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[ 28 de fevereiro, segunda-feira ] 




  — Por que me trouxe como representante da banda, e não o Castiel? Ele é o lead singer. 

  — Porque Castiel é um mala — constato, virando a esquina que nos levará ao nosso destino. — E ele não gostou muito da ideia de pedir ajuda ao Leigh, sabe como é. Você, por outro lado, é encantador. Leigh é um cara legal e provavelmente aceitaria ajudar se o Castiel pedisse, mas se ele vai ceder a garagem para os ensaios, prefiro que faça isso para alguém que não faça falar com ele parecer uma tortura. 

  Nós tivemos uma conversa sobre isso. Levei em consideração o que ele disse sobre eu forçá-lo a fazer as coisas, e falei que não faria nada que ele não quisesse. Porém, apesar de não apreciar a ideia, Castiel teve que ceder. A Crowstorm precisa ensaiar. Além do mais, ninguém pensou em nada melhor.

  — Não me diga que aquele cabeça dura ainda sente ciúmes dos Frey — Keith revira os olhos, desligando o rádio. 

  — Não sei. Acho que não. Às vezes, quando desgostamos de alguém por um tempo e com força, é difícil deixar isso de lado — estaciono o carro e desligo o motor. — E é de Castiel Chase que estamos falando. Mesmo que ele passe a gostar dos Frey, jamais admitiria. 

  — Isso é fato — ri. — Ele ainda não diz na minha cara que gosta de mim. 

  — Ele disse que te ama ontem, quando contou sobre a batalha. 

 — Foi o calor do momento. Se eu quiser arrancar uma declaração séria do Castiel, terei que colocar uma faca no seu pescoço ou ameaçar jogar a guitarra dele no oceano. 

  — Vai por mim, ele te adora — asseguro. — Você é o melhor amigo dele. Você já passou a noite no apartamento, já pintou as unhas dele e até já o viu pelado. 

  — Meu Deus, falando assim parece mais que somos um casal. 

  — Pois é. Eu, meu namorado e o namorado do meu namorado, todos vivendo em harmonia. 

  — Podemos só falar com o Leigh, por favor? 

  Saio do carro, rindo. Quem abre a porta é o Leigh. Eu já sabia que seria ele, porque passei em casa brevemente para ver minha família e Lysandre estava lá. Leigh está com o cabelo jogado para trás, os pés estão descalços, há uma taça de vinho em sua mão e a camisa está com três botões desabotoados. 

  — Oi, pessoal — cumprimenta. — Que surpresa! Não estou com dívidas no Hummingbird, estou? 

  — Está — Keith responde. — Mas deixaremos passar se nos ajudar. 

  — Bom começo — digo, dando tapinhas no ombro do meu amigo e colega de trabalho. — Temos um favorzinho para pedir, Leigh. 

  — Me sinto meio encurralado — ele assume uma expressão desconfiada. — Entrem, por favor. Eu ofereceria um pouco de vinho, mas temo que meu irmão possa se sentir injustiçado se eu deixar outros menores de idade beberem aqui quando ele não tem permissão. 

  — Tenho vinte e um, na verdade — Keith diz. — Quase vinte e dois. Quer ver minha identidade? 

  — E eu te acompanhei a um bar de madrugada — argumento. — Acho que sou madura o bastante para um pouco de vinho. 

  — Não conta pro Lys — pede, e eu finjo trancar minha boca. 

  Nós seguimos até a cozinha. Keith esteve aqui algumas vezes, mas ainda parece impressionado com o tamanho e a elegância da residência. A casa é um reflexo perfeito dos irmãos. Leigh pega mais duas taças no armário e as preenche até a metade com vinho tinto suave. 

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