Casamento forçado e abusivo III

Os primeiros dias de vida do bebê

Naquela primeira noite, Aisha ficou a olhar aquele bebê o tempo todo, enquanto estava acompanhada da sua irmã, Loren. Elas passaram aquela primeira noite juntas. Johnson e Evelyn, ao chegar a madrugada, foram para casa descansar.

Antes de sair, Johnson disse que ficaria com o seu telefone ligado a noite inteira e que ela poderia ligar a qualquer momento em caso de alguma eventualidade ocorrer naquele hospital. Ele chegou a avisar para Loren que fotógrafos ou repórteres poderiam aparecer para infortunar Aisha de alguma forma e que caso isso ocorresse ela poderia entrar em contato que ele viria imediatamente ao hospital. Loren disse para ele ficar tranquilo e que qualquer coisa entrava em contato.

Mas, aquela primeira noite foi bem tranquila. A enfermeira passava no quarto para avaliar aquele bebê e também a situação de Aisha, mas ambos estavam muito bem de saúde.

Assim que amanheceu, Aisha fez a sua reza e logo em seguida aquele bebê começou a chorar querendo se alimentar, foi quando ela o alimentou mais uma vez, ficando muito emocionada em realizar esse ato.

Enquanto amamentava o seu filho ela disse para Loren:

- Eu sonhei tanto com esse momento minha irmã! Sonhei com isso muito no meu primeiro casamento. Sonhei muito com isso enquanto estava casada com Caivan. Demorou tanto e infelizmente ele não pôde me acompanhar nesse momento de nascimento do nosso filho.

- Tudo acontece no momento certo minha irmã. Se foi assim é porque tinha que ser dessa forma. Pense que Caivan te deixou esse menino lindo e que já é muito amado por todos nós. Caivan está em um bom lugar. Lembre-se dele, sempre nos momentos bons que viveu ao seu lado, que tudo ficará mais leve.

- Você está certa. Se aconteceu agora era porque esse era o meu destino. Que bom que pude dar a luz aqui. Se isso tivesse acontecido na Síria, seria ainda mais difícil eu conseguir sair de lá com o meu filho.

- Certamente seria muito mais complicado minha irmã. Estou muito feliz que você está aqui com o meu sobrinho lindo! Tenho certeza que ele já é muito abençoado por ter uma mãe tão especial como você!

- Muito obrigada por essa força Loren. Você é a melhor irmã do mundo! Disse Aisha ainda emocionada.

Naquela noite, já se sentindo muito bem, ela recebeu alta e foi para casa. Para evitar novas manifestações indesejadas, eles preferiram a liberar naquele horário, algo incomum, para que não houvessem pessoas nas redondezas do hospital para tirar foto ou abordar a família.

Aisha foi embora no carro de Johnson, com Loren indo no seu carro também para a casa dos seus pais. Ela não queria ficar longe da irmã naqueles primeiros momentos. Loren queria dar todo o apoio possível para que ela se sentisse bem.

Aquele bebê foi registrado com o nome de Willian, uma homenagem que Aisha fez ao doutor que havia salvado a sua vida. Quando Johnson conversou com o doutor e disse que esse era um desejo de Aisha ele ficou muito feliz.

Ao chegar em casa, Aisha colocou o seu filho no bercinho que sua mãe tinha comprado, para que ele pudesse dormir e ficou por um longo tempo daquela noite o observando ao lado de sua irmã, simplesmente para o ver respirar.

Ela nunca havia sentido um amor tão grande como aquele. O amor de uma mãe é mesmo algo indescritível! Agora ela entendia o porque Lina queria enfrentar tudo para conseguir um remédio para Mohamed na noite em que ela decidiu sair para tentar salvar a vida daquela criança. Por um filho, por muitas vezes, uma mãe é capaz de tudo.

Nos primeiros dias após o nascimento Aisha não largava um minuto sequer aquele lindo bebê. Ela estava encantada com a possibilidade de ser mãe, algo que ela havia sonhado durante toda a vida. A sua emoção era tão grande, que ela até esqueceu dos problemas.

No terceiro dia, Loren teve que ir trabalhar, deixando Aisha acompanhada dos seus pais. Eram naqueles momentos em que ficava sozinha em seu quarto e que seu bebê estava a dormir, que ela lembrava da situação de Lina e aquilo lhe trazia uma tristeza e melancolia. Como será que está vivendo Lina com aqueles dois filhos? Pensava ela. E como será que está Nádia. Espero muito que elas estejam bem! Que saudade do pequeno Mohamed, Willian se parece tanto com ele. Certamente será amado por mim conforme amo aquela pequena criança. Desejo muito que eles estejam todos bem, mesmo não tendo muito expectativa de que essa seja a realidade.

Eu ainda cumprirei a promessa que te fiz Lina. Eu ainda vou te resgatar desse regime e te trazer de volta para a Europa. Trarei você e Mohamed. Tudo que eu preciso e sair desse resguardo, que moverei todas as minhas forças para poder te encontrar e te trazer de volta. Eu não vou te desamparar. Nem você nem Nádia. Eu prometi e vou cumprir. Reafirmava ela em seus pensamentos.

E assim, aquela semana foi passando. Aisha alternava entre momentos de felicidade e de tristeza, mas com o seu filho a maior parte do tempo em seus braços, a maior parte do tempo era de alegria. Por algumas vezes na semana Loren passava em sua casa para ver se estava tudo bem com o bebê Willian. Era uma tia muito coruja.

A saudade que sentiu de Aisha durante todo aquele tempo que ficaram longe também a trazia uma necessidade ainda maior de estar presente naquela casa, para ficar o maior tempo possível na companhia de sua irmã que tanto amava.

Evelyn também estava encantada pelo fato de ser avó. Ela dava todo o apoio que Aisha necessitava e ficava com aquela criança por uma boa parte do dia. Aquela era uma nova realidade tanto para ela quanto para o seu esposo, que estavam muito alegres por terem aquela oportunidade de terem a companhia de sua filha e seu neto, que movimentaram aquela casa novamente.

Todos estavam muito felizes com aquele contexto. Willian a cada dia se mostrava mais esperto e felizmente estava demonstrando ter muita saúde naqueles primeiros dias de sua vida. Os repórteres ao verem que não estavam tendo espaço, pois ninguém falava do nascimento do filho de Aisha, pararam de importunar temporariamente e os dias foram passando com uma certa normalidade naquele apartamento.

Willian trouxe para Aisha um sentimento de renascimento, de vida, um sentimento que era muito importante para ela depois de tantas perdas que teve nos últimos dias que passou na Síria.

- Com você meu filho, eu consegui voltar a sorrir de novo! Eu consegui sentir um amor tão forte o quanto senti pelo seu pai! Você foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido nesse momento! Muito obrigada por nascer, muito obrigado por existir, muito obrigado por respirar! Muito obrigado mais uma vez magnífico, por me trazer essa oportunidade de sentir um amor tão grande e genuíno de volta! Estou muito feliz nesse momento de minha vida e grande parte dessa felicidade é por sua causa meu amado Willian. Dizia Aisha baixinho, emocionada, para o seu filho, enquanto ele olhava para ela atentamente, sem entender o que ela dizia, obviamente, mas conseguindo sentir de alguma forma todo o amor que estava sendo transmitido naquele ato e, de alguma forma, naquelas palavras.