O início da punição

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Pouco antes do amanhecer, Aisha acorda para fazer a sua primeira oração do dia. Ela pede fervorosamente para que tivesse forças para suportar a primeira parte daquele castigo.

Algumas horas depois, aquela senhora entra no quarto e a cumprimenta, lhe traz um lanche e sai daquele quarto a desejando forças, sem dizer muitas palavras.

Naquela manhã Aisha se lembrava muito da sua família na Inglaterra. Depois de tanto tempo sem contato, a saudade estava a afetá-la. Imaginar que poderia ficar o resto da vida sem vê-los cortava o seu coração, especialmente, porque ela pensava na preocupação que os seus pais provavelmente estavam a sentir pelo fato dela não ter retornado para casa.

Como estão os meus pais em meio a tudo isso sem saber o meu paradeiro? Minha mãe deve estar desesperada. Eles falaram tanto para que eu não viesse. Uma pena que não escutei ninguém. Eu não sei onde estava com a cabeça. Esse amor que sentia por Caivan sempre me deixou completamente cega.

Após algumas horas, aquela senhora entrou naquele espaço e deu um recado para Aisha:

- Senhora Aisha, os homens pediram para que a senhora se preparasse, pois a primeira parte do castigo será aplicada daqui uma hora. Por favor, esteja pronta para sair. Eles pediram que a senhora usasse as roupas da nossa cultura quando fosse sair de casa. Nós trouxemos uma delas para a senhora.

Aisha balançou a cabeça em concordância, pegando as roupas das mãos daquela senhora, quando disse em seguida:

- Estarei pronta senhora. Daqui uma hora estarei vestida de acordo com as recomendações.

- Seja forte Aisha. Tudo dará certo o final.

- Muito obrigada pelo apoio de sempre senhora.

Assim que aquela mulher saiu do quarto, Aisha retirou a roupa que estava envolvida em um plástico e notou que o seu modelo era muito diferente das vestes que estava a usar. Eles lhe deram uma roupa toda preta, que tampava também todo o seu rosto, deixando apenas a parte dos seus olhos descoberta. Certamente esse era o modelo de vestimenta que ela teria que usar na sua vida de casada quando chegasse também na Síria.

Esse modelo é muito estranho. Mas, não tenho outra saída. Terei que me adaptar a ele e a tampar completamente o meu rosto daqui pra frente, quando estiver em público. Infelizmente, essa roupa atrapalha um pouco a visão, mas tenho que me acostumar com a minha nova vida. Refletiu Aisha.

A medida que os minutos iam passando, a ansiedade e o medo de Aisha ia aumentando. Será que Osnin tinha razão ao dizer que esses homens conseguem ser mais severos do que pessoas normais na hora de ministrarem os castigos? Eu estou com muito medo. Será que vou suportar?

Naqueles minutos que antecederam a punição ela não conseguiu fazer mais nada. Tudo que ela pensava era nos castigos que recebeu em sua adolescência e o quanto as sensações de dor em seu corpo eram terríveis. O desespero ao passar por aquelas situações era algo imensurável. Era difícil saber qual a punição que ela sofreu que foi mais severa, se foi durante a ira do seu pai ao descobrir aquele livro sagrado em sua casa, ou se foi quando Osnin a castigava furioso. O que ela tinha certeza é que ambos haviam sido muito severos e que as sensações que ela viveu em meio a aqueles atos foram as piores de sua vida.

Um dos homens bateu na porta e questionou se poderia abri-la. Aisha gelou naquele instante. Parecia que ela não conseguiria responder aquele homem. O seu corpo tremeu intensamente. Ela não estava preparada para passar por aquilo, mas, não teria outra alternativa.

Quando aquele homem bateu na porta por mais algumas vezes, ela finalmente conseguiu responder que sim. Então aquela porta se abriu e os homens pediram para que ela os acompanhasse. Aisha já estava com as vestes entregues por aquela senhora, toda de preto e com a sua face toda coberta, apenas com os seus olhos a mostra.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora