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[ 03 de maio, domingo ]


  — Bom dia! — cumprimento com um grande sorriso assim que Castiel abre a porta, segurando a caixa com todas as coisas que levei comigo na sexta-feira. — Soube que está procurando alguém para dividir o apartamento. Espero que a vaga não tenha sido preenchida.

  Um sorriso feliz surge lentamente em seu rosto enquanto seu cérebro compreende o que estou dizendo, então Castiel me envolve em um abraço desengonçado e diz baixinho:

  — Ninguém nunca poderia ocupar seu lugar, garotinha — ele mantém as mãos nos meus ombros quando se afasta, jogando meus cabelos para trás. — Isso quer dizer que a conversa com seus pais foi bem sucedida?

  — Foi. A intervenção dos seus pais veio bem a calhar, afinal. Podemos conversar lá dentro?

  — É lógico. A casa é sua, meu bem.

  Só se passou um dia, mas é tão bom estar de volta. Esse é meu lar agora; estou em casa. Deixo a caixa no quarto, e nos sentamos na cama para conversar. Conto que Angel e Michael falaram sobre vários pontos positivos do Castiel, que fizeram meus pais — principalmente meu pai — perceberem que ele é muito mais que um cara cabeça dura e afrontoso. Nada que eu já não tenha dito antes, mas é claro que tem muito mais credibilidade vindo de outros adultos.

  A conversa foi um pouco longa, mas foi ótima. Não levantamos a voz, nem brigamos. Foi tudo como era antes. Joguei algumas coisas na cara deles, como o fato de terem dito que dariam uma chance para o Castiel e isso ter durado menos de uma semana. Não durou nada, na verdade. Nós pedimos desculpas uns para os outros e tudo mais, e eles disseram que vão tentar de verdade dessa vez.

  — E espero que você faça o mesmo — digo, cutucando o peito do ruivo.

  — Eu os tratarei exatamente como eles me tratarem, Greene.

  — É justo. Estamos devendo uma aos seus pais. O que acha de levarmos eles pra dar um passeio?

  — É manhã de domingo, Greene, aonde poderíamos ir?

  — Tá, então preparamos um almoço e os chamamos para comer.

  — A mesa ainda está bamba.

  Bufo.

  — Temos que dar um jeito nisso logo.

  — Está dizendo que quer consertar a mesa ou terminar de quebrá-la? — faço uma careta e ele ri, me puxando para os seus braços. — A gente pensa numa forma de agradecer meus pais depois, tá legal? Por ora vamos só relaxar e curtir o início de uma boa vida sem implicâncias idiotas.

  — Ótima ideia — sorrio, me aconchegando em seu peito.

  Não falamos nada, apenas aproveitamos a sensação boa que sentimos agora. Às vezes penso se não passamos tempo demais juntos, se não seria saudável ficarmos um pouco distantes, mas sempre concluo que não. Somos jovens e apaixonados; não há nada de errado em querermos passar a maior parte do tempo juntos. Não perdemos nossa individualidade. Castiel está correndo atrás de seu sonho e pretendo perseguir o meu também, quer eu entre na universidade ou não. Então tudo bem, certo? Podemos viver um sem o outro, só não queremos.

  E realmente espero que seja o começo de uma vida tranquila. Seria legal poder levar meu namorado para almoçar ou jantar com meus pais, como Ariana faz, e chamar meus pais para comer com a gente também. Bom, depois que consertarmos a mesa. Não quero ter que explicar por que ela está bamba, e tenho certeza que meu pai faria um comentário sobre isso. Fico constrangida só de imaginar.

  — Sabe, eu realmente achei que minha mãe ia armar um barraco ontem à noite.

  — Parece que ela é mais controlada que você, afinal.

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