A chegada

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Durante o trajeto rumo a Ar-Raqqah, eles pararam apenas para almoçar. Após esse intervalo aquele grupo seguiu em direção a cidade central de comando daquele grupo extremista. Durante o restante do caminho, uma das coisas que Aisha mais refletia era como seria a primeira esposa de Caivan e o que ela iria achar dele chegar em casa com uma nova esposa.

Aisha estava cansada demais para ter novos atritos com uma esposa de seu marido, assim como teve com Parisa no passado, e essa possibilidade que aparecia em sua mente a deixava muito preocupada. O seu grande sonho é que ela pudesse ter uma relação próxima com essa nova senhora que ela nem conhecia, da mesma forma que teve com Sônia na parte final do seu casamento com Osnin. Algo naqueles moldes, seria mais suportável diante do estresse que ela estava passando nesses últimos dias.

Em Cabul, Johnson sentiu que o poder de Zalmai era mesmo muito maior do que ele havia imaginado e começou a temer de forma mais intensa por sua vida. Depois de conversar com amigos e homens de alta patente do exército, ele resolveu que deveria mesmo partir do Afeganistão para tentar preservar a sua vida.

Com a ajuda dos militares, ele foi com um carro blindado do exército até o hotel e fechou a sua conta pegando os seus pertences, juntamente com Nazir. Foram reservadas passagens para ele e o guarda-costas saírem do país. Eles iriam para Dubai e depois para a Inglaterra.

A família de Nazir havia sido enviada semanas antes, a pedido dele, para a Turquia. Ele combinou com Johnson, que para se proteger iria para a Inglaterra, ficaria lá por alguns dias e depois pegaria um voo para a Turquia, onde encontraria com a sua esposa. Enquanto isso, ele ajudaria também Johnson a obter informações sobre o paradeiro de Aisha.

Após saírem do hotel, eles ficaram no quartel do exército até o horário do voo que sairia na parte da tarde do Afeganistão. Eles almoçaram, se despediram das pessoas do exército, Johnson agradeceu a todos pela ajuda e então foram levados pelos militares até o aeroporto, onde pegaram o avião e partiram em direção a Dubai, local em pegariam um outro avião para Londres.

Pouco depois das 15 horas o carro em que Aisha estava chegou ao destino. Eles foram levados para o quartel geral daquele exército, onde os principais líderes daquele grupo queriam dar as boas vindas para Caivan.

Ele desceu do carro, levou Aisha para um dos espaços daquele quartel e foi cumprimentar aqueles homens. Eles ficaram por três horas conversando, enquanto Aisha, muito cansada, se mostrava extremamente inquieta naquela sala em que ficou a aguardá-los.

Caivan ao sair de lá, pegou um carro que aquele comando o deu, colocou as coisas dele e da esposa dentro do carro e depois de se despedirem de todos, finalmente, eles foram em direção a casa em que sua esposa estava, com o intuito de pegá-la e todos irem para a casa em que ele morava, antes de partir para o Afeganistão.

Nesse tempo, Johnson chegou em Dubai e ligou para Evelyn, contando que estava retornando para casa:

- Amor, estou retornando para casa.

- Que bom meu amor. Não via a hora de te ter aqui novamente. Mas, aconteceu alguma coisa? Recebeu alguma informação de Aisha? O que aconteceu para você resolver retornar tão rápido.

- Nada demais meu amor. Os militares me convenceram que a minha segurança estava em risco no Afeganistão. Como Aisha não está mesmo mais no país e isso foi confirmado pela polícia local, acho que não fazia mesmo mais sentido ficar por lá. Além disso, estou com muitas saudades de vocês. Penso até mesmo que posso conseguir mais informações aí da Inglaterra com os meus amigos do que daqui do Afeganistão.

- Tomara que sim meu amor. Estou muito feliz que você está voltando. Loren também está morrendo de saudade. Ela vai ficar muito feliz. Pena que Aisha ainda não está aqui conosco.

- É uma pena meu amor. Mas, em breve ela estará conosco. Eu nunca desistirei de levar Aisha novamente para casa. Espero em breve poder resgatá-la, seja lá onde ela estiver.

- Com certeza conseguirá sim meu amor. Você vai chegar aqui que horas?

- Vou chegar aí amanhã de manhã. Estou levando um amigo, que foi meu guarda-costas aqui. Ele é o mesmo que protegeu Aisha meu amor. Ele vai ficar aí alguns dias até a poeira baixar aqui na região. Depois ele vai encontrar com a sua família que está na Turquia.

- Que seja bem vindo!

Johnson continuou a conversar com a sua esposa por mais algum tempo, quando eles se despediram declarando amor um ao outro e finalizaram aquela ligação para que pudessem jantar em um restaurante daquele aeroporto.

Na cidade de Ar-Raqqah, finalmente Aisha ficou sozinha com Caivan dentro do carro que foi repassado a ele, enquanto iam em direção a casa em que a esposa dele foi deixada, para que não ficasse sozinha durante o tempo em que ele estava fora do país. Curiosa Aisha o questionou:

- Por que você não a deixou em casa Caivan? Por que a levou para a casa de estranhos?

- A casa não é de estranhos Aisha. Essas pessoas são de uma família muito próxima a minha. São pessoas de absoluto respeito e são muito influentes aqui na região. Um dos homens da família é um grande companheiro meu no exército.

- Mas, porque isso Caivan?

- Porque mulheres não podem ficar sozinhas em casa Aisha. Na nossa cultura isso não é permitido.

- Eu sempre fiquei sozinha enquanto era criança e nunca tive problemas no Afeganistão.

- Você ainda não era uma mulher casada Aisha. Uma mulher casada, na nossa cultura, não pode ficar sozinha em casa por muitos dias. Elas devem ser acompanhadas sempre por algum homem.

- Eu não quero ficar na casa de outras pessoas quando você viajar Caivan. Eu quero ficar na minha casa. Diz Aisha com um semblante fechado.

- Nós conversaremos sobre isso depois Aisha. Chegaremos um acordo a esse respeito. Pode ficar tranquila.

- E como ela é Caivan?

- É uma mulher muito boa e, agora, tranquila Aisha. Acho que vocês vão se dar muito bem. Ela ainda é muito jovem. Tem apenas 17 anos.

- Sério. Onde você encontrou uma esposa tão jovem?

- Estamos chegando na casa dela. Depois te conto tudo a respeito.

Aisha respirou fundo, imaginando como seria a sua relação com aquela jovem. Ela esperava muito que elas pudessem ter uma relação harmônica, mesmo ela sendo bem mais velha. Mas, certamente, isso dependeria também se aquela jovem iria querer mesmo ter uma segunda esposa de seu marido como amiga.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora