Caivan chega em casa

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Assim que chegou em casa, Lina logo percebeu que a blusa de seu esposo estava muito suja de sangue. Então ela questionou:

- O que aconteceu Caivan? Que sangue é esse?

Ele não quis dizer o que estava acontecendo. Estava muito nervoso para falar qualquer coisa. Então Aisha chegou na sala e assustada questionou mais insistentemente:

- O que aconteceu para você estar assim Caivan, transtornado e com a roupa cheia de sangue dessa forma, não me diga que esse sangue é de Omar? Você não atirou nele?

- Agora você me fala o nome dele não é Aisha. Por que não me disse quando te perguntei?

- Porque imaginei que você fosse fazer isso Caivan! Que você iria se prejudicar? Você atirou mesmo em Omar? Se isso aconteceu estamos todos perdidos.

- Eu fiz o que tinha que fazer Aisha. Não iria deixar esse homem te ameaçar de morte como ele fez. Tenho certeza que agora, enquanto eu estiver vivo, ninguém desse regime terá coragem de triscar uma mão em vocês, porque eles sabem que terão que se ver comigo.

- Caivan? Você matou Omar? Se isso aconteceu será preso e o que será de mim e Lina? Você pensou nisso? Questiona Aisha desesperada já a chorar.

- Não pensei em nada Aisha. Tudo que eu queria era vingança. Deixarei um dinheiro para que vocês possam se sustentar. Em alguns minutos posso mesmo ser preso. Mas, vocês estão protegidas. É como eu disse, enquanto eu estiver vivo, acredito que ninguém desse regime, que souber dessa história, terá coragem de tocar em vocês. E se tocar, quando eu sair, faço o mesmo com quem fizer isso.

- Assim você não vai resolver nada Caivan? Só vai criar mais problemas. Diz Aisha desesperada.

- E como eu resolvo Aisha? Indo pra guerra e deixando vocês aqui ameaçadas de morte por aquele homem? É isso que você deseja? Que deixe vocês aqui totalmente vulneráveis, enquanto estou a lutar para que ele tenha o poder que tem?

- Acalme-se Caivan, por favor. Pede Lina.

- Não tem como ficar calmo Lina. Eu nunca imaginei que poderiam fazer isso com vocês enquanto eu estivesse a lutar por esse regime. Eu matei muita gente para que essas pessoas tivessem esse poder e olha o que eles fazem com a minha família. Eu não quero mais. Eu não quero mais lutar por essas pessoas. Olha a situação do rosto de Aisha. Eu nem quero imaginar o que fizeram com você para você estar nessa situação. Diz Caivan a chorar e abraçar Aisha, demonstrando fragilidade.

- Já passou meu amor. Já passou. Eu estou bem. Por favor, não fique assim. Diz Aisha tentando acalmá-lo.

Caivan ficou a chorar nos braços de Aisha, a tremer de tanto ódio, por mais de três minutos. Nesse intervalo, Lina também foi abraçá-lo, lhe passando palavras de conforto para que ele se acalmasse.

Ao ver que Caivan estava mais calmo, Aisha questionou:

- Por favor Caivan, me diga o que aconteceu com Omar e por que você está com as suas roupas sujas de sangue? Eu preciso saber o que aconteceu.

- Eu entrei na sala dele Aisha e ele começou a dizer que você foi punida porque, provavelmente, afrontou os soldados e não atendeu as suas ordens. Isso procede?

- Não Caivan, eu não os desafiei. Tudo que pedi foi para que me dessem o direito de dar o meu depoimento sobre o que aconteceu. Eles queriam que eu assinasse um depoimento o qual eu não havia dado.

- Quem queria isso? Omar?

- Não sei o nome de quem estava na sala Caivan. Não gostaria de falar sobre isso. Foi muito traumático para mim.

- Quando ele disse que você mereceu ser torturada não aguentei e fui pra cima dele Aisha. Não atirei nele, mas bati muito. Minhas mãos estão doendo bastante. Não sei se ele ficou bem depois das minhas agressões.

- Espero que ele esteja bem Caivan. A família dele é muito influente, se algo acontecer com Omar eu não sei o que pode acontecer com você e menos ainda o que pode acontecer comigo e com Lina.

- Enquanto eu estiver vivo, imagino que ninguém fará nada com vocês.

Nesse instante da conversa foram escutadas batidas no portão.

Caivan questionou quem era e ouviu como resposta:

- É a polícia. Saia de casa com as mãos para cima. Somos dezenas aqui fora Caivan, queremos que você se entregue em paz.

Aquela fala assusta intensamente Aisha e Lina. Nesse instante Caivan se levanta e antes de se entregar diz:

- Eu preciso ir. Não saiam de casa nos próximos dias. Como disse, aqui estarão protegidas, pois ninguém terá coragem de tocar em vocês enquanto eu estiver vivo. O dinheiro está no mesmo lugar de sempre, recebi uma grande quantia pelas batalhas vencidas, não se preocupem quanto a isso. Se Omar estiver vivo, penso que eles vão querer me libertar em algum momento para lutar pelo regime. Se ele morrer, temo que possa ser condenado a morte! Se isso acontecer, peguem o dinheiro e fujam daqui. Esse lugar não será seguro para vocês!

Aisha e Lina, muito assustadas e emocionadas, abraçam Caivan e dizem:

- Eu te amo meu amor! Não podemos te perder agora!

- Eu também te amo Caivan. Diga para nós que ficará tudo bem!

Então um dos homens grita da parte de fora:

- Se entregue Caivan, ou teremos que invadir e não nos responsabilizaremos pela sua integridade e da sua família.

Então Caivan respondeu para as suas esposas em tom de despedida:

- Eu também amo vocês!

Em seguida ele se aproximou do portão e disse em resposta aos policiais:

- Não se preocupem, estou desarmado e vou me entregar.

Ele abriu aquele portão com as mãos para cima e se entregou, enquanto Aisha e Lina choravam desesperadas, rezando para que o esposo tivesse a oportunidade de retornar para casa em um futuro próximo.

Muitos homens pegaram Caivan com violência, o algemaram e o levaram para a delegacia, deixando Aisha e Lina ainda com o coração mais partido, por verem o esposo ser levado daquela forma.

Elas sabiam que, assim como havia ocorrido com Aisha, o que aconteceria naquela prisão, em termos de violência e tortura, era uma verdadeira incógnita e isso afligia ainda mais os seus corações, pois elas amavam tanto Caivan que não suportavam a ideia de que ele pudesse passar por qualquer sofrimento extremo durante aquela prisão.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora