Casamento forçado e abusivo III

Omar retorna a casa de Caivan

Nas primeiras horas do dia, alguém bate no portão da casa. Nádia vai atendê-lo e nota que era Omar que estava naquele local, fazendo o seu coração bater mais forte.

Assim que ela abre o portão, Omar entra sem demonstrar qualquer respeito, sem dizer uma só palavra. Logo que entra na casa ele encontra Lina sentada no sofá e questiona:

- Alguma notícia de Aisha?

- Não senhor. Infelizmente não tenho nenhuma notícia dela.

- Essa aqui é a filha do homem que a levou daqui? Questiona Omar, apontando para Nádia com um olhar furioso.

Lina ficou sem saber o que responder, mas ao ver que aquele homem se aproximava, com medo, disse:

- É ela sim senhor. Mas, ela não tem nada haver com isso. Nádia é apenas uma menina.

- Eu outros tempos eu arrebentaria ela aqui mesmo para pagar pelo erro do pai de levar uma criminosa para fora dessas terras. Mas, serei um homem bom, pelo menos por enquanto. Diz aquele homem com um olhar severo para Nádia, que engole seco.

- Por favor senhor, ela não tem nenhuma culpa de nada. Poupe Nádia. Tenha piedade. Suplica Lina.

- Vamos ao que interessa Lina, depois do tempo em que Aisha fugiu, dificilmente vou conseguir capturá-la. Uma parte dos meus planos se foi, mas o outro persiste. Ou você me dá o que eu quero ou te levarei presa daqui. O que você decide?

- Podemos fazer um acordo senhor.

- Você não está em condições de fazer exigências Lina.

- Não farei exigências e sim pedidos senhor. Farei pedidos e se o senhor atendê-los, lhe transformarei no homem mais feliz desse mundo. Disse Lina tentando virar aquele jogo.

- E que pedidos seriam esses Lina?

- Eu quero ir ao enterro do meu marido. Quero que o senhor me prometa que dará proteção a mim e aos meus dois filhos e que levará Nádia conosco e a protegerá. Se me prometer essas três coisas, me caso com o senhor e serei a melhor esposa que o senhor poderia ter na vida!

- A proposta é tentadora Lina. Mas, você não acha que está fazendo exigências demais?

- Nada disso que pedi lhe trará custos senhor. Tudo que tem que dar a nós é proteção e dignidade. Eu lhe garanto que serei uma excelente esposa e realizarei todos os seus desejos.

- Não sei se você merece isso depois de tudo que me fez.

- Eu era casada senhor, não poderia ter feito nada de diferente, sobre pena de ir para o inferno e levar o senhor também.

- Poderia sim Lina. Você não cumpria as minhas vontades enquanto estava na minha casa. Nem as menores. De qualquer forma, como sou um bom homem, podemos fechar um acordo. Mas, será do meu jeito. Eu prometo que cuidarei dos seus dois filhos, não os maltratarei. Darei proteção para vocês duas e autorizarei que vá até o enterro do seu marido. Mas, com uma condição.

- Que condição senhor?

- Eu prometi durante muito tempo que você iria implorar para se casar comigo Lina. E tudo que eu prometo eu cumpro. Faça isso e fecharemos o acordo.

Lina se sentiu muito humilhada com aquela proposta do senhor Omar, mas sabia que não teria escolha. Se ela não fizesse o que aquele senhor estava a ordenar, ela seria presa, poderia ser condenada, perderia o contato com os seus filhos e com Nádia. Ela tinha que se sujeitar a ele. Omar estava com um olhar passivo, mas muito feliz, esperando ela se submeter completamente as suas vontades.

Então ela diz:

- Tudo bem senhor. Farei cumprir a sua profecia.

Ela entregou Mohamed para Nádia e mesmo com dificuldades, por estar com a barriga enorme, se ajoelhou aos pés de Omar e disse:

- Eu te peço perdão por tudo que fiz senhor. Te peço perdão se em algum momento não atendi as suas ordens. Te peço perdão se o senhor se sentiu em algum momento rejeitado. Nada disso foi a minha intenção. Por favor, me aceite como sua esposa. Me aceite em seus braços. Me aceite, é tudo que te peço. Suplicou Lina, enquanto lágrimas caíam dos seus olhos, por um misto de sentimentos, o maior deles, o de humilhação ao fazer todo aquele ato para se proteger e proteger os seus filhos. Nesse instante ela percebeu que uma mãe é realmente capaz de fazer qualquer coisa pela sua prole e se sentiu ainda mais triste pelo que fez com os seus pais. No seu pensamento, todo o sofrimento que estava a passar naquele momento e que tenderia a passar no futuro se casando com um homem tão mal e sanguinário, era um castigo do Universo pelo mal que havia feito aos seus pais ao fugir sem deixar pistas.

Omar sorridente respondeu:

- Eu não deveria aceitar o seu pedido e sua súplica Lina. Mas, como disse, sou um bom homem. Eu vou te perdoar. Arrume as suas coisas. Partimos agora mesmo. O seu marido deve ser enterrado amanhã. Lhe levarei ao enterro e deixarei que você ganhe esse bastardo que já está para nascer. Terá 40 dias de descanso. Logo após esse prazo nos casaremos e será minha! Não se preocupe com a minha aparência e com a falta desses dentes aqui na frente. Isso foi uma promessa que fiz que enquanto não visse Caivan morto, não colocaria implantes. Agora que ele morreu, certamente, arrumarei os meus dentes e no dia do casamento terá um marido mais bonito para poder se deitar Lina. Eu estou muito feliz. Não vejo a hora desse dia chegar. Finaliza aquele homem a sorrir.

Se faço isso é pelos meus filhos e por Nádia. Preciso de proteção e que eles sejam protegidos. Não posso entregá-los a própria sorte. Poderei viver o inferno nas mãos desse homem sanguinário, mas os meus filhos terão a proteção que preciso nesses tempos de guerra e nesse momento, tudo que devo fazer é lutar pela vida deles e é isso que vou fazer, mesmo que a minha vida daqui pra frente se torne insuportável! Refletiu Lina, antes de se levantar com dificuldades, para preparar as suas coisas, sabendo que novamente pararia na casa daquele homem que tanto havia a maltratado no passado, juntamente com outros moradores daquela casa, que não ficavam para trás quando o assunto era maldade.