As ações de Omar

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Em uma reunião em sua casa, Omar estava a conversar com o seu tio quando lhe propôs uma ideia:

- Já fazem meses que Caivan me agrediu daquela forma e ainda não consegui me vingar dele, meu tio. Alguma coisa tem que ser feita.

- Eu disse a Caivan no dia em que terminou o julgamento que aquilo não terminaria ali e não terminou. Nós vamos nos vingar dele meu sobrinho. Só temos que descobrir a melhor forma para isso.

- Tio, eu já tenho um plano para acabar com Caivan, mas preciso apenas conversar com o senhor a respeito dele.

- Que plano é esse meu sobrinho?

- Eu descobri que o tenente Hassan está a desviar recursos da compra de armamentos do EI. Posso colocar ele contra a parede para que ele mate Caivan. Ou ele o mata ou será condenado a morte pelo regime.

- É um ótimo plano. Eu não sabia dessas investidas de Hassan, mas eu sempre desconfiava que ele estava a comprar coisas demais com o seu salário. É uma ótima ideia. Por mim, pode colocar o seu plano em prática.

- O chamarei para uma conversa amanhã mesmo na delegacia. Farei a proposta, se ele não aceitar, abrirei um inquérito para puni-lo. Se aceitar, tudo isso continuará oculto por mim.

- Pode contar com o meu apoio. Temos que acabar com aquele Caivan depois do que ele fez contra a nossa família senão jamais terão o respeito que já tiveram por nós um dia!

No dia seguinte, Omar chamou Hassan para uma conversa e aquele oficial se mostrou encurralado diante das provas apresentadas dos seus atos de corrupção. Ao ver que aquele senhor estava sem saída, Omar fez a proposta:

- Só há uma forma do senhor se livrar da punição senhor Hasan. É fechando um acordo comigo.

- Te dou parte do dinheiro que recebi senhor Omar. Te dou tudo se me livrar dessa situação. Respondeu o tenente.

- Eu não quero dinheiro. A minha família é uma das mais ricas do regime. Dinheiro não é e nunca foi o nosso problema.

- Então que acordo seria esse senhor?

- Eu quero que mate Caivan. Mate ele e esses papéis serão destruídos e ninguém jamais saberá que o senhor cometeu esses crimes.

- Matar Caivan! Mas, ele é um dos principais oficiais desse regime. Se fizermos isso será a nossa ruína.

- Eu não importo com o que acontecerá depois. Eu quero vingança contra Caivan e você vai fazer isso. Ou faz ou morre por traição.

- O que o senhor está me pedindo é muito sério senhor Omar. O senhor me pede para que eu mate um dos maiores comandantes do nosso exército. Como poderia fazer isso sem ser descoberto?

- O senhor tem formas de fazer isso. Caivan confia muito no senhor, muito mais do que deveria confiar pelo que vemos. Ou o senhor aceita o acordo ou será condenado a morte pelo regime. O que o senhor decide?

Aquele homem respira fundo. Ele sabia a importância de Caivan, o quanto ele era integro e honesto. Eles já havia lutado em muitas batalhas e aquele comandante havia feito toda a diferença para que o regime saísse vitorioso. Eles eram muito próximos e realmente Caivan confiava muito nele. Depois de ver que não teria saída, ele decide que era melhor acabar com a vida daquele comandante do que perder a sua, então ele aceita a proposta.

- Tudo bem senhor Omar, negócio fechado. Nos próximos dias eu parto para o fronte onde está o senhor Caivan e vou cumprir com o que o senhor me propôs para que o senhor destrua essas provas e esse assunto morra por aqui.

- Eu sabia que poderia contar com o senhor, senhor Hassan. Adoro negociar com pessoas do seu perfil! Diz Omar de forma sarcástica ao se despedir daquele homem.

Após aquele acordo feito com Omar, Hassan começou a se movimentar dentro o exército para conseguir se dirigir até o local em que Caivan estava. Não foi muito difícil ele conseguir autorização para se dirigir a tal localidade, pois as batalhas naquele ponto de contato estavam muito ferozes e os destacamentos comandados por Caivan estavam a sofrer baixas significativas.

Ao chegar no local em que Caivan estava, eles se encontraram para discutir a situação da batalha e as futuras estratégias de combate. Caivan ficou animado ao vê-lo e lhe deu as boas vindas, dizendo que ele seria muito importante para o sucesso das próximas missões. Algo que fez aquele tenente engolir seco, pois sabia que a sua missão naquele local era exatamente acabar com a vida daquele comandante para salvar a sua.

Durante os dias que sucederam a sua chegada Hassan buscava primeiramente conseguir coragem para atingir alguém que admirava tanto e estava a lutar ao seu lado naqueles conflitos ferozes que ele presenciava.

Por algumas vezes, ele ficou a sós com Caivan em meio aos conflitos, com chances de cumprir com o acordo que havia feito com Omar, sem levantar suspeitas de que aquele comandante havia sido atingido por fogo amigo, mas nesses momentos não conseguiu realizar o ato por falta de coragem de matar alguém que lhe tinha na mais alta confiança.

Mas, a medida que os dias iam passando, aquele exército teve que recuar pelo grande número de baixas que estavam a sofrer e começava a ser cogitada a possibilidade de retorno daquele destacamento comandado por Caivan para Raqqa, para que eles pudessem estabelecer novas prioridades e aquele grupo de soldados pudesse descansar um pouco nesse recuo.

Retornar sem cumprir com a missão dada por Omar poderia colocar a sua vida em grande risco. Então Hassan resolveu que tinha que fazer o que havia combinado. Ele acordou com uma convicção enorme de que tinha que matar Caivan naquele dia.

Em Raqqa, quanto mais dias passavam sem notícias de Caivan, mais o coração de suas esposas apertava. Aisha estava ainda mais preocupada, pois não foi possível despedir de Caivan. Em um dos dias que estava a conversar com Lina, ela disse:

- Sabe o que me deixa mais triste nessa partida de Caivan.

- O que Aisha?

- É que em todas as outras vezes eu o fazia jurar que iria retornar. Mas, dessa vez, ele foi embora e não tivemos tempo de despedir e ele não me prometeu que retornaria. O meu coração está muito pesado Lina. Parece bobagem, mas isso tinha um significado muito grande pra mim.

- Vai ficar tudo bem Aisha. Caivan é forte, inteligente, preparado e experiente. Tenho certeza que ele vai voltar pra casa. Em breve estaremos todos juntos novamente.

- Espero muito que sim. Responde Aisha com lágrimas nos olhos.

Nesse mesmo dia, Omar conversou novamente com o seu tio:

- Aquele Hassan é um incompetente mesmo. Achei que nos primeiros dias que estivesse lá ele acabaria com Caivan e receberíamos a notícia de que a nossa vingança estava cumprida. Não imaginei que fosse demorar tanto.

- Acalme-se meu sobrinho. A vingança é um prato que se come frio. Hassan não pode fazer nenhuma besteira ou poderá ser descoberto. Ele deve fazer tudo de forma bem discreta para que não levante suspeitas e isso não é algo tão fácil.

- Talvez eu esteja mesmo muito ansioso. Não vejo a hora de saber que a minha vingança foi concretizada meu tio. Depois daquele dia eu não penso em outra coisa a não ser na morte de Caivan.

- Acalme-se. Eu tenho certeza que ele vai cumprir com sua parte no trato. Afinal de contas, ele não tem outra saída, ou é Caivan ou é ele mesmo. Nesses casos, todos pensamos que é melhor o outro do que nós. Hassan vai cumprir com o que prometeu. Eu tenho certeza. Em breve receberemos a notícia de que Caivan foi morto.

- Espero ansiosamente por esse dia meu tio.

Em seus pensamentos Omar Sabia que a morte de Caivan o abriria outras possibilidades muito interessantes. Quando Caivan sair do meu caminho eu vou pegar aquela Aisha de jeito. Abrirei o inquérito contra ela novamente e a interrogarei com todo o gosto. Ela não perde por esperar. Aqueles interrogatórios que a fiz serão brincadeiras no parque em média do que vou fazer quando ela for presa novamente! Agora ela não terá a sombra de Caivan para protegê-la. Ela vai sentir a minha verdadeira fúria! Mas não vou parar por aí não, prometo que não sossegarei enquanto não ver aquela mulher morta da forma mais terrível que o nosso regime pode condenar alguém. Ela não perde por esperar!

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora