O começo do julgamento

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 Amanhece, era quinta-feira, dia 06 de agosto de 2015. Aisha não dormiu nada. Durante toda a madrugada ela preferiu ficar a rezar pedindo sabedoria para agir no dia seguinte diante daquele tribunal.

Bem cedo, aquela senhora que levava o seu alimento, entrou no quarto, trouxe uma comida típica da região e um chá para que ela pudesse tomar. Antes de sair daquele espaço ela disse:

- Logo pela manhã os homens pediram para que você estivesse pronta, pois será o julgamento. Eu estou torcendo muito por você Aisha. Eu aprendi a gostar muito de você nesses dias em que você esteve aqui.

- Muito obrigada por tudo que fez por mim senhora. O seu apoio foi muito importante nesses dias em que senti tamanha solidão.

Então aquela senhora, com medo de alguém estar a escutar o que ela dizia, sai daquele espaço de forma apressada e tranca a porta.

Aisha resolveu tomar o chá para ver se conseguia tranquilizar um pouco, mas não conseguiu comer nada. Parecia que sua garganta estava fechada para qualquer coisa sólida, tamanha era a sua ansiedade.

Por volta das nove horas, dois homens entraram pela porta e a chamaram, avisando que eles iriam para o julgamento. No momento em que eles abriram a porta, Aisha estava sentada na cama. Imediatamente ela se levantou, pegou uma bolsa e foi em direção a aqueles homens, saindo pela primeira vez daquele espaço, desde que chegou a aquele local.

O seu corpo tremia tanto de medo naquele momento que ela estava com dificuldades até de andar. Pelo que foi dito por Caivan, aquele julgamento poderia decidir se ela continuaria a viver ou seria morta de uma das formas mais cruéis existentes no mundo.

Ela, acompanhada daqueles policiais, andou pelas ruas daquele vilarejo simples e viu muitas pessoas pobres na rua. A população, curiosa, a olhavam atentamente, estranhando a sua aparência, provavelmente, pelas suas vestes diferentes.

Ao chegar no local de destino, aqueles homens pediram que ela entrasse. O local era uma casa grande, comercial, no centro daquele vilarejo. Assim que ela pisou naquele espaço, percebeu que algumas pessoas que estavam no ambiente, aparentemente, eram militares.

Naquele grande salão, haviam algumas cadeiras em sua parte da frente ocupadas por alguns senhores mais velhos. Ela imaginou serem os religiosos e juízes. Ao olhar um pouco para o lado, ela avistou Caivan. Ele virou o olhar para ela e estava com um semblante extremamente preocupado. Ao lado dele tinham dois policiais.

Quando Aisha passou mais próximo dele, ele disse:

- Conte a verdade sobre tudo Aisha. Diga apenas a verdade!

Ela balançou a cabeça em concordância, quando aqueles homens olharam para ele de forma ameaçadora e ele se calou.

Aisha foi levada para uma pequena sala que ficava ao fundo daquele espaço. Aqueles três homens que estavam a frente daquele primeiro local, a acompanharam e entraram naquela sala menor, se sentando em seguida em três cadeiras em frente a ela, que também se sentou. Assim que todos se acomodaram o homem na cadeira ao centro, disse:

- O primeiro ato que faremos é um depoimento. Digo a você que já colhemos alguns depoimentos de Caivan nesses últimos dias. Já descobrimos muita coisa. Então recomendo que você nos diga apenas a verdade durante esse depoimento. Isso pode servir de atenuante ao final do julgamento. Essa é uma recomendação minha. Vai dizer apenas a verdade?

- Sim senhor. Direi apenas a verdade. Respondeu Aisha, quando lágrimas começaram a cair dos seus olhos. Ela se sentia extremamente frágil e intimidada naquele momento.

- Então vou iniciar fazendo a primeira pergunta. Você conhece Caivan há quanto tempo?

Aisha respondeu que conhecia Caivan desde os tempos de escola. Então aqueles senhores a questionaram se desde esse tempo ela já fazia algo proibido ao se encontrar com ele, quando Aisha, se sentindo ameaçada, começou a chorar ainda de forma mais intensa e respondeu em meio ao choro:

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora