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[ 27 de dezembro, segunda-feira ]

  Cinco dias desde que fomos descobertos. Quatro dias desde que vi Castiel pela última vez. Três dias desde que Lysandre tentou me ajudar. Nada mudou. Bom, quase nada; minha gripe finalmente foi embora, e agora posso voltar a ir à escola e ao Hummingbird. Meu pai não citou o nome de Castiel nem uma vez depois da ceia de natal, mas ainda estou sendo castigada. Pensar que meus pais estão com o álbum de fotos me deixa maluca. Será que eles o abriram? Eu escrevi meus sentimentos mais verdadeiros naquele álbum e não queria que ninguém os lêsse, a não ser o Castiel.

  Chego na escola no horário de sempre, mas não há ninguém esperando por mim no estacionamento dessa vez. Tudo bem, não tinha como Castiel ou Lysandre saberem que eu retornaria hoje. Com exceção do dia 24, Lysandre foi proibido de frequentar nossa casa como parte do nosso castigo. Tão ridículo. Pego minha mochila e tranco o carro. Nunca pensei que sentiria falta da escola. 

  Sigo minha rotina habitual: vou até o armário para pegar os materiais das primeiras aulas, depois sigo até a cantina. Com meu copo médio de café em mãos, parto em busca do meu namorado. O encontro poucos minutos depois, e a cena me faz pensar se não tomei uma dose alta de xarope novamente. Castiel está sentado em um banco, segurando um copo igual ao meu, e Lysandre está sentado ao seu lado. O ruivo está com o fone de ouvido encaixado em uma das orelhas, revirando os olhos ocasionalmente enquanto o outro fala. Fico parada por vários segundos, observando essa situação anormal, até que Lysandre nota minha presença. Ele abre um sorriso brilhante, fazendo com que Castiel olhe em minha direção.

  Olhos escuros se arregalam levemente, então ele abandona o copo de café sobre o banco e corre até mim, me envolvendo em seus braços e me beijando. Estamos dando um show para todos os alunos presentes no pátio, mas não me importo — estava morrendo de saudade de seu toque. 

  — É tão bom ver você — ele sussurra contra a minha boca. — Parece que faz meses. 

  — Eu sei. Senti sua falta — beijo-o novamente. — Fiquei feliz por poder voltar para a escola. Você está bem? 

  Castiel assente com a cabeça, então caminhamos para perto do banco, onde Lysandre me abraça também. Senti falta dele também nesses últimos dias. Nós nos sentamos lado a lado — eu no meio —, e Castiel me mantém próxima ao seu peito. 

  — Então, desde quando vocês começaram a andar juntos? — pergunto genuinamente curiosa.

  — Não ficou sabendo? Somos melhores amigos agora — Castiel responde. — Ele estava me contando como foram as coisas na sua casa. Seu pai proibir nosso namoro por causa do meu estilo não é meio imbecil? Eu até entenderia se fosse por causa da mentira e tudo mais, mas por causa das minhas tatuagens? Puta que pariu! Ele está vivendo na porra do século dezenove?

  — Hm, de uma forma menos agressiva, eu concordo que seu pai esteja sendo um pouco antiquado, Ari.

  — Nem me fale — suspiro. — Parece que nem o fato de o seu irmão também ter uma tatuagem serviu para suavizar ele, e olha que ele acha o Leigh um homem ótimo. Mas não é só isso; ele acha que Castiel é um encrenqueiro de marca maior.

  — Ah, pelo amor de Deus, até parece que eu saio por aí chutando velho na rua. Eu fui para a detenção algumas vezes e mato aula de vez em quando, qual o problema? Nada disso vai me mandar pra prisão.

  — Você também fuma e bebe sem permissão. 

  — Acontece que eu sou emancipado, faço minhas próprias regras. 

  — Não ingerir bebidas alcoólicas antes da maioridade é uma regra do governo, não dos pais.

  — O governo pode chupar meu pau.

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