciso esperar que esse lance sexual deixe de ser novidade.

Nós ainda não fomos até o fim. Quer dizer, minha virgindade tecnicamente continua intacta — caso a perda da virgindade feminina se resuma ao rompimento do hímen. Mas apesar disso, desde que ficamos mais íntimos, há quatro dias atrás, me sinto mais ligada ao Castiel. A saudade que eu sentia dele aumentou, assim como minha vontade de estar em sua companhia; quero estar com ele o tempo todo. É meio estranho e não sei bem por que isso está acontecendo, mas acredito que, assim como todo o resto, uma hora a intensidade desses sentimentos diminuirá um pouco. 

Viro para lá e para cá na frente do espelho mais uma vez. Não está exatamente quente hoje, embora também não esteja frio, e decidi vestir o mesmo vestido preto que usei no halloween porque, aparentemente, Castiel gostou um bocado dele. Não acho que a peça fique ruim, mas o tecido marca cada pequena parte do meu corpo que toca e não estou acostumada com isso. Tudo bem. Nós ficaremos apenas no apartamento, então não ficarei desconfortável. 

Antes de sair de casa tomo um comprimido para espantar a dor de cabeça chata que vem me atormentando desde cedo. Pouco tempo depois, já no carro, começo a sentir um calor estranho e crescente. Ondas de excitação viajam por todo o meu corpo, se concentrando principalmente na região entre minhas pernas, e as imagens que citei mais cedo brotam na minha mente sem parar. Quando finalmente alcanço o prédio, estou beirando o desespero. Cada fibra do meu ser implora pelo toque de Castiel.

O que, diabos, está acontecendo?! Por que todo esse desejo repentino? Passo a mão na nuca, sentindo um pouco de suor acumulado. Dou pequenos saltos de impaciência enquanto o elevador sobe vagarosamente pelos andares. O vestido parece cada vez mais colado ao meu corpo a cada segundo que se passa, e uma certa urgência de tirá-lo me atinge. Acho que vou ter um treco. 

Bato na porta freneticamente e ataco Castiel assim que ele a abre, engolindo qualquer que fosse a palavra que ele começou a dizer. 

— É bom te ver também — ele solta um risinho, me afastando pela cintura. — Por que tanta empolgação?

— Eu não sei — respondo com sinceridade, voltando a beijá-lo. — Comecei a me sentir quente no caminho para cá e, agora, eu quero que você…
Não termino a frase. Apesar de tudo, ainda sou tímida demais para dizer obscenidades.

— Que eu o quê? — Castiel arqueia as sobrancelhas, esboçando um sorriso que deixa bem claro que ele sabe o que quero dizer.

— Você sabe.

— Eu tenho muitos dons, garotinha, mas ler mentes não é um deles — ele dá um passo para trás e passa os olhos pelo meu corpo. Suas pupilas dilatam e um brilho de luxúria passa por suas íris escuras. — Puta merda, você fica ainda mais gostosa nesse vestido sem aquela meia idiota.

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