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[ 19 de janeiro, quarta-feira ] 

  — Nós estamos bem? 

  — Se está falando sobre termos transado logo depois de comer, não se preocupe. A regra de esperar uma hora só vale pra natação. 

  Me apóio em um cotovelo, rindo, e ajeito o lençol para que cubram meus seios nus.
 
  — Não, seu bobo, quero dizer emocionalmente. 
  Castiel se ajeita para que possa me olhar nos olhos. 

  — Por que a pergunta? 

  — Não sei, tenho sentido algo estranho no ar desde a briga de sábado. Talvez eu só esteja estressada por causa dessa coisa com a Debrah e da reunião com a i-D, mas achei melhor conferir. Você ainda está chateado? 

  — Não. Não sei. Acho que um pouco. 

  — Fala comigo — peço, me deitando de lado. 

  — Sei lá — ele suspira, mirando o teto. — É que eu sou tão louco por você que isso chega a me assustar um pouco, às vezes. Você me faz sentir coisas demais, Greene. Coisas que eu não sei bem como colocar em palavras. Eu nunca pensei que algo assim aconteceria comigo, principalmente nessa idade. 

  — E… isso te chateia? 

  — Não, é claro que não. Eu não sei, Greene… Acho que você pensar que eu te trairia tão facilmente me incomodou mais do que pensei. Normalmente isso só me deixaria puto por algumas horas, mas acho que gostar tanto de você me deixa vulnerável. As coisas que você faz me afetam de um jeito diferente agora, tipo, mais profundamente. 

  — Eu não quis te magoar — passo a mão por seu peito. Castiel a pega e a beija. 

  — Não é culpa sua. Como eu disse, também ficaria furioso se presenciasse uma cena como aquela — ele vira a cabeça para me olhar. — Eu só queria arranjar um jeito de te mostrar de uma vez por todas que eu não sou o imbecil que você achava que eu era. 

  — Chase… Como eu posso te provar que não te acho nenhum imbecil? Se eu não confiasse em você, não teria acreditado tão facilmente na sua história. Deixa isso pra lá, por favor. Eu te amo e te acho maravilhoso. 

  — Eu sei, eu só… tenho medo de estragar tudo. Tenho medo que ache que sou um traidor mentiroso. Acredite quando eu digo, Greene, não há nenhuma outra garota nesse mundo que eu queira. 

  — Eu nunca pensaria isso de você — declaro com firmeza. — Você é teimoso, esquentado e um tanto arrogante, mas não é traidor nem mentiroso. Eu sei que posso confiar em você de olhos fechados. Você também me faz sentir muitas coisas, Castiel. Eu te amo tanto que dói. Eu quero estar com você o tempo inteiro, mesmo quando sinto vontade de te esganar. Você me disse isso ontem e, agora, sou eu que te digo: nós vamos ficar bem. 

  Castiel acaricia a lateral da minha cabeça carinhosamente e sorri. 

  — Não acredito que estamos tendo essa conversa pelados. A maioria das pessoas fala sobre trivialidades depois do sexo. 

  — Bom… Podemos discutir seu gosto questionável pra comida. 

  — Que gosto questionável? 

  — Eu me lembro muito bem de você colocando catchup no macarrão no almoço — aponto. — E podemos incluir na lista o sorvete de chocomenta, o abacaxi na pizza, o café sem açúcar e eu bem vi um pote de geleia de ameixa na geladeira. Seu paladar é de um pré-adolescente e de um vovô ao mesmo tempo. 

  — Desculpa, mas não sou eu quem adora fígado acebolado e usa calcinhas de personagens. Quem está na de hoje mesmo? O Mickey? 

  — Não, o Woodstock — lhe dou um empurrão de brincadeira. — Quer dizer, então, que não gosta das minhas calcinhas?