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[ 5 de outubro, sábado ]





— Greene? — Castiel atende no terceiro toque. — Não me diga que sua mãe te acordou mesmo eu estando com o ovo.

Não. Dessa vez ela me deu uma colher de chá. 

Por que não está dormindo, então?

Sei lá. Perdi o sono — dou de ombros enquanto despejo um pouco de cereal numa tigela, mesmo que ele não possa ver. — Tentei voltar a dormir, mas não consegui, então pensei em te ligar. Desculpa.

Eu sou assim desde que me entendo por gente; sempre me acostumei um tanto quanto rápido com as coisas. Se alguém me acorda no meio da noite por dois dias seguidos, no terceiro dia acordarei no mesmo horário naturalmente. Castiel levou o ovo com ele ontem à tarde para que pudéssemos dormir uma noite inteira, então eu não deveria estar interrompendo seu sono sem um bom motivo, mas… Sei lá. Por mais que seja estranho e eu deteste admitir, queria falar com ele. As duas madrugadas que passamos conversando foram até que divertidas.

— Tudo bem, não precisa se desculpar. Não me acordou.

— E o que está fazendo acordado às… — tiro o celular da orelha para conferir as horas. — Três da manhã? 

— É fim de semana, uns amigos me convidaram para uma festa. Cheguei em casa há uns cinco minutos.

Se ia passar a noite em claro de qualquer forma, por que quis ficar com ovo?

— Pra que você pudesse descansar direito, mas parece que não adiantou nada.

Uau. Castiel Chase realmente fez alguma coisa pensando no meu bem, sem tirar qualquer vantagem da situação? Não sei o que pensar sobre isso, mas sangue se acumula nas minhas bochechas, provocando um rubor. Dou uma colherada no cereal.

— Então… Qual é a boa?

— Minha irmã foi para uma festa com o Lysandre, meus pais estão dormindo, e eu estou comendo cereal. 

— Por que não foi pra festa também?

— Porque eu não gosto de festas, principalmente depois do que aconteceu na última em que fui. Não, muito obrigada. Prefiro ficar em casa.

Castiel ri do outro lado da linha; o mesmo som leve e agradável que ouvi na outra noite, mas com um leve tom de provocação dessa vez. Sorrio. Ficamos em silêncio por vários segundos depois que o som da risada do ruivo morre. A verdade é que eu não sei o que falar. Manter conversas nunca foi um dos meus fortes. Quando o silêncio começa a ficar constrangedor penso em me despedir e procurar outra coisa para fazer, mas a voz de Castiel interrompe meus devaneios.

— Escuta, Greene, por que… Não está a fim de vir até aqui? Já que ambos não vamos dormir tão cedo, podemos nos reunir para assistir um filme. Ou comer. Ou qualquer coisa.

Você quer passar tempo comigo? Não sabia que gostava tanto assim de mim — provoco.

— É, eu te amo pra caralho mesmo. O que me diz?

— Não dá. Não posso sair escondida e meus pais com certeza não dariam permissão. 

— Você já fez isso uma vez.

— Mas não deveria ter feito. 

— Qual é, Greene, viva um pouco. Essa é a idade de ser rebelde. Se não aproveitar agora, vai acabar se arrependendo no futuro.

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