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[ 15 de maio, quinta-feira ]






  — Não sei o que fazer, Ari — Ana diz, se jogando na cama. Castiel teve que sair e o Hummingbird ainda está sob reforma, então pensei que seria legal chamar minha irmã para fazer alguma coisa. E o que ela quer fazer, aparentemente, é desabafar. — Já sabe sobre o Lys e as universidades?

  — Sim, ele me contou.

  Estou sentada no chão com T'Challa no colo e as costas apoiadas no guarda-roupas. Ele cresceu um pouco nesses onze dias e parece uma bolinha de pêlos. Está tão fofo que sinto vontade de esmagá-lo.

  — Stanford é incrível e sei que eu deveria incentivá-lo a ir, mas minha vontade é pedir que ele vá para a Northwest porque ficaremos perto um do outro — ela se senta e prende o cabelo em um coque. — Eu já morreria de saudade se fôssemos apenas amigos, agora, então, nem se fala. Como fica nosso namoro se ele estiver a treze horas daqui?

  — É difícil, Ana, mas muita gente mantém relacionamentos a distância.

  — Eu não nasci pra isso, Ari. Se estou com alguém, quero poder estar perto, abraçar, beijar sem ter uma tela fria no caminho.

  — Um pouco de saudade é bom.

  — Só que duraria quatro anos. Quem sabe o que pode acontecer nesse meio tempo, com o Lys tão longe? Nós estamos juntos há pouco tempo, nem dormimos juntos ainda. Ele pode acabar se esquecendo de mim rapidinho.

  — Acho que está subestimando os sentimentos do Lysandre. Ele disse que quer ir para Stanford?

  — Ele ainda não se decidiu.

  — Mesmo que ele vá para a Califórnia, Ana, tenho certeza de que vocês continuarão juntos. O tempo passa depressa.

  Ariana suspira e olha pro teto. T'Challa se remexe no meu colo e abocanha meu polegar, então o coloco no chão e ele vai para fora do quarto. O silêncio perdura por alguns minutos porque minha irmã está perdida em pensamentos e eu não sei o que dizer. Provavelmente também estaria sofrendo se houvesse a possibilidade de ficar tanto tempo longe do Castiel — o que vai acontecer um dia, quando a Crowstorm começar a fazer turnês. Tento não me preocupar demais.

  — Já sei! — Ana exclama de repente, ficando em pé. — Eu poderia ir com ele. É perfeito! Eu quero ser maquiadora e tenho certeza de que existem muitos cursos para isso na Califórnia. É um ótimo plano, não? Nós poderíamos alugar um apartamento pequeno.

  — Imóveis são caros. Nenhum dos dois têm um emprego, por enquanto. Acho melhor pensar nisso com calma.

  — Eu posso arranjar um trabalho, e o Lys já disse que arranjará um também. Podemos conseguir um lugarzinho juntando nossos salários.

  — É, mas é melhor arranjar o trabalho antes, não acha? — tento racionalizar, me levantando também. — E onde você ficaria enquanto isso? O Lys teria um dormitório na faculdade.

  — Sei lá, eu me viro. Não tenho medo de arriscar.

  — Isso é bom, Ana, mas tenha calma. Lysandre nem decidiu se vai para Stanford ainda. Eu apóio essa sua ideia, mas tem que haver planejamento. Você pode arranjar um emprego aqui e ir para lá quando ambos tiverem dinheiro o suficiente. Lysandre vai economizar bastante ficando no dormitório.

  — Isso pode demorar muito, Ari.

  — É, mas é como as coisas funcionam. Primeiro deixe o Lys tomar uma decisão, depois vocês conversam sobre isso, tá legal?

  Ela suspira e deixa os ombros caírem.

  — Tudo bem.

  Ouço a porta da frente abrir e fechar, depois passos vindo em direção ao quarto. Me viro para ver o Castiel entrar, e não me sinto preparada para o que encontro.

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