Após quase um mês com Lina e Aisha utilizando aquela estratégia, sem entender o que estava a ocorrer, Omar começou a suspeitar que aquelas mulheres estavam fazendo alguma ação para ludibriá-lo e conseguirem alimento.
Furioso, ele começou a se esconder para poder ver a movimentação daquelas mulheres que visitavam a casa de Aisha e pegou uma delas a entregar alimentos a aquela família, ficando ainda mais revoltado em meio a mais aquela enganação perpetrada pelas esposas de Caivan.
- Eu mato essas duas! Elas estão me enganando de novo. Quem essas ocidentais pensam que são para me afrontarem assim? Quando eu pegá-las, vou mostrar pra elas o que faço com quem tenta me enganar! Aisha e Lina, vocês não sabem com quem estão mexendo. Eu vou acabar com vocês!
Novamente ele pegou o seu carro furioso e estava decidido a chamar reforços para invadir aquela casa de vez e prender aquelas mulheres. Ao chegar na delegacia, ele encontrou com um dos seus amigos policiais e o informou sobre o seu desejo de realizar aquela operação:
- Tem duas mulheres que não estão a respeitar as regras do nosso regime. Vou fazer uma operação na casa delas e prendê-las para interrogá-las.
- De quem se trata senhor Omar?
- Tratam-se de Lina e Aisha. Elas estão a enganar o regime. Algo tem que ser feito para parar essas mulheres.
- São as esposas de Caivan?
- Sim. São essas duas ocidentais mesmo. Não respeitam as nossas regras e vou mostrar pra elas como as coisas funcionam aqui.
- Tem certeza que quer fazer isso senhor? Caivan está no campo de batalha. Tanto ele quanto os militares do exército poderão não ficarem satisfeitos em terem a mulher de um homem que está a lutar contra os inimigos presa. Se isso for feito contra as duas mulheres dele, acho que a reação poderá ser pior ainda. Como seu amigo, penso que sem um motivo muito claro e plausível, uma ação como essa é muito temerária para o senhor.
Omar fica pensativo após o alerta daquele experiente policial e diz em seguida:
- Talvez você tenha razão. Acho que devo esperar por um erro mais claro dessas duas esposas de Caivan para tomar alguma atitude. Mas, elas que não pensem que sairão impunes em caso de erro contra as regras do regime por serem esposas de quem são. Nas minhas terras ninguém está acima da Lei. Acho que vou aguardar mais um pouco antes de tomar uma atitude contra elas.
- Acho que essa é a melhor alternativa senhor. Qualquer ação sem uma prova cabal que elas fizeram algo de grande impacto social pode trazer consequências ruins para o senhor e para o departamento de polícia.
- O senhor está certo, muito obrigado por me alertar.
Mais comedido diante do alerta do amigo, Omar começou a pensar em formas de encurralar aquelas mulheres as deixando ainda mais isoladas naquela casa. Aquele oficial de polícia começou a atuar para impedir que elas tivessem qualquer contato com o mundo externo.
Nos dias seguintes, assim que alguém se aproximava daquela casa, que ia chamar as esposas de Caivan, ele as abordava, se identificava como chefe de polícia e dizia que estava proibido conversar com as mulheres daquela família. Com medo e se sentindo ameaçadas, aquelas vizinhas não retornavam mais.
Nesse contexto, com os dias passando, as visitas foram diminuindo, até que elas cessaram completamente. As duas esposas de Caivan perceberam essa diminuição, mas a priori, não conseguiram entender muito bem o que estava a acontecer.
Em um dia do começo do mês de dezembro, aconteceu algo que as deixou ainda mais preocupadas, Mohamed começou a sentir uma febre muito forte e elas não tinham a quem pedir ajuda. O frio da região nesse período, certamente, estava a impactar a saúde daquela criança que estava a ficar mais debilitado a cada dia que passava sem os remédios adequados.
Em meio ao desespero, durante o dia, Aisha chegou até a chamar algumas vizinhas que passavam pela rua, subindo em uma cadeira e as vendo por cima do muro, mas o carro de Omar estava próximo e aquelas pessoas fingiam que não estavam a ouvir o chamado dela, com medo de uma retaliação daquele chefe de polícia. Então Aisha compreendeu o que estava a acontecer:
- Aquele homem é um obsessivo, ele não está a deixar mais ninguém se aproximar de nossa casa. Reclamou ela desesperada para Lina.
- Eu já ouvi relatos na casa dele de que quando ele persegue alguém, ele não larga por nada Aisha. Por isso sempre tive medo de afrontá-lo. Estamos presas nessa casa e Mohamed só piora a cada dia.
- Precisamos fazer alguma coisa. Vamos precisar conseguir algum remédio. Mohamed está muito fraco. Vamos ter que agir de alguma forma.
- Mas, como vamos fazer isso? Se Omar nos pega, com o ódio que ele deve estar, ainda mais depois de descobrir essa nossa nova estratégia para furar o bloqueio dele, estamos mortas. Ele vai nos matar com certeza naquela prisão.
- Eu não sei se ele teria a coragem de fazer isso, sabendo que Caivan vai voltar. Se ele tivesse essa coragem ele já teria feito. Talvez nos prenda e nos dê uma severa surra para descontar o seu ódio, mas não acredito que ele chegue a nos matar.
- Acho que você não conhece a crueldade de Omar Aisha. Não o subestime. Eu conheço um pouco. Esse homem é terrível. Afirma Lina aterrorizada.
- Precisamos fazer alguma coisa. Temos que salvar Mohamed. Se ele continuar assim, vai morrer aqui e não podemos deixar que isso aconteça.
- Você consegue ver o carro dele nas redondezas?
- Sim, subindo para além do muro eu consigo.
- Temos apenas uma alternativa. Penso que ele não pode ficar aqui o tempo todo, ele tem trabalhos a fazer. Em algum momento ele vai sair. É nesse momento que temos que aproveitar para ir comprar o remédio para febre.
- É isso que faremos Lina. Nós vamos conseguir. Porque Caivan não volta logo? Precisamos tanto dele.
- Como precisamos viu Aisha. Responde Lina com um olhar triste.
Omar, como estratégia de terror, estava a deixar o seu carro na esquina e chamar outros policiais para o levar até a delegacia de polícia. Ao avistar o carro, elas achavam que ele estava lá, mas não estava. Aquilo as desesperava ainda mais e deixava aquele senhor ainda mais alegre ao notar o desespero que aquelas mulheres poderiam estar passando em suas casas, sem a ajuda de ninguém e imaginando que ele ficava a vigiá-las, mesmo quando apenas o carro dele estava naquele local.
Elas vão entender que se estivessem na minha casa estariam bem melhor. Elas vão entender agora as minhas recomendações de que não devem morar em uma casa sem um homem. Essas caipiras Ocidentais agora vão entender como as nossas regras funcionam e porque elas existem! Pensava ele, se deliciando pela situação desesperadora em que elas provavelmente estavam a passar.
E ele estava certo. A febre de Mohamed foi aumentando e ele não parava de chorar enquanto estava acordado. Aquela situação era enlouquecedora. O desespero de Lina estava tão grande que ela já estava a pensar em pedir perdão para Omar. Ir até o carro dele, se ajoelhar e pedir encarecidamente que as perdoassem, pois não estava mais a ver saída para salvar o seu filho.
Mas, Aisha era irredutível quanto a isso. Ela iria arrumar uma forma de despistar aquele senhor e comprar aquele remédio para salvar aquela criança que ela tanto amava. Não era possível que aquele homem ficaria a noite toda a vigiar aquele espaço. Mesmo que o carro dele estivesse próximo a casa durante a noite, era nesse momento que ela iria tentar sair, pois a visão no período noturno era prejudicada.
A grande questão é que era uma tentativa que teria que dar certo, pois, sair durante o dia não era algo tão condenável por aquele regime para mulheres. Mas, sair anoite era algo extremamente grave. Se Aisha fosse pega, Omar teria todas as condições de a punir com a máxima severidade, de acordo com as regras daquele regime, sem poder ser questionado.
Mesmo em meio a esse risco, ela estava decidida a tentar. Achar um remédio talvez fosse a única alternativa para salvar a vida daquela criança e sair durante o dia era algo que ela julgava que a colocasse em maior risco, pois poderia ser facilmente avistada.
Como aquele bairro era mais humilde, a iluminação em alguns pontos não era muito boa e ela julgava ter condições de sair sem que ele notasse. Aisha tinha um homem de referência que sempre vendia remédios para a família. Ela iria até a casa dele pedir ajuda durante aquela noite, caso Mohamed não melhorasse.
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Casamento forçado e abusivo III
Mistério / SuspenseDepois de visitar o seu país de origem e encontrar com o grande amor de sua infância Aisha tenta retornar para a Inglaterra, mas algo acontece no aeroporto e o seu destino se torna um mistério. Acompanhe a terceira a última parte dessa obra e descub...