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[ 30 de dezembro, quinta-feira ]

  Hoje é o penúltimo dia do ano e nós não temos aula, então pedi permissão para vir até a casa de Lysandre para ver como ele está. Meus pais ficaram bastante preocupados quando contei o que houve ontem, então não foi difícil conseguir que nos liberassem do castigo por algumas horas. Ariana parece um pouco aflita enquanto esperamos na soleira que alguém nos atenda. Por fim, após breves minutos de espera, Leigh aparece por trás da porta de madeira branca. 

  — Meninas! Bom dia — ele sorri. — Suponho que tenham vindo ver o Lys.

  — Sim, como ele está? 

  — Dolorido. Podem entrar, ele está na cozinha.

  Leigh mal termina de falar antes que a Ana corra para dentro da casa. Ela pode não ver o Lysandre da mesma forma que ele a vê, mas ainda o ama muito — às vezes eu me esqueço disso. Sorrio para Leigh enquanto dou um passo para dentro da casa. Ele está vestindo roupas formais — três botões abertos revelando um pouco do peitoral levemente definido — e seu cabelo está molhado. O aroma de sabonete misturado ao cheiro forte de seu perfume indica que ele tomou banho há pouco tempo.

  — Então, o castigo finalmente acabou? 

  — Ainda não, mas meus pais adoram o Lysandre, então deixaram que viessemos vê-lo. 

  — Ele disse que você entrou na briga para ajudá-lo. Você está bem? 

  — Só fiquei com alguns hematomas, nada tão ruim — dou de ombros. — Escuta, Leigh, se não for pedir muito, será que eu poderia usar seu celular para ligar pro Castiel outra vez? Tenho uma novidade para contar a ele.

  — Hmm, seja lá qual for a novidade, acho que não vai precisar telefonar para contar.

  Franzo o cenho. Antes que Leigh possa me dar qualquer explicação, Castiel aparece no hall de entrada. Arregalo os olhos, igualmente surpresa e confusa. 

  — Caramba! O que está fazendo aqui? — questiono, correndo para abraçá-lo.

  — Eu esqueci de desligar o despertador e não consegui voltar a dormir, então decidi vir dar uma conferida no Lysandre — ele explica, beijando meu cabelo. — Não esperava te encontrar aqui. Meu coração quase saiu do peito quando vi sua irmã. Não viu minha moto lá fora?

  — Eu vi, mas não fiz a conexão. Jamais esperaria te encontrar aqui por vontade própria.

  — Lysandre ficou igualmente surpreso — Leigh informa. — Bom, eu tenho uma reunião para ir agora. Fiquem à vontade. 

  Nós sorrimos um para o outro, então Leigh sai da casa. Me volto para Castiel para olhá-lo com mais atenção. O arranhão continua intacto, mas o supercílio está menos inchado. Passo o polegar delicadamente por seus ferimentos e depois fico na ponta dos pés para beijá-lo. 

  — Eu tenho uma ótima notícia pra te contar — anuncio sem conseguir conter o enorme sorriso que rasga meus lábios. — Meus pais permitiram que a gente namore! Dá para acreditar? Achei que meu pai nunca fosse ceder. Não precisaremos mais nos esconder. 

  — Sério? Caralho, que maravilha! — ele me dá um beijo rápido. — Quer dizer que está liberada do castigo? Devolveram seu telefone?

  — Ainda não, mas farão isso na semana que vem. Eu estou tão feliz! Ah, e além disso, eles me devolveram o álbum de fotos. Eu não trouxe porque não sabia que estaria aqui, mas te entrego se for ao Hummingbird mais tarde. 

  Castiel não diz nada, apenas me puxa mais para si e inicia outro beijo. Nós ficamos assim por vários minutos, até eu me lembrar do verdadeiro motivo de eu ter vindo até aqui hoje: ver o Lysandre. Nós seguimos até a cozinha, onde a dupla de melhores amigos se encontra. Lysandre está sentado à mesa, e Ariana está atrás dele acariciando seus cabelos e dando alguns beijinhos ocasionais no topo de sua cabeça. Meu coração afunda. O rosto normalmente belo e impecável de Lys está agora adornado com um olho roxo, um lábio inchado e um supercílio um tanto quanto pior que o de Castiel.
 
  — Meu Deus — sussurro. Eu não o havia visto após a ida ao hospital. — O que aqueles idiotas fizeram com você?