Uma descoberta preocupante

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Ao retornar para casa Caivan não pôde ficar por muito tempo. Logo foi convocado para uma reunião deixando Lina e Aisha em casa. Os mantimentos que conseguiu adquirir eram poucos, não daria para muitos dias, mas, pelo menos eles tinham dinheiro guardado para adquirir mais alimentos assim que os comércios fossem reestabelecidos. Uma boa parte daquele povo havia perdido tudo e não teria como conseguir alimento pelos próximos meses se não recebessem a ajuda dos governantes daquela região, que também haviam perdido muitos recursos e não sabiam se teriam condições de financiar a ajuda aos mais necessitados.

A situação naquela cidade estava muito caótica. Estando quase no limite, um grande número de pessoas tentou mudar para outras cidades da região, para ver se conseguiriam algum tipo de ajuda para não morrerem de fome, gerando ainda mais separação de famílias.

Mas, conforme esperado, não se sabe se por desespero ou por ódio pela morte de entes queridos e pela destruição que os ocidentais causaram, muitas pessoas, entre elas vários adolescentes, se inscreveram para lutar contra os inimigos daquele regime. Uma vantagem de quem se alistava é que tinham prioridade em receber recursos de ajuda do EI, portanto, em meio ao desespero, muita gente se alistava por esse motivo, engrossando as fileiras daquele grupo que ao treinar esses novos recrutas reestabelecia parcialmente a sua força ao substituir os militares mortos durante aqueles ataques.

Ao voltar para casa anoite, depois de muitas reuniões, Caivan chamou as suas esposas para sala para conversar:

- Lina, eu sinto muito, mas, depois desses ataques que recebemos não só aqui, mas em diversas outras cidades do país, o regime ficou muito vulnerável em alguns pontos e precisa de mim. Eu vou ter que retornar para o campo de batalha hoje mesmo.

Lina, sempre muito compreensiva, demonstrou concordância com o marido e não questionou a sua fala. Visando tranquilizá-lo, ela respondeu.

- Pode ir tranquilamente meu esposo. Aisha fica comigo. Já estou recuperada do parto. Não se preocupe com a gente. Temos como nos cuidar.

Aisha, muito chateada com tudo o que viu naquela noite, tentou também tranquilizar o esposo dizendo:

- Pode deixar que cuido de Lina meu amor. Eu só quero que nos prometa uma coisa.

- O que Aisha?

- Você volta não é?

- Farei o possível para isso Aisha. Tentarei retornar o mais breve possível.

- Não Caivan, isso não serve. Vou perguntar de novo. Você volta não é?

- Sim meu amor. Eu volto se o magnifico permitir. Eu tenho muitos motivos para voltar. Vocês duas são já eram um enorme motivo, agora com Mohamed, esse motivo ficou ainda maior.

Então Caivan pega as suas coisas e abraça a sua família demonstrando preocupação por ter que os deixarem sozinhos diante daquele cenário caótico existente em Raqqa. Ele mostrou para elas onde guardou o dinheiro e pediu para que assim que o comércio estivesse funcionando que elas comprassem mais alimentos. Os mantimentos básicos e não perecíveis, eles tinham em estoque, mas aqueles que perdiam mais rápido, eles só conseguiram comprar, provavelmente, em alguns dias, quando as coisas voltassem mais ao normal.

Após aquela despedida calorosa, beijando as suas esposas e seu filho, Caivan parte rumo ao campo de batalha, deixando aqueles três membros de sua família em casa, preocupado, mas, na certeza que não tinha outra escolha.

Na Inglaterra, Johnson conversa com Willian, que estava de passagem em Londres e questionou sobre Aisha:

- Nenhuma notícia de Aisha ainda Johnson?

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora