05 de agosto

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 Após o amanhecer, Aisha se sentia ainda mais ansiosa. Já faziam dias que ela estava naquele lugar e não tinha a mínima ideia do porque estava lá e quando sairia dali.

Assim que aquela senhora entrou no quarto, ela, desesperada, se aproximou e disse:

- Eu preciso saber que lugar é esse.

A senhora colocou o seu lanche na mesa e quando ia sair, sem dizer nada, Aisha a pegou pelo braço e disse:

- Agora você vai me dizer. Eu não vou deixar você sair desse quarto sem me dizer o que está acontecendo.

Aquela mulher movimenta o seu braço tentando se desvencilhar, mas Aisha a segura forte. Então aquela senhora diz:

- Eu não posso te dizer nada. O que eu te disse já foi demais. Esses homens não podem saber que te disse que o seu namorado está bem. Se eles souberem eles vão me castigar.

- Por favor senhora, me diga alguma coisa. Eu não aguento mais. Tenho ansiedade. Isso aqui está me matando.

- Não posso. Se pudesse eu diria.

- A senhora vai me dizer. Afirma Aisha a segurá-la com os dois braços ainda com mais força.

- Eu não posso dizer nada. Se eu não sair desse quarto em segundos, os homens entrarão aqui e se verem você me segurando dessa forma, eles vão te castigar.

- Senhora, por favor. Suplica Aisha enquanto lágrimas começam a escorrer dos seus olhos.

- Me solte agora Aisha. O nosso tempo está acabando.

Desesperada e com medo ela solta aquela senhora, que sai do quarto e tranca a porta. Imediatamente Aisha vai para a cama e se desaba em um choro ainda mais intenso. Ela não estava aguentando mais de tanta ansiedade.

Na hora do almoço, aquela senhora entrou novamente naquele espaço e sabendo que não teria nenhuma resposta por parte dela, Aisha resolveu nem tentar um novo contato. Ela comeu, mesmo sem muita vontade e ficou a rezar para que os seus pecados fossem perdoados.

Ela já não sabia mais o que pensar. Muitas hipóteses vinham na sua mente. Será que fui sequestrada de novo? Se isso aconteceu, será que foi Sarwar de novo? O que meu pai está a pensar nesse momento? Será que esses homens vão me matar? Eu não me envolvi mais com Saleh. Será que eles ainda não me perdoaram?

Depois de muito refletir, quando já estava cansada de esperar pelo fim de mais um dia em que nenhuma novidade acontecia naquele espaço, pouco antes de anoitecer aquela porta se abre. Em vez de uma mulher, quem entra naquele espaço é um homem.

Assustada, Aisha se afastou um pouco, pensando que alguém poderia estar a entrar naquele local para castigá-la, conforme aquela senhora havia dito que poderia ocorrer caso ela fizesse algo de errado. Mas, ao olhar por alguns segundos para o rosto daquele homem, ela reconheceu, era Caivan.

Aisha abriu um sorriso enorme e foi em direção a ele para abraçá-lo, quando ele virou um pouco de lado e fez um movimento com as mãos pedindo para que ela ficasse distante. Aquela ação lhe trouxe uma sensação muito ruim.

Porque Caivan está fazendo isso? Ele nunca me tratou dessa forma. Eu estou morrendo de vontade de abraçá-lo. Pensou ela, quando ele, segundos depois, disse:

- Por favor Aisha, precisamos conversar.

- O que aconteceu Caivan? Onde estamos? Porque estou aqui?

- Eu sinto muito Aisha. Eu não pensava que isso iria acontecer. Afirma Caivan com um semblante sério e triste.

- O que aconteceu Caivan? Me diga logo, por favor? Questiona Aisha demonstrando completo desespero em seu semblante.

- Nós fomos capturados Aisha. Um grupo de religiosos descobriu o que havíamos feito através de uma denúncia e nós estamos presos por esse grupo.

Aisha se assusta e seu corpo começa a tremer. Parecia que ela estava adivinhando em seus pensamentos que a sua ação junto a Caivan poderia ter gerado aquela prisão como consequência. Então ela questiona assustada:

- Onde estamos Caivan?

- Estamos em uma região rural próxima de Kandahar Aisha. Estamos na terra em que eu estava a morar antes de você chegar no Afeganistão.

- Então isso é bom Caivan. Eles vão nos perdoar não vão?

- O que nós fizemos foi muito grave Aisha. O grupo religioso que domina essa região tem leis mais rígidas, que pune severamente o que fizemos. Diz Caivan, quando Aisha nota lágrimas a cair dos seus olhos.

O seu coração palpitou naquele momento e ela estava a suar frio. Quando questiona:

- O que isso quer dizer Caivan? Por favor, me diga logo!

- Eles podem nos condenar por adultério Aisha.

- Adultério! Questionou Aisha quase a gritar naquele espaço, demonstrando todo o seu desespero.

- Sim.

- Mas, eu não sou mais casada Caivan. Eu sou viúva. Osnin morreu.

- A questão é que o problema não está com você. Está comigo.

Após aquela fala é que Aisha ficou ainda mais pálida e desesperada. Ela parecia não acreditar que aquilo estava a acontecer. Lágrimas começaram a cair dos seus olhos, quando ela começou a balançar a sua cabeça em negação. Era muito difícil para ela acreditar que aquilo que acabara de descobrir poderia ser real.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora