Casamento forçado e abusivo III

O domingo

Johnson mesmo muito cansado, acordou logo cedo. Ele dormiu menos de quatro horas durante aquela madrugada. Preocupado com a possibilidade das informações recebidas por Aisha não serem verdadeiras, ele resolveu não contar nada para a sua esposa, sua filha e Saleh, mesmo sabendo que eles poderiam estar muito preocupados, pois ele queria ter mais indícios de que as informações recebidas na ligação eram procedentes.

De alguma forma, ele ainda não acreditava plenamente que a sua filha estava mesmo fora do Afeganistão e tinha medo de que o grupo de Zalmai tenha obrigado Aisha a dizer aquelas coisas, por algum motivo. Diante desse contexto, apenas ele e Nazir saberiam daquele contato que teve com a filha.

Aisha acorda por volta das cinco horas da manhã, faz a primeira oração do dia e se sente mais tranquila depois de ter conversado com o seu pai por telefone. Ela julgava que ele poderia estar mais calmo depois da conversa que tiveram no dia anterior.

Caivan acordou também minutos depois para fazer as suas orações. Assim que eles acabaram de rezar, ambos foram chamados por aqueles homens que estavam a vigiá-los e foram tomar o café do hotel. Em seguida eles partiram para continuar a viagem rumo a Síria, demonstrando maior tranquilidade, por estarem fora dos limites do Afeganistão e das ameaças de Zalmai.

Por volta das 8 horas, Johnson recebeu uma ligação do comandante policial da cidade de Cabul. Ele queria falar sobre as novas informações que havia recebido. Aquele oficial inglês partiu imediatamente para o local em que aquele senhor estava.

Ao chegar lá, ansioso, ele questiona:

- Novos indícios sobre o paradeiro da minha filha?

- Pelas novas informações que recebemos, a pessoa que eles achavam ser Aisha não era. Zalmai continua a procurá-la. Ele, inclusive aumentou o valor pela captura dela e prefere que ela esteja viva. Eu estou muito preocupado com a segurança da sua filha.

- Eu também estou senhor. Mas, essa informação serve de um certo alento para mim. Só de saber que ele ainda não conseguiu encontrar Aisha, já me deixa menos desesperado. Eu posso ainda encontrá-la antes e salvá-la das mãos daquele criminoso.

- Em algumas escutas que tivemos acesso, pessoas chegaram a denunciar que Aisha estava no sul do país, em um local próximo a Kandahar, mas ainda estamos checando esse fato senhor. Disseram que ela foi capturada por um dos grupos terroristas do nosso país e chegou a ser até mesmo condenada a um castigo público. A turma do Zalmai também está a verificar esse fato.

Após receber essa informação Johnson reflete: Isso procede com o que Aisha disse na ligação de ontem. Essas novas informações faz ele ter mais convicção de que sua filha estava mesmo a dizer a verdade no dia anterior. Então ele questiona:

- Como podemos checar se essa informação é verdadeira senhor?

- Aquela região é dominada por um grupo muito reacionário Johnson. Não temos acesso as áreas que ele dominam, pois, eles tem um grupo militar extremamente armado. Naquele ponto há um bolsão de um território paralelo que domina algumas tribos da região. Não recomendo que o senhor tente seguir para lá, pois seria muito perigoso.

- E como faremos para descobrir se isso é verdade?

- Estamos rastreando algumas ligações de pessoas importantes ligadas a Zalmai. Quando ele confirmar as informações, certamente saberemos senhor Johnson. Eu mantenho o senhor informado e peço que me informe também, caso saiba de mais alguma informação.

- Sim senhor. Eu irei contribuir com todas as informações que receber. Agradeço muito pelos esclarecimentos.

Ao sair daquele local, ele diz para Nazir que pelas informações passadas por aquele comandante de polícia, Aisha estava mesmo a dizer a verdade. Provavelmente, ela havia mesmo saído do Afeganistão, o que era o melhor cenário diante daquela situação. Ele afirmou que não falaria nada para o comandante sobre o que conversou no telefone com a filha, pois não confiava nele plenamente, quando aquele guarda-costas concordou com ele que nenhum daqueles militares era mesmo confiável.