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[ 17 de outubro, quinta-feira ]





— Ainda me sinto mal pelo seu tornozelo — Lysandre diz enquanto pressiona a bolsa de gelo contra o local enfaixado. — Se eu não tivesse sugerido aquele lugar, você não teria tropeçado e caído.

— Bom, obrigada por me lembrar daquele momento vergonhoso — brinco, dando uma risadinha. — Já disse, não foi culpa sua. Além do mais, já estou bem melhor. O inchaço diminuiu totalmente e até consegui pisar no chão hoje. Tenho que mancar, mas é melhor que usar aquelas muletas horrorosas. 

— Fico feliz por isso — ele sorri. — Mas teria me sentido melhor se tivesse aceitado as caronas que ofereci. Era o mínimo que eu poderia fazer.

— Lysandre, fica tranquilo! Você já me ajudou bastante quando torci o pulso. E o Castiel tem me dado carona, então não precisa se preocupar.

— O que?!

É claro que Ariana escolheria bem esse momento para voltar do banheiro. Eu não falei nada sobre as caronas porque o papai não gosta do Castiel, e a minha irmã continua achando que nós iremos viver um romance proibido. Espero que ela não descubra sobre os sentimentos do Castiel, senão nunca mais terei paz nessa vida. 

— Como é que você pôde não me contar isso? O amor já está florescendo entre os dois; isso é tão fofo! 

— Foi por isso que não contei — respondo. — Ele está sendo gentil, nada mais.

— Antes você torcia para nunca mais ter que vê-lo e, agora, ele é gentil? As coisas estão progredindo depressa.

— Ana, por favor, esquece isso — imploro. Lysandre dá um aperto reconfortante na minha perna. — Castiel e eu não vamos ficar juntos. Aceite. Eu nem sei porque você está tão fixada nessa ideia. 

— Eu fico empolgada porque essa é primeira vez que você passa um tempo com um garoto. 

— Não é verdade. E quanto ao Keith? 

— Ele não conta, você me disse que não tem interesse. O que eu não entendo, sinceramente, porque ele é gatinho e tem uma banda.

— Castiel também é músico — declaro impulsivamente, me arrependendo no segundo seguinte. — Podemos mudar de assunto?

— Ah, você tem tanta sorte! Eu sempre quis sair com um músico. Imagina só, que romântico — Ariana suspira, sentando-se no braço do sofá. — Ele escreveria músicas sobre mim e faria declarações nos palcos… Será que um dia alguém vai gostar de mim assim? 

Dou uma olhada para Lysandre, e nossos olhos se encontram brevemente antes de o garoto desviar a atenção para a televisão. Francamente, como é que minha irmã pode ser tão esperta em relação a vida amorosa dos outros e tão tapada em relação a dela? Até um cego consegue ver a forma como Lysandre a olha. 

— É claro que vai — respondo. — Você só precisa parar de fantasiar tanto e abrir os olhos. Não é preciso necessariamente ser um músico para escrever canções sobre você. 

— O que quer dizer?

— Quero dizer, maninha, que você é tão ignorante quanto alega que sou. Talvez eu não enxergue algumas coisas que estão bem na minha frente, mas você também não. 

Minha nossa, o que está acontecendo? Desde quando eu tento ajudar Ariana a se dar conta dos sentimentos de Lysandre? E desde quando pensar nos dois juntos não me provoca náuseas? Não se passaram nem dois meses e parece que muita coisa está diferente, embora quase nada tenha mudado.

Preciso sair e tirar umas fotos.

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