Casamento forçado e abusivo III

O fim do ano de 2024

O restante daquele plantão Saleh passou tenso. Ele se lembrou do dia em que ele e Aisha foram atacados a tiros por aqueles bandidos, contratados pelo seu pai e seu irmão, em frente ao seu apartamento, e ficou ainda mais preocupado de quais seriam as verdadeiras intenções de Pierre naquela ligação, minimamente estranha.

Talvez não fosse nada demais e ele dizia a verdade. Mas, os traumas vividos por Saleh naquela ocasião, o deixava sempre com o alerta ligado, quando algo se tratava de sua família. Tirando Safira a quem ele confiava muito e havia o avisado por telefone quanto ao planejamento que estava sendo realizado na ocasião daquele ataque, ele não conseguia confiar em mais nenhum dos seus parentes.

Assim que chegou em casa, ainda tenso, ele questionou para Aisha que estava na cozinha a preparar o jantar, onde estava Safira. Ao notar o semblante dele preocupado, Aisha o questionou depois de o responder que ela estava no banho:

- Aconteceu alguma coisa? Você parece tenso.

Então ele se aproximou de Aisha e falou com ela baixinho:

- Aconteceu. Pierre o meu irmão mais novo me ligou hoje. Diz ele que está vindo para a Inglaterra na semana que vem e quer nos encontrar.

Aisha ficou um pouco desconfiada, mas, não viu motivos para se preocupar. Ela estava mais preocupada com o semblante de Saleh do que com aquele cenário narrado por ele. Então ela questionou:

- E porque você está tão tenso?

- Tem muitos anos que não encontro o meu irmão. Portanto é bem difícil saber as verdadeiras intenções dele.

- Julga que ele pode tentar alguma coisa contra você e a nossa família?

- Diante da nossa cultura não seria algo tão inesperado.

Franzindo a testa e um pouco mais tensa, Aisha questiona:

- Quem passou o seu telefone para ele?

- Safira.

- Então tem que perguntar para ela como o seu irmão pensa atualmente e porque ela passou o seu telefone para ele. Acho que é ela que pode dizer se há algum risco ou não dele estar vindo para cá querendo nos encontrar.

- É isso que vou fazer Aisha. Assim que ela sair do banheiro vou conversar com ela para ver o que ela tem a me dizer sobre Pierre.

- É o melhor a fazer meu amor. Veja com ela e me mantenha informada. Agora até eu estou um pouco receosa. Não tinha pensado por esse lado que você pensou, mas, conhecendo a nossa cultura, faz sentido pensar que ele pode estar tramando alguma coisa contra a gente.

- Penso que não. Ele pareceu ser muito sincero durante a ligação. Mas, da minha família, depois de tudo que eles fizeram em frente ao meu apartamento, é prudente desconfiar de tudo e de todos.

- Eu também acho meu amor.

Assim que Safira apareceu na cozinha, Saleh chamou ela para uma conversa mais reservada em seu quarto. Assustada ela questionou:

- Fiz alguma coisa de errado meu irmão?

- Não. Só quero tirar algumas dúvidas com você. Pierre entrou em contato comigo hoje. Você passou mesmo o meu contato para ele?

- Sim. Ele insistiu que queria conversar com você de novo e eu passei o seu telefone. Não deveria ter passado?

- Depende minha irmã. Saleh coça a sua cabeça. Quando complemente a sua fala: - Na nossa cultura, as pessoas levam essa questão de honra familiar muito a sério. Sofremos um atentado aqui depois de anos que quebrei aquele compromisso com Amira. Tenho medo que as intenções de Pierre não sejam as melhores possíveis quanto a minha pessoa e a de Aisha.