Casamento forçado e abusivo III

A primeira noite a dormir com o marido

Depois de ler por algumas horas, Aisha foi para a cozinha para preparar o jantar da família. Caivan naquele instante já havia saído para o trabalho e para não incomodá-la, achando que ela pudesse estar dormindo em seu quarto, saiu sem dizer nada.

Enquanto aprontava o jantar, Lina foi para a cozinha e disse a ela que estava a preparar as suas roupas no quarto, por isso não veio ajudá-la antes. Aisha sorriu e afirmou que ela poderia ficar à vontade, que não precisava se preocupar com nada, pois estava grávida de muitos meses e caso quisesse descansar, ela faria o trabalho.

Lina a ajudou a finalizar as coisas na cozinha e ambas ficaram a esperar Caivan. Aquela jovem ainda estava muito acanhada sem saber muito bem o que poderia dizer para Aisha. Ela tinha muito medo de ser repreendida por Caivan, pois fazia, relativamente, pouco tempo que havia chegado a aquela cultura e não passou muito tempo ao lado do marido antes que ele partisse.

Ao ver a relação dura que os homens tinham com as mulheres na casa em que ficou enquanto Caivan estava fora, ela ficou um pouco traumatizada. Tinha medo de que ele agisse da mesma forma com ela algum dia, caso ela não agisse perfeitamente perante o marido. Como o seu esposo viajava muito para as batalhas antes de partir para o Afeganistão, ela, mesmo naquela época, ficava mais na casa daquela família de amigos do que na própria casa e não teve nenhum período de contato mais duradouro com o marido.

Aisha não sabia desse contexto e não entendia ainda muito bem o porque ela agia de forma tão acanhada e com um certo medo. Ela sabia que aquela cultura era extremamente fechada e que as mulheres atuavam de forma mais comedida perante os seus esposos. Mas, Caivan parecia ser muito diferente desde que era jovem e, Lina, vinda da criação de uma cultura ocidental, ela imaginava que aquela jovem pudesse ser mais moderna e estranhava as suas ações extremamente comedidas.

Um pouco mais tarde, por volta das 21 horas, depois de muitas reuniões, Caivan chegou em casa. Eles jantaram em família e logo em seguida se prepararam para dormir. Nessa noite ele dormiria no quarto de Aisha e ela não via a hora disso acontecer para que eles pudessem conversar sobre coisas que ele prometeu dizê-la assim que chegassem em suas casas.

Na Inglaterra, no início da noite, Loren foi visitar o seu pai acompanhada de Tommy. Muito emocionada assim que o viu, ela o abraçou fortemente e o questionou:

- Onde está a minha irmã pai?

- Pelo que temos de informação ela está na Síria minha filha.

- Será que não conseguiríamos retirá-la de lá pai? Questionou Loren assustada.

- Acho que isso seria muito difícil no momento minha filha. Primeiro porque ainda não temos certeza. Segundo que não sabemos se essa informação realmente procede. Terceiro que a Síria está em guerra. A região que provavelmente ela foi levada está dominada por um grupo muito radical, chamado Estado Islâmico.

Loren fica desolada após a resposta de seu pai. Em um primeiro momento, ela tentava negar que aquilo poderia ser verdade, mas com a confirmação de seu pai, qualquer negação ficou ainda mais difícil. Então, depois de refletir, ela responde:

- Não é possível que os informantes de Saleh podem estar certas. O que minha irmã iria fazer em meio a um grupo extremista como esses?

- Pelo que recebemos de informação, Aisha foi obrigada a se casar com Caivan para não morrer minha filha. Ela se deitou com ele antes do casamento.

- Eu não consigo acreditar nessa história pai. Como pode haver um lugar que ainda se pune as pessoas dessa forma. Isso tudo é muito triste.

- Também acho minha filha. Mas, é assim que funciona a cultura deles. Eu não sei como Aisha pôde se arriscar tanto. Ela sempre foi tão comedida para essas coisas. Tinha um certo receio de tudo. Mas, ficou completamente apaixonada por esse homem e perdeu a noção dos riscos.