Em maio Johnson inicia o planejamento para a viagem até a Turquia. Na segunda quinzena ele tinha em mente que partiria para aquele país, se encontraria com Nazir e caso as coisas estivessem seguras na Síria, tentaria adentrar por algumas daquelas cidades para saber informações mais precisas da situação de Raqqa.
Novamente Evelyn e Loren estavam a argumentar com ele sobre os perigos dessa viagem, tentando convencê-lo a esperar mais um pouco, mas aquele oficial estava irredutível, disse que faria de tudo para salvar Aisha daquela situação, o que desagradava aquelas duas mulheres que temiam muito pela saúde e a integridade dele.
A primeira semana daquele mês passa e Caivan não retorna. Os alimentos estavam a ficar cada vez mais escassos e se ele não retornasse em poucos dias, as suas esposas teriam que sair para comprar mantimentos, mesmo sem saber quais eram as regras vigentes para a circulação de mulheres naquele regime.
Em meio a um desespero diante da situação, Aisha chegou a questionar para Lina se elas haviam mesmo tomado a decisão certa:
- Eu não imaginava que ficaríamos tanto tempo sem o nosso esposo Lina. Será que fizemos mesmo certo de não ter ido para a casa de Omar?
- Aisha, mesmo que passemos meses aqui sem comida nenhuma, acho que estaremos em uma situação melhor do que estaríamos na casa daquele senhor. Naquele local eu vivi algo muito próximo de uma prisão com trabalhos forçados, regado a muita violência. Não se preocupe, tudo dará certo.
- Lá era tão ruim assim Lina?
- Você não imagina o quanto. Apesar de quê, pelo pouco que me contou do seu primeiro casamento, acho que pode imaginar como é ruim morar em um local em que as pessoas não gostam de você e por mais que você faça elas querem te prejudicar, reclamar das suas ações e ainda te punir sem motivos.
- Era exatamente esse o meu contexto enquanto vivi na casa do meu primeiro esposo. Eu não desejo isso para ninguém. Diz Aisha com um semblante triste.
- Eu também não Aisha. Todo dia agradeço ao magnífico por você ter aparecido para me fazer companhia e me livrar de estar naquela casa com pessoas tão maldosas. Acho que se não tivesse engravidado eu não iria suportar. Tudo que fiz foi pelo meu filho, depois que descobri que estava grávida e que estava lutando pela sua vida além da minha. Além do mais, acho que depois que engravidei aquelas pessoas tiveram um pouco de compaixão e começaram a me tratar de forma mais humana, o que me ajudou a suportar tudo aquilo.
- Posso imaginar o que passou Lina. Diante da sua fala, tenho convicção de que tomamos a decisão certa e independentemente do que aconteça, fizemos bem em não ir para a casa desse homem e sua família.
- Pode ter certeza que sim Aisha. Lá estaríamos vivendo muito pior do que aqui. Eu imagino que seja horrível viver sem comida, mas eu preferiria fazer uma longa greve de fome do que retornar para a casa daquelas pessoas.
Nesse instante Aisha engole seco. O seu coração partia quando Lina fazia essas comparações tão extremas. Era uma demonstração clara que a vida dela havia sido extremamente terrível enquanto viveu naquela casa. Lina não contava detalhes do que passou lá. Falava apenas de forma genérica que tinha que fazer muitas tarefas na casa e que era agredida constantemente, além de ser ameaçada. Mas, pelo que ela diz e suas reações ao falar sobre esse passado, a vida dela deve ter sido tão difícil quanto o tempo em que Aisha estava a viver na casa de seu primeiro esposo.
- Fico feliz que agradece pela minha companhia Lina. Eu também agradeço muito ao magnífico por te ter aqui. Sem você imagino que viver nessa terra, com esse regime, seria muito mais difícil. Você é uma excelente companhia, a qual aprendi a amar muito nesse tempo que estou aqui.
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Casamento forçado e abusivo III
Misteri / ThrillerDepois de visitar o seu país de origem e encontrar com o grande amor de sua infância Aisha tenta retornar para a Inglaterra, mas algo acontece no aeroporto e o seu destino se torna um mistério. Acompanhe a terceira a última parte dessa obra e descub...