Uma noite de terror

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Era madrugada e havia passado pouco mais de uma semana que Caivan havia partido para o campo de batalha. Aisha estava a dormir em seu quarto e Lina no quarto dela, quando sons de estrondo próximo a acordaram, lhe causando um pavor extremo.

Aisha se levantou em uma velocidade muito grande e enquanto aqueles estrondos persistiam, ela correu em direção ao quarto de Lina para saber o que estava a acontecer. Ao abrir a porta, Lina já estava em pé, encostada na parede, enquanto outros sons de estrondos eram ouvidos, alguns mais próximos e outros distantes.

Aisha a questionou gritando:

- O que está acontecendo?

- São mísseis do exército inimigo Aisha. Eles estão atacando a cidade de novo. Já haviam feito isso há alguns meses, agora parece que retornaram.

- Minha nossa. Isso é muito aterrorizante. O que podemos fazer para nos proteger?

- Em meio a bombardeios só podemos fazer duas coisas, nos aproximarmos das portas, onde são os lugares que temos uma chance maior de se salvar caso a casa seja atingida e rezar para que eles não atinjam a nossa casa. É o que temos a fazer.

- Então as duas se juntam abraçadas a agachadas na porta daquele quarto e ficam a rezar para que aquele terror se encerrasse rápido.

No tempo em que estavam a rezar, uma bomba explode bem próximo de suas casas, faz um estrondo absurdo e elas notam tudo a tremer. Aisha se desespera e começa a chorar:

- Acho que nós vamos morrer Lina. Eu nunca senti tanto medo em minha vida.

- Acalme-se Aisha. Temos que ter fé. Daqui alguns minutos esses aviões param de rodar e tudo voltará ao normal. Isso já aconteceu outras vezes. É aterrorizante, mas se for a nossa hora nós vamos morrer, se não for, tudo ficará bem.

- Eu já havia escutado bombardeios no Afeganistão enquanto estávamos em fuga, mas eles eram distantes. Nunca imaginei que fossem tão aterrorizantes quando se está na região em que se está sendo atingido.

- É muito terrível, mas é como te disse, não há muito o que se fazer a não ser rezar e se posicionar em um ponto menos vulnerável da casa. Estamos fazendo o que deve ser feito, o resto é com o magnífico.

Aisha então reza ainda com mais fé para que aquele bombardeio cessasse logo. Muitos pontos estavam sendo atingidos naquela cidade. Sirenes tocavam e a sensação de terror ficava estampado no rosto delas, mas Lina, que já havia passado por isso outras vezes, mesmo com muito medo, tentava se controlar e acalmar a sua companheira.

Aquele ataque durou por mais de uma hora, com explosões sendo ouvidas em várias partes da cidade. Alguns deles foram em prédios da rua em que elas moravam, fazendo tremer toda a casa e o chão, tão grande era a violência daqueles impactos. Quando tudo parou, Aisha sentiu um alívio muito grande e agradeceu por estar viva e por Lina também estar bem.

No restante daquela noite, nenhuma das duas conseguiu dormir mais. Em estado de alerta, elas ficaram no quarto de Lina até que o dia amanhecesse, com Aisha questionando a ela se da primeira vez que passou por essa situação ela teve muito medo, quando aquela jovem disse que sim, mas que com o tempo foi se acostumando, entendendo que não tinha muito o que fazer, por estar vivendo em um contexto de guerra.

De uma certa forma, Lina parecia ser muito vulnerável, mas, por outro ela demonstrava muita força e fé, o que impressionava Aisha perante algumas situações. Cada dia mais Aisha admirava aquela jovem. Além de ter um coração muito nobre, tentando tranquilizá-la naquela situação limite, ela ainda teve o carinho de se posicionar de forma que as duas ficassem juntas para que ela, que passava por aquela primeira experiência com aquele fato aterrorizante, se sentisse mais protegida e acolhida.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora