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[ 23 de janeiro, domingo ]





  Estou quase tocando a campainha da casa do Keith quando a voz apreensiva de Castiel me para. Volto-me para o ruivo com curiosidade; ele está parado mais atrás, brincando com os dedos nervosamente. 

  — Eu fiz a coisa certa, não é? — pergunta. — Concordando em participar da revista. 

  — Claro que sim — afirmo, me aproximando. — Tenho certeza de que os meninos ficarão eufóricos. 

  — Talvez, mas e se ficarem chateados por eu não tê-los consultado antes de tomar a decisão? 

  — A-ah, bom, é uma possibilidade, mas a situação exigia uma certa urgência. Além do mais, é a i-D! Sei que não é a Billboard nem nada do tipo, mas é importante. Vai ser bom pra vocês. 

  Castiel pensa por um instante e suspira. 

  — É, você tem razão. E serão só uma entrevista e algumas fotos, não é como se eu tivesse assinado com uma gravadora sem falar com ninguém. 

  — Isso mesmo — seguro suas mãos, sorrindo. — Legal você se preocupar assim com os sentimentos dos garotos. Acho que gosta mais deles do que pensei. 

  — Eu gosto, sim. Eles são maneiros e não me tratam como se eu fosse estúpido só por ser mais novo. E é legal fazer parte de uma banda. 

  — Eu fico feliz que tenha arranjado novos bons amigos. Muitas bandas e grupos não se dão bem entre si. 

  — É, acho que sou bem afortunado — ele abre um sorrisinho. — Tenho amigos legais e uma namorada que deixa todas as outras no chinelo. 

  — Tá, agora você só está tentando cair nas minhas graças para poder cair nas minhas calças mais tarde. 

  — E funcionou? 

  Reviro os olhos, volto para perto da porta e aperto a campainha. Quem nos dá as boas-vindas é o Jake, com um sorriso largo e o cabelo preso num rabo de cavalo cheio que enfeita sua cabeça como uma coroa bonita e cacheada. Ele nos leva até o quarto de Keith, onde meu amigo está jogado de atravessado na cama, e o quarto integrante está sentado num puff laranja. É a primeira vez que visito o quarto de Keith, e parece mais o quarto de um adolescente dos anos noventa do que de um jovem adulto. Combina com ele, no entanto. 

  — Veja, se não é a Primeira Dama — Mark diz, sorrindo, deixando o celular de lado. — Fazia um tempo que a gente não se via. 

  — Que história é essa de “ Primeira Dama ”? — questiono, franzindo as sobrancelhas. 

  — É o novo apelido que eu e Jake te demos. Você é a mulher do nosso líder, afinal. 

  — Ow, nada disso! — Keith se manifesta, se sentando na cama. — Eu fundei a banda, o líder sou eu.

  — Mas o Cas é o vocalista, e todos sabem que o vocalista sempre lidera — Jake argumenta. — Além do mais, com você nós éramos a Fish n' Chips, e com ele nós somos a Crowstorm. 

  — Eu não me lembro das belezinhas reclamando do nome da banda. 

  — É que antigamente nós não tínhamos uma visão ampla do negócio. 

  — O que tem a dizer sobre isso, Usurpador? — Keith aponta um dedo acusador para o ruivo ao meu lado. 

  Castiel dá de ombros. 

  — A voz do povo é a voz de Deus. 

  — A questão é que somos uma banda de rock, e a aparência do Castiel reflete isso muito melhor — Mark volta para a conversa. 

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