A saúde de Johnson

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Muito preocupado com a dor absurda que estava a sentir no peito, Johnson ao ver que tinha uma vasilha de metal em cima de uma mesinha no centro da sala, próxima do lugar onde estava, se jogou em direção a ela e caiu no chão. Com as mãos, ele conseguiu acertar a vasilha que fez um barulho que Evelyn escutou. Ela veio correndo e encontrou o marido, respirando com muita dificuldade, no chão.

Desesperada, ela pegou alguns remédios de Johnson e colocou um dos comprimidos indicados pelo médico em sua boca, quando depois de alguns minutos, ele foi retornando a sua situação normal. Ambos estavam pálidos e com muito medo do que havia acabado de acontecer.

Ao ver que o marido já estava quase reestabelecido depois daquele grande susto, Evelin disse:

- Não dá mais Johnson, você já está adiando demais essa cirurgia. Você vai morrer se continuar a teimar assim com os médicos.

- Eu deveria ter impedido Aisha de ir para o Afeganistão ou ido com ela. O meu erro foi não ter ido com ela.

- Você estava com uma cirurgia marcada Johnson e se preparando para ela. Era impossível você ir naquele contexto. Você ter abandonado o tratamento para ir atrás dela, foi uma loucura imensa, e agora as consequências estão vindo mais fortes e você continua insistindo em teimar para adiar essa cirurgia. Até quando vai ficar brigando com o seu corpo?

- Hoje, olhando para trás, acho que deveria ter pedido a Aisha para não viajar até que eu operasse. Ela iria entender e eu iria com ela quando fosse possível. Porque eu não fiz isso? Porque eu não investiguei quem era esse Caivan?

- Nós dois sabemos muito bem o porque não fez isso Johnson. Você estava preocupado com a sua situação clínica, não tinha cabeça para mais nada. Eu também não. Mesmo assim insistimos para que Aisha não fosse e ela insistiu para ir do mesmo jeito.

- Acha que se tivesse dito a ela sobre a minha doença, ela teria adiado a viagem?

Evelin estava preocupada com a percepção de Johnson naquele momento. Ela sabia que ele estava muito frágil emocionalmente diante daquela situação. Na concepção dela, Aisha estava tão envolvida naquela viagem e no encontro que realizaria com Caivan, que dificilmente algo a impediria de ir. Nem mesmo se Johnson pedisse para que ela ficasse, porque ele precisava fazer uma cirurgia e queria a companhia dela durante a sua recuperação. Entretanto, talvez, por gostar muito do pai, esse fosse um dos poucos motivos que ela poderia ter adiado essa viagem.

Então ela prefere responder de uma forma mais amena para não magoar ainda mais o coração do marido:

- Talvez sim, talvez não. Ela estava tão decidida que é difícil saber. Mas, acho que havia uma possibilidade de ela ter ficado para te acompanhar nesse momento delicado. Aisha tem um coração muito nobre e é muito ligada a família. Por questão de saúde, acho que ela marcaria outra data.

- Era isso que eu deveria ter feito. Responde Johnson ainda mais desolado, diante daquela constatação.

- Não se sinta culpado pelo que aconteceu meu amor, pois isso não é culpa sua, nem de Aisha. Isso é coisa que estava no destino dela para acontecer.

- Pelo sim, pelo não, eu deveria ter feito isso. Mas, como não tenho muitas saídas e isso está ficando cada vez mais sério, diga a Loren para contactar aquele amigo dela. Eu vou fazer essa cirurgia. Não posso ficar mais correndo riscos. Eu preciso me recuperar logo para ter condições de ir atrás de Aisha e salvar a vida dela.

- Não vai tomar nenhuma decisão precipitada Johnson, porque eu não vou deixar. Faça a operação e só sairá do país depois que estiver completamente recuperado. Agora me diga, o que você descobriu que te causou tamanha emoção?

- Me informaram que descobriram o paradeiro de Caivan. Ele está em Raqqa e Aisha também, provavelmente, está lá com ele.

- E isso é bom ou é ruim?

- Acho que esse seria um dos piores lugares que ela poderia estar meu amor. Raqqa é extremamente fechado. As pessoas estão apavoradas com o regime. Dificilmente conseguiríamos algum infiltrado na Síria que teria coragem de se arriscar perante um regime tão sanguinário para tentar tirar a nossa filha de lá.

- Que pena. Pobre Aisha. Eu queria tanto ter ela de novo em meus braços.

- E o pior disso tudo é que depois dos atentados de Paris, está ocorrendo bombardeios constantes em Raqqa, que é a capital do EI, em retaliação ao que ocorreu.

- Meu Deus! O lugar em que Aisha está é atingido por mísseis?

- Constantemente. Eu imagino o desespero da nossa filha em meio a essa situação.

- Eu também posso imaginar. Temos que fazer alguma coisa. Temos que saber como ela está.

- Isso infelizmente vai ser muito difícil meu amor. O local que ela está é praticamente incomunicável. Ligue para a Loren, por favor. O quanto antes eu fizer essa cirurgia, terei a minha recuperação e poderei fazer mais para ter a nossa filha de volta.

- É assim que se fala meu amor. Você deveria ter feito essa cirurgia antes mesmo do término da viagem de Aisha, já estaria totalmente recuperado hoje. Afirma Evelin ao pegar o telefone e ligar para a filha.

Os exames para a realização daquele tratamento de saúde de Johnson seriam feitos nas próximas semanas e ele poderia realizar a cirurgia do coração que estava o impedindo de ter uma melhor qualidade de vida nos últimos meses.

Johnson, quando Aisha estava decidida a ir, para não preocupá-la, disse que não poderia acompanhá-la por questões de trabalho, mas sabia que teria que fazer uma preparação, inclusive tomando alguns remédios, para poder realizar a cirurgia algumas semanas depois da partida dela. Essa operação seria realizada enquanto ela ainda estivesse no Afeganistão.

Entretanto, algo invadiu os seus pensamentos, talvez, um sexto sentido de que a filha pudesse estar em risco e ele resolveu não operar. Disse que faria isso logo que Aisha retornasse do Afeganistão. A questão é que ela não retornou e ele largou o tratamento para poder fazer a viagem atrás dela, contra a opinião de todos os médicos, de Evelyn e Loren que insistiram para que ele não fosse, temendo pela sua vida. Mas, naquela altura, desesperado, Johnson se mostrou irredutível e partiu para Cabul.

Com o passar dos dias, sobre grande pressão, a situação dele foi piorando e ele escondia isso de todos. Johnson não voltaria para a Inglaterra por questão de saúde, pois queria provar para ele mesmo que tinha forças para salvar a própria filha. Mas, o fato de ter ocorrido a morte do irmão de Zalmai, todos terem o aconselhado a vir embora, Loren ter insistido muito, tendo o pedido pelo amor de Deus para que ele retornasse e cuidasse da sua saúde, o fez refletir e ele voltou para a Inglaterra, após perceber que os sintomas na noite que estava próximo a casa de Andric foram muito mais fortes do que ele já havia tido anteriormente, demonstrando que a sua situação médica estava a se agravar perigosamente.

A questão é que mesmo quando retornou, ele insistiu que não continuaria o tratamento, que buscaria saber o paradeiro de Aisha, para poder resgatá-la assim que possível. Mas, quanto mais o tempo passava o seu problema ia aumentando, com ele os riscos e a força dos sintomas. Mesmo assim Johnson se mostrava irredutível.

Agora ao saber a localização de Aisha e a dificuldade de conseguir resgatá-la no centro governamental do EI, ainda mais com a saúde debilitada que se encontrava, ele resolveu fazer logo essa operação delicada, para tentar se recuperar e ir atrás da filha em um quadro de saúde melhor, algo que foi saudado por Loren ao receber a ligação.

Imediatamente, ela entrou em contato com o médico especialista da família, que preparou o pedido dos exames e solicitou que Johnson voltasse a tomar os remédios preparatórios para a operação, pois em aproximadamente 15 dias ela poderia ser realizada.

Johnson não via a hora de poder fazer esse procedimento para ver como a sua saúde ficaria. A esperança dele é que tivesse condições de voltar a fazer treinamentos e exercícios a ponto de poder ter uma boa atuação no campo militar, para assim poder novamente ir atrás de sua filha com a saúde revigorada.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora