[ 19 de dezembro, sexta-feira/ 20 de dezembro, sábado ]
A QUALQUER MOMENTO!É o que o site diz sobre a venda dos ingressos. Estou há doze horas atualizando a página e é sempre essa droga de frase que aparece. Se as coisas continuarem nesse ritmo serei obrigada a passar a noite em claro, o que vai ser bem difícil porque o dia foi um bocado cansativo. Mas não vou me torturar com isso agora; são só seis e meia, talvez eles dêem início às vendas até as dez. Sejamos positivos.
Perco a esperança de dormir cedo à uma da manhã. Meus pais já foram pra cama, enquanto Ariana e Lysandre ficaram assistindo filmes na sala. Me junto a eles lá para uma e meia porque tenho medo de acabar pegando no sono se ficar na cama.
— Você parece exausta, Ari — Lysandre observa um tempo depois. — Não é melhor ir descansar?
— Não posso — suspiro. — Eles podem começar a vender os ingressos a qualquer instante, preciso ficar de olho.— Você deve gostar muito daquele garoto para estar se esforçando tanto. Passou a semana toda estressada com esse lance do presente.
Estou tão cansada que só consigo murmurar em concordância. Os minutos passam angustiantemente devagar, e me sinto cada vez mais sonolenta. Minha visão fica turva e, de repente, o sofá parece tão confortável quanto o colchão mais macio do mundo. Acordo assustada quando minha cabeça tomba para o lado, então decido jogar um pouco de água fria no rosto. Atualizo a página novamente no caminho ao banheiro, mas o resultado ainda é o mesmo.
— Ari, é sério — minha irmã diz quando volto pra sala. — Você está morrendo de sono, precisa ir pra cama. A venda provavelmente só vai começar de manhã.
— Não posso correr o risco — retruco teimosamente, me jogando no sofá. — Não acredito que só se passou uma hora. Essa noite não vai acabar nunca?
— Ela vai passar rapidinho se você dormir.
— Não posso, já disse. E amanhã é sábado, não precisarei acordar cedo — me aconchego nas almofadas, sentindo meu corpo ficar deliciosamente relaxado. — Se eu cochilar, por favor, me acordem. Por favor.
Acordo três horas depois, desnorteada. A televisão ainda está ligada e Ariana e Lysandre estão dormindo em posições não muito confortáveis no outro sofá. Só leva um segundo para eu me lembrar do que estava fazendo antes de pegar no sono, e me sento em um sobressalto. Pesco o celular do chão e o desbloqueio com desespero; a página da banda se atualiza automaticamente e... Ingressos esgotados.
Não posso acreditar... Eu passei vinte horas esperando pacientemente, e com um deslize acabei estragando tudo. Me jogo para trás, tão frustrada que poderia chorar. O que farei agora? O show era o presente perfeito pro Castiel, onde conseguirei algo tão bom quanto isso em dois dias? É simplesmente impossível! Acho que não me resta alternativa, a não ser comprar algo banal.
°
— Tudo bem — Castiel pega o controle e desliga a tv. — Você está com essa tromba desde que chegou e parecia chateada no telefone. Quer me contar o que aconteceu?
Respiro fundo, sentindo aquela onda de frustração me inundar outra vez. Já que meu plano foi por água abaixo, não tem problema contar para ele.
— Eu queria comprar ingressos pro show do Simple Plan no mês que vem para te dar de aniversário, mas acabei dormindo e eles esgotaram. Eu passei vinte horas atualizando aquela porcaria de site! — desabafo, deixando minhas mãos caírem ao lado do corpo no sofá. — Estou tão irritada e chateada... Eu só queria te dar algo especial, uma coisa que você fosse curtir de verdade. Sinto muito por não ter conseguido.
— Você realmente se esforçou tanto assim para me comprar um presente? — balanço a cabeça. Pena que foi tudo em vão. — Por que?
— Porque eu gosto de você. Você foi meu primeiro beijo, meu primeiro encontro e tecnicamente está sendo meu primeiro relacionamento, ou seja lá o que é isso que rola entre nós, e todas essas experiências foram e estão sendo incríveis. Eu só queria que você se sentisse tão especial quanto faz eu me sentir.
— Puta que pariu — Castiel murmura. Quando olho para ele há um sorriso enorme em seu rosto, o que me deixa confusa. Eu acabei de dizer que não consegui os ingressos; por que ele parece tão feliz? — Você percebe que essa é a primeira vez que diz que gosta de mim em voz alta? E mais do que eu pensava, aparentemente.
De repente, toda a chateação vira timidez. Eu nem tinha me dado conta das palavras que saíram da minha boca, por mais que sejam verdadeiras. Parece que sentimentos negativos funcionam melhor que álcool para fazer alguém soltar a língua. Desvio o olhar, sem jeito, corando um pouquinho.
— Bem, é verdade — dou de ombros. — Eu gosto de você também. Seus sentimentos são recíprocos.
Sem me dar tempo para dizer mais nada, Castiel vira minha cabeça e me beija. Esse beijo é mais carinhoso, intenso e longo do que qualquer um que já tivemos, e isso envia arrepios por todo o meu corpo e faz borboletas se agitarem em meu estômago.
— Esquece os ingressos, Greene — o ruivo diz entre beijos na minha boca, maxilar e pescoço. — Você acabou de me dar um presente melhor.
E assim, num passe de mágica, a tromba se desfaz em um sorriso de alívio e alegria.
Ok, talvez o fato de Castiel ser fofo também tenha algo a ver com isso.
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FanfictionNOTA: ESSA HISTÓRIA CONTÉM ERROS DE DATA QUE SERÃO CONSERTADOS POSTERIORMENTE - Você me ignorou a semana inteira - reviro os olhos. - Sua amiga deve estar te esperando. Vai embora. Tento fechar a porta, mas meus movimentos estão lentos demais, ent...