Casamento forçado e abusivo III

Os dias seguintes

 Ainda naquela noite, assim que chegou do trabalho, Alexsander entrou em contato com Johnson e os dois conversaram sobre a situação de Aisha:

- Eu sou Alexsander senhor, um dos enteados de Aisha e minha mãe contou tudo o que aconteceu. Eu sinto muito.

- Todos nós sentimos Alexsander. Aisha me falou muito bem sobre você.

- Eu gosto muito de Aisha senhor. Desde quando eramos mais jovens, ela tinha um carinho incomum por nós. E nessa visita o que ela fez pela nossa família é algo que jamais terei como retribuir.

- Fico feliz que a veja dessa forma.

- Eu estou disposto a largar o meu emprego senhor, para começar as buscas por Aisha imediatamente.

- Alexsander, isso não vai complicar a sua vida de alguma forma? Já estamos na busca dela eu e Nazir. Além disso, temos os policiais e o exército nos ajudando nessa busca.

- Eu não confio nos policiais daqui senhor. A maioria dos sequestros que ocorrem na região tem o dedo desses policiais.

- Nazir já me disso isso. Que os policiais estão dentro desse sistema de corrupção, agindo pelos seus próprios interesses.

- Só de eles nos colocarem como suspeitos, já demonstra que eles não estão a procura da verdade senhor. Eles estão em busca de alguém para culpar. Algo que, infelizmente, é muito comum aqui no nosso país.

- Eu já conversei com o delegado e você e a sua família podem ficar um pouco mais tranquilos. Fui firme com ele e disse que iria na televisão caso ele continuasse com essa linha de investigação. Ele prometeu que agiria de forma mais tranquila quanto a situação de vocês.

- Muito obrigado por isso senhor. Acho que essa ação pode ajudar ele a atuar de forma mais correta no caso.

- Mas, eu não sei se é uma boa ideia você participar conosco de uma busca assim. Poderemos passar por situações de muito risco diante dessa busca. Nós temos treinamento, você ainda não.

- Para resgatar Aisha, depois de tudo que ela fez pela gente senhor, eu assumo qualquer risco. Eu quero salvar Aisha, independente de qualquer coisa. Como eu disse, não tenho como pagar o que ela fez por nós, senhor. Ela agiu de forma completamente espontânea. Eu daria a minha vida para salvar Aisha. Diz Alexsander emocionado naquele momento.

- Muito bonita essa sua fala Alexsander. Vamos fazer o seguinte, já que você insiste, eu vou te contratar para me ajudar nas buscas. Enquanto eu estiver aqui eu pagarei para você o mesmo valor que recebe na sua empresa. Assim não terá nenhum prejuízo.

- Eu ficarei extremamente feliz em ajudar senhor. Nós vamos encontrar Aisha.

- Vamos sim. Com a sua ajuda tenho certeza que teremos condições ainda melhores de encontrá-la.

- Muito obrigado senhor. Amanhã mesmo vou a empresa dizer para eles que terei que encerrar o meu contrato. Assim que puder, o senhor me informa, que nos encontramos e começamos a busca.

- Obrigado pelo apoio Alexsander. Um grande abraço!

- Um grande abraço senhor Johnson!

Quando aquela ligação foi encerrada, Johnson ficou extremamente emocionado com as falas daquele jovem. Aisha tinha uma capacidade muito grande de gerar empatia nas pessoas. A fala de Alexsander quanto a possibilidade de dar a sua vida para salvar a dela, foi algo realmente muito forte.

Johnson, antes de dormir, entrou em contato com Evelyn e lhe contou os detalhes da busca. Logo em seguida, ele ligou para Loren e ela ficou muito emocionada no telefone, quando ele prometeu novamente que traria Aisha de volta.

Naquela noite ele dormiu pouco. Johnson estava extremamente ansioso para descobrir novas informações sobre aquele caso. Ele estava preocupado com o desenrolar das investigações comandadas por aquele delegado o qual ele ainda não tinha confiança de que estava a buscar solucionar o caso de sua filha.

Na segunda-feira Alexsander foi até a sua empresa e pediu demissão. Logo em seguida, ele se encontrou com Johnson e Nazir, ocasião em que lhe foi dito quais eram as principais linhas de investigação e o que eles haviam descoberto sobre o caso. A maioria das ações que eram realizadas naquela busca, daquele momento em diante, teriam a participação daquele novo membro do grupo.

Nesse mesmo dia, toda a família de Sônia, incluindo Alexsander foi interrogada, mas, o delegado já preocupado com as falas de Johnson, atuou com cordialidade e ao final daquelas conversas, afirmou que retirou deles o status de suspeito, pois, julgavam não haver indícios de participação deles no caso.

Essa fala deixou toda a família mais tranquila e Johnson também. Ele achava que com aquela medida, estava bem claro que o delegado sentiu a pressão depois de sua fala e provavelmente não tomaria ações no sentido de atrapalhar as investigações ou culpar alguém sem provas.

Os dias foram passando e o desespero da família de Aisha ia aumentando a medida que ninguém entrava em contato para pedir um resgate ou passar qualquer informação sobre aquela jovem. O exército trocava contatos com Johnson sobre novas descobertas, mas, elas não levavam a novos indícios importantes de onde ela poderia estar.

Johnson chegou a conversar com diversos militares que trabalharam ao lado de Caivan enquanto ele esteve no exército e eles eram unânimes em dizer que ele era uma das pessoas mais inteligentes, disciplinadas e bondosas que eles já haviam conhecido no Afeganistão. Essas falas o deixavam extremamente surpreso. Como alguém com essas características poderia fazer mal a uma pessoa como Aisha? Questionava ele em seu interior.

No decorrer da segunda semana, Johnson recebeu um relatório sobre os dados de navegação de Caivan, em suas conversas com Aisha e aquelas informações o assustaram de forma profunda. Ele se utilizava de métodos hacker para poder diversificar a origem do seu IP, o que dificultava ou se tornava quase impossível descobrir qual era a localização de origem dos seus contatos.

Tudo que passava na cabeça de Johnson era porque ele agia daquela forma. Todas as postagens do perfil de Caivan foram enviadas em um relatório para ele, imagens postadas, conversas com Aisha. Mas, nada daquilo dava indicativos para descobrir o paradeiro daquele homem e o que ele fazia de sua vida.

Após ter acesso a esses dados, ele buscou novamente os soldados do exército americano que serviram com Caivan e foi informado que aquele jovem tinha uma facilidade muito grande de trabalhar com computadores e tecnologia. Essa fala chamou ainda mais a atenção de Johnson, mas ele parecia não conseguir avançar nas suas buscas.

No decorrer daquela semana ele participou de algumas entrevistas em rádios regionais e em canais de televisão, contando um pouco da história de Aisha, de sua vida na Inglaterra e do orgulho que sentia da filha, suplicando para que se as pessoas tivessem alguma informação sobre o paradeiro dela entrassem em contato com a delegacia principal da cidade, responsável pelas investigações.

Essas ações de Johnson junto a mídia fizeram o assunto aparecer de forma mais intensa nas mídias do Afeganistão, o que despertava a curiosidade das pessoas e, ao mesmo tempo, agitava aquela delegacia, com ligações de pessoas que passavam informações, principalmente, falsas sobre o paradeiro daquela jovem. Receber a informação de que denúncias foram checadas e que se tratavam de informações falsas buscando algum tipo de recompensa, deixava Johnson ainda mais ansioso.

Mas, a medida que os dias iam passando o desespero de Johnson e do restante da família ficava cada vez maior. Ainda naquela semana, ele recebeu informações mais precisas sobre o paradeiro de Caivan nos últimos anos. Foi confirmado que ele estava a atuar na Síria e no Iraque, em uma parte que foi dominada posteriormente pelo Estado Islâmico. Essa descoberta o assustou. Se Caivan estava mesmo nesses pontos, ele poderia estar a trabalhar para esse grupo e caso essa hipótese se confirmasse, resgatar Aisha poderia ser ainda mais difícil.