04 de agosto de 2015

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 Após aquele sonho com o seu pai a lhe surrar e a repreender constantemente por ela ter se entregado a um homem antes do casamento, Aisha não conseguiu dormir mais naquela noite. No horário de suas primeiras orações do dia, ela rezou com fervor pedindo perdão ao magnífico pelo que havia feito. O peso de sua consciência estava tão grande que estava difícil suportar. O arrependimento que ela sentia era impressionante. O que ela havia feito era algo completamente proibido em sua cultura e religião. Nem beijar um homem é permitido antes do casamento, fazer sexo é algo inimaginável.

Depois de muito pensar no que havia feito, em sua memória vieram as lembranças dos minutos depois que realizaram aquele ato. Ela lembrou que havia sentido um prazer muito grande e que estava feliz ao lado de Caivan, o que no pensamento, naquele momento, a posteriori, a deixava ainda mais triste e envergonhada com a situação. Ao se lembrar disso, Aisha começou a estapear o seu rosto, como se quisesse punir o seu corpo, por não ter se controlado naquele momento e ainda sentido prazer ao fazer algo fora das regras.

Após parar de se autoflagelar, chorando muito ela ficou ajoelhada naquele chão por algum tempo. Logo aquela mulher entrou para trazer o seu lanche matinal e ficou impressionada com o seu rosto que estava inchado, na concepção dela, de tanto chorar. Então ela disse:

- Você precisa se acalmar, não pode ficar tão desesperada assim.

- Eu não sei o que estou fazendo aqui senhora. Minha família deve estar muito preocupada comigo lá fora. O meu namorado também e eu estou muito preocupada com eles aqui dentro.

- Para te tranquilizar um pouco eu digo que o seu namorado está bem. Fique tranquila. Tudo vai dar certo.

Essa fala deixou Aisha um pouco menos desesperada. Caivan provavelmente estava bem e, certamente, faria tudo que fosse possível para retirá-la daquele lugar. Antes que ela questionasse mais sobre Caivan, aquela mulher saiu daquele espaço e a porta foi novamente trancada.

Um pouco antes do almoço, ela se recordou da despedida de Caivan no hotel, depois que eles haviam feito amor:

Na hora da partida, eu me enrolei na toalha e o levei até a porta. Como eu fiz uma coisa dessas em um quarto de hotel? Parece que eu estava maluca nessa noite. Se alguém me viu eu estou perdida. Eu ainda dei um beijo em Caivan. Foi muito bom, mas é algo muito arriscado aqui.

Ele saiu então pelos corredores, enquanto eu acenava para ele em despedida. Foi muito bom estar com ele, mas agora, que sei o que fiz, sinto uma culpa tão grande. Porque eu não senti isso naquele dia? O que aconteceu comigo que eu perdi totalmente o pudor daquela forma? Será que isso é culpa dos reflexos da cultura ocidental em minha vida? Questionava Aisha em meio aos seus pensamentos.

Ela recordou que logo que se despediu dele, foi para a cama e dormiu. Estava muito cansada depois daquele dia agitado e de ter feito sexo algumas vezes naquela noite. Diante dessas lembranças todas, novamente ela se fica a imaginar da preocupação que a sua família na Inglaterra poderia estar por ela não ter retornado.

Aisha pensou muito em Loren. Se lembrou que estavam brigadas e que não se falavam há algum tempo. Ela sentia uma falta muito grande dela. A sua irmã sempre a protegeu e queria fazer isso novamente, quando ela de forma irredutível decidiu ir para a sua terra natal.

Agora que ela está em um lugar, que não sabe onde e nem porque. Após tudo o que aconteceu, Aisha chega a conclusão de que sua irmã e sua família estavam certos de se preocuparem com a sua segurança. Essas lembranças deles a alertando dos perigos que corria a deixou ainda mais triste e ela chorou novamente por algum tempo, arrependida também por ter tomado pouco cuidado e ter dispensado Nazir, contrariando um pedido de seu pai de não ficar longe dele por nenhum minuto sequer, antes de embarcar.

Mas eu estava segura ao lado de Caivan. Pensou ela ao relembrar que só dispensou Nazir quando ele chegou. Eu preciso me lembrar o que aconteceu para vir parar aqui.

Então depois de forçar muito, ela se recorda que conversou por algum tempo com Caivan. Logo em seguida, ela se lembra que estava a tomar um suco com ele na mesa e logo depois disso, ela não se lembra de mais nada, mesmo forçando muito a sua memória.

Durante a noite ela praticamente não conseguiu dormir. Ficou brigando com os seus pensamentos para ver se eles a mostravam o que ocorreu depois que tomou aquele suco e ficou com Caivan a conversar por alguns segundos naquela mesa. Mas, essa tentativa foi inútil, ela não conseguiu se lembrar de mais nada.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora