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[ 22 de maio, quinta-feira/ 23 de maio, sexta-feira ]




  São quase uma da manhã quando chego em casa. O pessoal ainda estava aproveitando o evento, mas tenho aula e menos de seis horas para dormir. O sono começa a pesar quando entro no elevador. Foi uma noite divertida, embora meus pés estejam doendo de tanto andar. Gostei de conhecer os amigos do Tobias; tirei algumas fotos deles. Na realidade, acho que sou a única que não aparece nas imagens registradas essa noite. Lysandre teria adorado.

  A bateria da câmera está fraca; tenho que colocá-la para carregar antes de ir para a cama. Pego meu celular pela primeira vez desde que saí de casa. Há seis chamas perdidas do Castiel - às 22:00, 22:05, 22:07, 22:13, 22:15 e 22:20. Eu devia ter tirado do silencioso. Fico preocupada. Será que aconteceu alguma coisa? Não, se fosse uma emergência provavelmente haveria ligações do Keith também e mensagens. Talvez ele tenha conseguido alguns minutos livres e telefonou para matar o tempo.

  Saio do elevador com passos sonolentos e pego a chave no bolso dianteiro da calça. Tudo está muito silencioso, mas as luzes estão acesas. Avisto T'Challa dormindo sobre o encosto do sofá. Minha visão periférica capta um borrão amarelo quando passo pela cozinha em direção ao quarto, então volto uns passos. São rosas em um jarro com água e, ao lado, uma caixa de chocolates em formato de coração. Fico toda derretida. Não acredito que Castiel arranjou tempo para comprar flores e bombons. O encontro sentado na cama quando entro no quarto, lendo alguma coisa.

— Oi! — cumprimento, tirando os tênis com os próprios pés. — Chegou há muito tempo?

  — Sim. Fomos liberados às nove e pouco — ele responde sem olhar para mim.

  — Puxa, se eu soubesse que voltaria tão cedo não teria...

  — Ignorado minhas ligações?

  Isso me pega desprevenida.

  — Não ignorei. Não de propósito.

  — Por que não me disse que ia sair? Eu fiquei preocupado, Greene. Tive que falar com o Lysandre — ele abandona o livro sobre a mesa de cabeceira.

  — Eu avisei. Deixei um bilhete na escrivaninha.

  — Ah, sim, porque eu vou procurar por um bilhete na era das mensagens de texto!

  — É a porcaria de um post-it amarelo, Castiel — constato, apontando para o papel em questão. — Tenho certeza que viu e ignorou.

  — Sabe de uma coisa? Eu consegui que fossemos liberados mais cedo, comprei flores e chocolate e voltei pra casa para comemorarmos nosso aniversário de namoro juntos, mas você decidiu que seria legal passar a noite com o Tobias. Foi muito divertido?

  Isso me deixa furiosa. Tiro a câmera dos ombros e a guardo no guarda-roupas.

  — Você disse que ficaria até tarde na gravadora. Não tenho uma bola de cristal, Castiel.

  — Eu telefonei!

  — Estava no silencioso! Me desculpe por não estar disponível para atendê-lo o tempo todo.

  — Jura? Eu liguei às dez, agora passa da uma da manhã. São três horas, Greene. Devia estar muito legal lá se não pensou em mim em nenhum momento.

  — Ah, não fode — esbravejo. — Você não é o centro do universo, sabia? Tobias me convidou para um evento de artes na faculdade e, já que está tão interessado em saber, foi muito divertido mesmo.

  — Excelente.

  — Não entendo porque está tão chateado.

  — Minha namorada passa o aniversário de namoro com outro cara e eu sou um filho da puta, é isso?

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