A situação dos Yazidis

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Os Yazidis são um grupo étnico religioso que vivia no Norte do Iraque, desde tempos remotos, considerados inimigos pelo EI por suas crenças. Esse era um dos povos mais odiados por aquele regime e durante a invasão houve um verdadeiro massacre de sua população.

Parte dos habitantes daquele povo conseguiu fugir antes da chegada do EI, mas parte importante não teve condições de realizar a fuga e foi morta, presa ou escravizada. Os escravizados foram vendidos para diversas famílias ligadas ao regime em diversas partes do Iraque e também na Síria.

Os membros do regime preferiam as escravas mulheres, por serem mais controláveis, mas alguns homens mais dóceis, também foram escravizados para fazerem determinados serviços mais pesados, enquanto que outros foram utilizados para a realização de trabalhos forçados junto ao exército, especialmente no EI do Iraque.

Caivan era muito amigo de uma família do Norte do Iraque e ele já havia negociado a compra desses escravizados no passado, mas ainda não havia tido a oportunidade de retornar a aquele local para buscá-los e fechar o negócio, porque a guerra havia se intensificado em outras regiões.

Agora que precisava de proteção para as suas esposas, ele foi até o Norte do Iraque e trouxe aquele casal, de pai e filha, que teve a mãe capturada e vendida para outra família do EI, para os levar para a cidade de Raqqa.

Ao chegar em casa, Caivan apresentou Nazdan e Nádia para Aisha e Lina, ainda no quintal em frente a casa, quando elas se assustaram um pouco com a situação. O senhor Nazdan se ajoelhou para Aisha e Lina, dizendo que estava aos seus serviços.

A segunda esposa de Caivan pediu que ele se levantasse, demonstrando vergonha em seu semblante, quando aquele homem se levantou e Caivan o mostrou a nova casa em que morariam que ficava na parte da frente daquele lote.

Quando Caivan retornou para casa sozinho, Aisha assustada o questionou:

- O que está acontecendo aqui Caivan? Porque aquele senhor se ajoelhou para falar conosco daquela forma?

- Eu trouxe essas pessoas para lhes darem maior proteção Aisha.

- Esse homem agiu de uma forma tão estranha, porque ele agiu assim?

- Eu tenho que explicar para vocês que essas pessoas pertencem a um grupo muito diferente do nosso e que foi dominado pelo EI. Por esse motivo eles estavam vivendo em um regime de escravidão no Iraque.

- Você pegou essas pessoas para serem nossos escravos Caivan? Questionou Aisha ainda mais assustada.

- Claro que não Aisha. Eu já conversei com eles, mas acho que eles ainda precisam se acostumar com a ideia, já que ficaram escravizados por muito tempo. Eu os comprei para os libertar da família em que estavam. Aqui eles serão livres e os pagarei um salário digno pelos trabalhos que eles vão nos prestar.

- Eu não sabia que o nosso regime escravizava pessoas. Como pode isso ainda acontecer em pleno o século XXI?

- Infelizmente, mesmo sem minha concordância, isso acontece no nosso regime Aisha. Eles têm um ódio muito grande por esse povo, pelas suas crenças religiosas, por isso os consideram seres inferiores e que devem ser subjugados. Eu não concordo com isso e por isso os libertei.

- Você deu a liberdade para eles escolherem o que queriam Caivan?

- Claro Aisha. Assim que os libertei, disse a eles que estavam livres para fazer o que quisessem. Se quisessem partir os ajudaria. Mas, fiz também uma proposta para que, se quisessem, poderiam trabalhar comigo ganhando um bom salário. Eles disseram que não tinham para onde ir e preferiram ficar aqui conosco.

- Se for assim menos mal. Acha mesmo que podemos confiar neles?

- Eles se mostraram muito agradecidos pelo que fiz por eles. Em um primeiro momento é bom você ficar atenta. O senhor Nazdan não tem autorização para entrar na nossa casa a não ser que seja chamado. Ele sabe dirigir e acho que poderá ajudar muito a gente em caso de necessidade. Deixarei o carro na rua para que ele possa usar em caso de necessidade. Você sabe se proteger e poderá usar a arma em caso de necessidade. Mas, não vejo ameaça por parte deles nesse momento. Pelo que vi na viagem são pessoas muito boas e que estão muito dispostas a nos ajudar e retribuir o que fiz por eles. A vida deles não era nada fácil enquanto eram escravos Aisha.

- Eu posso imaginar. Diz Aisha com um semblante triste só de imaginar o sofrimento que aquelas pessoas podem ter passado depois de capturados e serem escravizados.

Mais tranquila, diante do contexto apresentado por Caivan, Aisha se juntou a Lina e elas foram fazer o almoço. Aquela família almoçou e Nádia levou a comida para que ela e o pai pudessem se alimentar na sua casa, haja vista que apenas ela poderia acessar aquele ambiente e ver as esposas de Caivan em trajes mais casuais, de acordo com os preceitos religiosos.

Por recomendações de Caivan, Nádia ficaria responsável por ajudar as suas esposas nos afazeres domésticos, enquanto que Nazdan cuidaria da segurança daquele lote, atenderia pessoas, caso alguém chamasse no portão e compraria os mantimentos e outros itens de necessidade, já que era homem e tinha maior possibilidade de poder circular nas ruas daquela cidade sem ser incomodado ou perseguido.

Após o almoço Caivan foi cumprir parte da sua sentença de condenação. Foi a praça principal e leu um documento aprovado por aquele juizado se retratando pela ação violenta que realizou contra o chefe de polícia daquela cidade. Praticamente ninguém viu essa ação, pois as pessoas que estavam a seu favor não tinham interesse em ver aquele ato e as pessoas que estavam ao lado de Omar, ficaram tão revoltados com a punição branda que nem quiseram ver aquela pena ser cumprida. Aquela leitura chamou a atenção apenas de poucas pessoas que passavam pela rua e pararam para ouvir o que aquele oficial tinha a dizer.

Na tarde daquele dia Caivan se despediu de suas esposas e entregou mais uma coisa importante para Aisha. Ele a deu um novo celular e agora não lhe recomendou mais que o deixasse desligado a maior parte do dia, tudo que ele pediu a ela foi que não ligasse para ninguém utilizando aquele aparelho, que ele deveria ser utilizado apenas para receber ligações quando ele tivesse a necessidade de entrar em contato. Ela balançou a cabeça dizendo que agiria conforme Caivan estava a recomendá-la.

Então eles se abraçam fortemente, em seguida Caivan se despede também de Lina e Mohamed. Antes que ele partisse, Aisha o questionou novamente se ele retornava, como de costume, e ele respondeu que sim. Que contava com a ajuda do magnífico para isso e partiu rumo ao quartel para em seguida ir para o campo de batalha.

Com aquele novo cenário tendo um casal a morar no mesmo lote que suas esposas para as dar suporte, Caivan ficaria mais tranquilo quanto a segurança de sua família, o que lhe traria condições de se dedicar ainda mais as necessidades daquele regime.

 Com aquele novo cenário tendo um casal a morar no mesmo lote que suas esposas para as dar suporte, Caivan ficaria mais tranquilo quanto a segurança de sua família, o que lhe traria condições de se dedicar ainda mais as necessidades daquele regime

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Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora