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[ 27 de maio, terça-feira ]




  — Ah, oi, Ari — Lysandre cumprimenta, sorrindo, ao abrir a porta e aponta para a peça de roupa em meu braço. — Esse é o vestido sobre o qual falou mais cedo?

  — É, sim. Ficou um pouco largo, então vim ver se o Leigh pode me ajudar com isso.

  — Claro. Entre, por favor.

  Ele abre mais a porta e gesticula com o braço. Nós caminhamos lado a lado enquanto Lys me guia para seja lá onde o irmão está. Não me canso de admirar o quão grande e espaçosa a casa dos Frey é.

  — Então... — Lysandre começa com hesitação; as mãos nas costas. — Já tomei minha decisão quanto a faculdade.

  — É mesmo? E qual é? — pergunto com interesse genuíno.

  — Eu vou para Stanford. Vai ser muito difícil ficar longe por quatro anos, mas é uma oportunidade boa demais para perder. Além do mais, Leigh disse que posso voltar atrás se não me adaptar.

  — Isso é verdade — seguro seu ombro, me colocando em sua frente para interromper seus passos. — Eu te desejo muita boa sorte, Lys. Vou sentir saudades.

  — Eu também, Ari.

  Nós trocamos um abraço longo.

  — Minha irmã já está sabendo?

  — Não — ele suspira. — Decidi hoje à tarde. Você é a única que sabe, além do meu irmão. Tenho medo de como a Ana vai reagir, que ela termine comigo. Eu a conheço bem o suficiente para saber que ela não gosta de relacionamentos a distância.

  — Ela está tão preocupada quanto você, Lys, e não sei se deveria te contar isso, mas a Ana está pensando em se mudar com você. Não conversaram sobre isso?

  — Não — Lysandre franze as sobrancelhas. — Ela iria mesmo comigo?

  — Ela parecia bem determinada quando conversamos. Mas eu disse que seria imprudente ir sem dinheiro algum. Quer dizer, você terá um dormitório na faculdade, mas e ela?

  — Sim, sim, claro, mas isso me deixa tão feliz — ele abre um sorriso radiante e segura as minhas mãos. — Eu esperaria por ela, Ari, nós encontraríamos uma maneira. Saber que a Ana estaria disposta a ir comigo enche meu coração de alegria, porém... Não estou sendo egoísta por ir para tão longe?

  — Lys, Stanford é uma das melhores faculdades do país. Não é egoísmo querer algo bom para o seu futuro. Ana sabe disso, por isso não está tentando te convencer a ficar.

  — Sim, tem razão. Oh, Ari, você não sabe o peso que tirou dos meus ombros! — sou envolvida em um abraço forte e inesperado, o que me faz rir. — Vou agora mesmo conversar com a Ana.

  Então Lysandre corre pelo caminho reverso, me deixando sozinha. Tudo aconteceu tão rápido! Sem problemas; posso encontrar o Leigh por conta própria. O primeiro lugar em que procuro é na sala, mas está vazia, então vou para a cozinha e me deparo com Leigh e Keith no maior amasso ao lado da pia enquanto algo gira no microondas. Não sei quem aparenta estar mais sedento — Keith, agarrado ao colarinho da camisa social preta, ou Leigh, com as mãos parcialmente enfiadas sob a camiseta laranja. Ambos irradiam tanto calor que meu rosto fica quente.

  Limpo a garganta. Leigh se afasta rapidamente, alarmado, e seu pescoço fica vermelho. Keith, por outro lado, não parece nem um pouco constrangido enquanto me lança um sorriso travesso.

  — Interrompo? — provoco. — Você não deveria estar na gravadora, Hartwell?

  — Fui à tarde, para as aulas de canto — o loiro explica, penteando o cabelo para trás com os dedos. — Como minha noite estava livre, resolvi vir mostrar ao Leigh tudo o que venho aprendendo a fazer com a garganta.

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